segunda-feira, 28 de dezembro de 2009

Entrevista clássica - Milton Friedman - 2/3

Segunda parte da entrevista com Milton Friedman.

quarta-feira, 23 de dezembro de 2009

Entrevista com Luiz Gonzaga Belluzzo - Crise Econômica


Recentemente, o senhor afirmou que o capitalismo passa por seu momento mais frágil desde o pós-guerra. A crise que se desenhou foi grave assim?

É grave e não podemos brincar com ela. A forma acelerada como o emprego encolheu no mundo e o volume ao mercado financeiro que vimos foi inédito no pós-guerra. O governo da Inglaterra anunciou que vai dar seguros para quem tem hipoteca imobiliária a fim de garantir que os donos das casas possam permanecer em seus imóveis. Então, com todos estes fatores no cenário, não há porque subestimar o tamanho da crise. Quem entende do assunto montou um pacote de intervenções sem paralelos. Os bancos comerciais com medo de emprestar as indústrias e, agora, o Federal Reserve (banco central dos Estados Unidos) avalia fazer empréstimo diretamente as empresas a fim de evitar um colapso da economia.
Portanto, não dá para ficar especulando sobre quando a crise vai passar. Pode até ser que passe rápido, mas somente se os governos nacionais agirem com vigor, intervindo na economia. Neste momento, os únicos agentes que podem intervir para evitar uma catástrofes são os governos.

Os instrumentos dos governos são suficiente para estancar a crise? Há disposição política de usá-los?

Sem a ajuda dos governos, acredito, que teremos uma catástrofe completa. Com intervenção, no entanto, será ruim, mas não catastrófico. Se você olhar o mercado americano, por exemplo, as famílias e os bancos estão reduzindo suas dividas. Não querem gastar mais. So pagar as dividas antigas. Se todos fazem isso ao mesmo tempo a economia vai para o buraco. É o chamado paradoxo da desalavancagem. Economia é uma coisa simples, as pessoas que complicam muito. O fato é que, se todos decidirem poupar ao mesmo tempo, a economia pára. Afinal, o gasto de um é a renda de outro. Se a empresa não gasta contratando, pagando salários. então os trabalhadores também não tem o que gastar.
Agora, se as ações dos governos centrais forem efetivas, no sentido de garantir o credito e investimentos público, então é possível o cenário se regenerar. Isto não ocorre de uma hora pra outra. Mas, aos poucos, se bancos e empresas perceberem que a há melhor perspectiva para investir e lucrar, então há uma retomada da confiança e a economia vai voltando aos trilhos. Mas, para isso acontecer, ainda há muito chão para percorrer. O presidente do banco Central (Henrique Meirelles) falou sobre isso recentemente. Ele disse que as pessoas , antes, estavam em pânico com a inflação e , agora estão em pânico com a crise. A saída é controlar o pânico, retomar a confiança.

No caso do Brasil, o governo deveria ser mais ousado?

Não há duvidas. O momento exige baixar os juros, diminuir impostos que incidam sobre a classe media, garantir o credito para as empresas e colocar dinheiro em setores como o mercado imobiliário e a industria automotiva. O setor imobiliário, por exemplo, viveu um crescimento muito rápido nos últimos anos, mas nada comparável a uma bolha. E, diferentemente dos Estados Unidos, quem compra casa no Brasil está na maioria das vezes, atras de seu primeiro imóvel.
Em econômica, sabemos que há dois setores que têm um comportamento preponderante no ciclo econômico: os automóveis e a construção civil. Para cada real que você gasta neste setores, movimenta outros 2,5 ou 3. Então, é hora de bancos com a Caixa Econômica Federal investirem mais credito imobiliário, liberar dinheiro para a classe media comprar, dar subsidio mesmo, flexibilizar regras. Depois que a crise passar, você avalia como vai recapitalizar a Caixa. Mas no momento é preciso agir.


Belluzzo diz que a crise financeira é grave, mas o Brasil pode atravessá-la sem grandes traumas e se o governo intervier com energia na economia. Belluzzo defende corte de impostos, baixa nos juros, garantias de crédito as empresas e mais recursos a disposição de setores estratégicos, como o mercado imobiliário e a industria automobilística.

