quinta-feira, 22 de julho de 2010

Neocolonialismo: Novamente a partilha da África retorna aos palcos da economia


Novamente a África volta a ser alvo do colonialismo “extrangeiro”.


Como no passado, em especial do meio para o final do século XIX, o velho continente volta a ser partilhado pelas grandes pontências através de suas multinacionais e grupos de investimentos. Governos e fundos de investimento estão em processo acelerado comprando terras agrícolas na África e Ásia. O negócio torna-se extremamente lucrativo ao pensarmos no impulso tecnológico agricola e a possibilidade de plantio em terras cada vez mais áridas, associados ao crescimento elevado da população mundial e dos preços dos alimentos.


No entanto, este jogo de compra de terras está sujeitando países sem improdutivos e de frágil economia a se sujeitarem por necessidade a este novo modo de “dominação”.

Como a conhecida premissa econômica, toda crise tem seus ganhadores, um grupo de empresários do ramo agrícola esteve reunido na Global AgInvesting 2009, a primeira conferência de investidores do emergente mercado mundial de terras agrícolas. Reportagem de Horand Knaup e Juliane von Mittelstaedt, no Der Spiegel.


De acordo com a maioria dos cenários realizados, em 2050 deverá haver 9,1 bilhões de pessoas vivendo no planeta terra, se levarmos em consideração que nos próximos 20 anos a demanda mundial por alimentos deve aumentar 50%. Um cenário extremamente que nos denota tanta tristeza para os homens e mulheres presentes na feira, não poderia haver notícias melhores, afinal no mundo capitalista o que impera é o capital e sua multiplicação, e este é um investimento que chega a gerar de 20 a 30% de retorno ao ano.Este rentável mal em pouco tempo termirnará na mão de poucos e consequentemente em um possível monopólio , o que ressalva o medo dessa prática predatória.


Estes homens e mulheres, não são corretores de Wall Street, tampouco investidores agressivos, trata-se de conservadores que compram e ou arrendam terras para agricultura ou agropecuária. A terra cara e escassa nos países desenvolvidos, nos países com grande abundância de terras e defecit monetário, tornam as terras aráveis de continentes periféricos baratas.


Um exemplo prático ocorre na África do sul, em sua sala Susan Payne de origem britânica, é diretora-executiva do maior fundo de terras da África do sul, que atualente possui 150 mil hectares em especial na África do sul, Zâmbia e Moçambique.Com uma ótima oratória, a todo momento falando sobre acabar com a fome e fazer o bem, no entanto apresenta em um de seus slides apresenta o seguinte slogan: ““África – a última fronteira para encontrar alfa”. A palavra “alfa” significa um investimento para o qual o retorno é maior do que o risco. A África é o continente alfa.”


A terra fértil comprada pelo fundo varia de 350 a 500 dólares nas regiões africanas supracitadas, cerca de um décimo do preço do EUA e Argentina.


Susan acaba de criar um sub-fundo que incluiu não apenas gerentes de fundos hedge e executivos da agroindústria, mas também representantes de grandes fundos de pensão e diretores financeiros de cinco universidades, incluindo Harvard.

Milhares de fundos de investimentos, de grandes a pequenos, começaram recentemente a recorrer à fórmula mais básica do mundo: as pessoas precisam comer.

Como citado no texto observamos claros exemplos de administradoras americanas .A administradora de investimentos norte-americana BlackRock, por exemplo, estabeleceu um fundo de agricultura de US$ 200 milhões, e separou US$ 30 milhões para a aquisição de terras agrícolas. A Renaissance Capital, companhia de investimentos russa, adquiriu mais de 100 mil hectares na Ucrânia. O Deutsche Bank e o Goldman Sachs investiram seu dinheiro na criação de porcos e galinhas na China, investimentos que incluem os direitos legais sobre a terra.

Os alimentos cada vez mais vêm sendo considerados o novo petróleo, no entanto melhor do que o petróleo, pois este é renovável.

O preço dos grãos chegaram ao auge em 2008, então veio a segunda crise de 2008, a crise econômica. Dois medos – o medo da fome e do medo da incerteza – convergiram, desencadeando o que alguns já chamam de segunda geração do colonialismo.

Seria uma crise com resulação Keneysiana, uma recessão que geraria investimentos futuros? Pelo o que podemos constatar não é isso que ocorre, os países estão cada vez mais prontamente permentindo serem conquistados.O primeiro-ministro da Etiópia disse que seu governo está “ansioso” para oferecer acesso a centenas de milhares de hectares de terras agrícolas. O ministro da agricultura da Turquia anunciou: “Escolham e peguem o que quiserem”. Em meio à guerra contra o Taleban, o governo paquistanês investiu em sua autopromoção em Dubai, buscando seduzir os xeiques com redução de impostos e isenção de leis trabalhistas.

No entanto o que percebe-se é uma esperança por parte destes países de deste modo possam atingir o desenvolvimento no setor agrícola que por sí só jamais conseguiriam.E na melhor das hipóteses, esta poderia ser uma situação em que todos ganham, com lucro para os investidores e desenvolvimento para os pobres.

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