Acredito (Gustavo) que estamos no caminho correto, o governo poderia ser mais rápido e deveríamos buscar uma desburocratização. Os cartórios, por exemplo, ajudam, mas, ao mesmo tempo são resquícios coloniais que poderiam ser melhorados. Muitos são praticamente inuteis e lentos. Há burocracia demasiada, as leis confusas e um governo sem rumo, é o que eu vejo. Ocorreu uma certa movimentação, mas, Brasília, pra mim, continuou a mesma fanfarra de sempre. Senadores e deputados trabalhando o mínimo necessário e sem reformas de grande porte. Podemos mudar e conseguir um crescimento industrial inteligente e estruturado. Mas, nossos políticos são preparados? Creio eu que na "Republica das Bananas" ficará tudo a mesma coisa.

segunda-feira, 21 de dezembro de 2009

Construção Civil


O mercado de construção civil na primeira metade de 2008 era um dos principais responsáveis pelo crescimento econômico brasileiro. Com a crise, o setor que estava fortemente valorizado perdeu muito espaço. A retração foi vista também em 2009 - dados do PIB trimestral divulgado este mês apresentam uma queda de 8,4% em relação ao mesmo período de 2008. Nos dois primeiros trimestres a retração foi de 9,6 e 9,3%.
Porém, esses dados negativos podem não refletir a realidade. Um primeiro ponto a se analisar é o fato de que, apesar da queda, houve uma melhora significativa entre o primeiro e o terceiro trimestre. Outro ponto é que a comparação é feita com o ano de 2008, em que o mercado imobiliário estava muito aquecido no país. Além do fato da economia como um todo estar em expansão.

Prova de que o setor está em recuperação e ainda possui um grande potencial a ser explorado é a disputa pela Cimpor, maior produtora de cimento de Portugal. Após anuncio da CSN (sexta feira), a Camargo Corrêa também mostrou interesse pela empresa. Porém, em moldes diferentes. Enquanto a primeira está interessada na aquisição total, a segunda quer um terço dela. Existem outras empresas que demonstraram interesse, como a maior produtora de cimento brasileiro - Votorantin, a suíça Holcim e a mexicana Cemex.

Outro indicador positivo que surgiu no mercado é o aumento nas contratações para o setor, sendo que já existe escassez de mão de obra especializada, como pedreiros e carpinteiros. O Sindicato da Indústria da Construção Civil já admite a contratação de trabalhadores não especializados, para ganhar experiência na prática.

Especialistas afirmam que existe uma excelente expectativa de crescimento do PIB da construção para 2010, cerca de 8,8% frente a 1% estimado para este ano. Isso porque, entre outros motivos, o programa do governo para construção de casas populares ainda não refletiu de forma concreta. Além disso, o Sindicato das Empresas de Compra, Venda, Locação e Administração de Imóveis afirmou que 27% das famílias paulistanas buscam um imóvel para compra atualmente.

sábado, 19 de dezembro de 2009

Comentários no blog - Informativo

Depois de algumas situações e alguns comentários impróprios e não condizentes com as discussões e reflexões feitas pelos nossos autores, pedimos que as pessoas se identifiquem, colocando o email e o nome para contato. Para assim, evitar comentários sem fundamentos ou de baixo nível.
O blog preserva pela democracia e as críticas são muito bem vindas sempre. Os comentários anônimos serão apagados e também os fora dos temas em discussão.
Gustavo Ferrara
Fundador do Blog

terça-feira, 15 de dezembro de 2009

Interior Paulista em expansão Industrial Gera Oportunidade para os Economistas


O interior do estado de São Paulo esta em franca expansão industrial. Por muito tempo a capital paulista foi considerada como o pólo da industria nacional, as oportunidades de empregos e crescimento pessoal atraíram muitos brasileiros para a metrópole paulistana. Até hoje este movimento acontece, os números mostram isso claramente, 14,6 milhões de brasileiro vieram para o sudeste, e a grande maioria se instalou na capital paulista, de acordo com as pesquisas do IBGE.

O mesmo IBGE mostra que a partir de 2006 o desenvolvimento econômico atraiu cada vez mais pessoas para região do interior paulista. O crescimento industrial atrai cada vez mais pessoas tornando uma boa opção `a capital, estas pessoas muitas vezes optam por uma melhor qualidade de vida no interior. Mas mesmo assim a região metropolitana paulista é responsável por 56,1% do PIB do Estado, seguido por Campinas 15,4%, São José dos Campos 5,2%, Sorocaba 4,7%, Santos 3,8%. Mas sozinho o interior paulista é responsável por 16% do PIB nacional. Ainda temos regiões que se destacam da agropecuária, agroindústria como o caso de Ribeirão Preto, São José do Rio Preto segundo dados SEADE. Responsável por 5% do PIB estadual.

Diante das diversas oportunidades que se abrem dia a dia no interior, uma que se destaca é a possibilidade dos Economistas buscarem espaço nas cidades do interior paulista. Através de uma iniciativa do CORECON – SP criou-se o FEIP – Forca Econômica do Interior Paulista. Que incentiva junto ao governo a contratação de economistas para as prefeituras. Em uma forma de ser um braço de apoio aos projetos dos prefeitos, independentemente do partido político, auxiliando na construção de políticas que visam o desenvolvimento da região. Nos dias de hoje essas regiões estão carentes de profissionais ligados a economia. O projeto visa difundir a importância e a vantagem da prefeitura possuir um economista registrado junto ao conselho de planejamento e crescimento das cidades. Antonio Luiz de Queiroz Silva, presidente do CORECON diz: “ O interior de São Paulo tem grande potencial. O objetivo do projeto é ajudar os prefeitos que, hoje, já fazem uma boa administração, a ter uma estrutura solida para crescer e se desenvolver. Isso requer planejamento estratégico, e disso, certamente os economistas entendem muito bem.”

O perfil analítico do economista o transforma dessa forma em um “pivô” no time da prefeitura, abrindo portas para um caminho de estratégias que proporcionem uma melhoria na gestão pública municipal. Com isso temos o potencial de crescimento municipal sustentado de maneira que o crescimento seja ordenado e sustentável. O economista pode se tornar um orientador da criação do crescimento municipal, facilitando e potencializando o desenvolvimento da região.

O economista passa a ter uma oportunidade no interior de São Paulo que ha alguns anos não teriam. O fluxo pode ocorrer da seguinte forma, atraindo primeiramente estudantes e profissionais da capital que abririam as portas e assim estimulariam o crescimento de novos cursos. Já observamos esse movimento diz o presidente do CORECON, cursos de economia, administração pública estão sendo abertos no interior paulista, como é o caso de Campinas, Bauru, Ribeirão Preto entre outras cidades.

O economista vinha em baixa com a instabilidade economia brasileira assolando quase que 30 anos. Com a queda muitas faculdades e bons cursos foram fechados devido a ausência de alunos e a baixa procura do mercado por profissionais dessa área. Muitas vezes foram substituídos por Administradores, Engenheiros, Contadores. O projeto do CORECON tem em vista uma valorização da profissão, mostrando que é essencial ter um economista para analisar economicamente e planejar a administração dos recursos públicos que cada região possui.

Devemos salientar que a análise e o planejamento são funções indispensáveis para um economista, e sem esquecer que é um pensador.

segunda-feira, 14 de dezembro de 2009

O Rico Futebol Brasileiro


No começo do mês, vimos à final do campeonato brasileiro com o Flamengo sagrando-se hexacampeão em um Maracanã lotado de torcedores em estado de êxtase. Agora, os clubes estão se preparando para os campeonatos estaduais que começam em meados de Janeiro. Ao torcedor cabe ir aos jogos e esperar que seu time vença.

Assistir aos jogos nos estádios está ficando cada vez mais oneroso para o torcedor apaixonado, que além de pagar caro pelo ingresso é obrigado, também, a agüentar uma estrutura precária durante os noventa minutos. Mas, algum fã do futebol já perguntou quanto é a arrecadação da bilheteria do seu time no campeonato?

Pois bem. No caso do Brasileirão 2009, quando falamos em bilheteria notamos que o futebol está cada vez mais rico. O Flamengo não se limitou a ser campeão nacional, obtendo também, o primeiro lugar no ranking de arrecadação do campeonato. O rubro-negro carioca teve uma média de R$ 766.054,68, com ingresso no valor médio de R$ 40,00 e público médio de 40.036 pagantes, o que não é surpresa, pois é o clube com maior torcida do Brasil.

Em seguida, aparecem três grandes clubes paulistas, que atualmente formaram uma parceria chamada de G4 (Corinthians, Palmeiras, São Paulo e Santos). O Corinthians está na segunda posição da lista, com R$ 658.376,21, e na sexta colocação na média de público.

Segundo o jornal Agora, o clube do Parque São Jorge cobra, em média, R$ 32,20 por entrada, sendo o mesmo preço estabelecido pelo Palmeiras, quarta colocação no ranking, com R$ 650.621,93, e na sétima na lista de média de público, registrando 18.425 pagantes. Já o São Paulo, obteve R$ 656.368,97, sendo o terceiro colocado, tanto na lista de arrecadação quanto de público.

Enquanto a média do preço do ingresso do Brasileirão foi de R$ 18,20, os grandes clubes estão cobrando valores elevados frente ao demais, correspondendo acima de 80% da média geral. Isto representa que a bilheteria voltou a ter importância para os grandes times do país.

Bom para as equipes que podem explorar e promover mais ações de marketing, como fortalecer o sócio-torcedor e ruim para o torcedor que terá que gastar mais para ver o seu clube jogar, gerando, possivelmente, uma segmentação de público. E aqueles que não puderem arcar com os elevados preços dos ingressos terão que achar alternativas para acompanhar os jogos, como por exemplo, assistir em casa ou nos bares, ao bom estilo inglês.

MÉDIA DE ARRECADAÇÃO*
Flamengo/RJ R$ 766.054,68
Corinthians/SP R$ 658.376,21
São Paulo/SP R$ 656.368,97
Palmeiras/SP R$ 650.621,93
Atlético/MG R$ 554.164,37
Cruzeiro/MG R$ 374.210,32
Grêmio/RS R$ 337.498,32
Atlético/PR R$ 324.872,89
Inter/RS R$ 308.453,47
Vitória/BA R$ 281.138,42
* por clube mandante
Fonte: CBF

MÉDIA DE PÚBLICO*
Flamengo/RJ 40.036
Atlético/MG 38.761
São Paulo/SP 26.305
Fluminense/RJ 22.042
Cruzeiro/MG 21.973
Corinthians/SP 20.213
Palmeiras/SP 18.425
Inter/RS 18.323
Sport/PE 17.896
Grêmio/RS 17.776
* por clube mandante
Fonte: CBF
*Texto postado por Caroline Monacci

quinta-feira, 10 de dezembro de 2009

5ª Conferência das Nações Unidas sobre Mudanças Climáticas


Antes de falar da conferência de Copenhague, gostaria de dividir com os demais leitores do blog! Este texto foi retirado da “Scientific American Brasil”.

Energia e Civilização” por Ulisses Capozzoli

“Até recentemente, talvez por tradição, boa parte dos economistas costumava lamentar o fato de o petróleo ser um recurso finito. A verdade, no entanto, é que se fosse infinito seria ainda pior. Desde meados do século 19, por arte, entre outros, de um físico-químico absolutamente genial, o sueco Svante Arrhenius, sabe-se que o dióxido de carbono é capaz de reter calor atmosférico e, em conseqüência disso, sua maior concentração produziria inevitavelmente elevação das temperaturas globais.

Da mesma forma que sobrevive na Inglaterra uma Sociedade da Terra Plana, gente que duvida da esfericidade do planeta, ha quem ainda pretenda interpretar o aquecimento indiscutível da Terra como fenômeno natural, com o argumento de que isso já ocorreu no passado.

Ocorreu, de fato, mas ao longo de um largo período de tempo e não da forma tão rápida e impactante como acontece agora, é isso que faz toda a diferença.

O efeito estufa, com impacto direto nas mudanças climáticas, caminha rapidamente para se tornar o maior desastre ambiental da história da civilização. Antes disso, cometemos tolices como a destruição do mar de Aral.

A justificativa, que acabou na morte desse mar, foi razoável a princípio: o desvio de dois rios que o alimentavam para aumentar a produção de algodão na ex-União Soviética. As conseqüências, no entanto, hoje custam caro em termos de saúde pública, devastação ambiental e uma diversidade de outros impactos sociais negativos.

No caso do petróleo, identificado como o recurso que sustentou a Segunda Revolução Industrial, com o motor a explosão (a primeira foi assegurada pelo carvão qua abasteceu a maquina a vapor), tanto sua finitude como inviabilidade ambiental sugerem que seu reinado sujo chegou ao fim.

Mas chegou ao fim antes que alternativas a altura estivessem disponíveis para assegurar qualidade de vida a que se habituou a maior parte da população. Ao menos no que ficou conhecido como Ocidente, eufemismo para se referir a Europa e Estados Unidos, deste lado do mundo que compartilhamos.

O que temos pela frente, neste momento, é literalmente uma corrida contra o tempo no esforço de minimizar a deterioração ambiental que ameaça com uma regressão na historia, algo que, antes disso, só se costumava atribuir a um conflito nuclear, ou ao impacto de um bólido celeste: um cometa ou asteróide.

Energia, neste momento, é a palavra que expressa preocupação em boa parte das línguas faladas na Terra. E energia alternativa é o sonho que, aos poucos e a custos, começa a se tornar realidade aqui e ali, refazendo as feições do planeta. Cidades reconstruídas, desperdícios reconsiderados, sistemas energeticamente eficientes e em harmonia com a natureza. Exploração quase reverenciada de fontes que vão das ondas do mar ao fluxo dos ventos, passando pela energia das mares e retorno a energia nuclear, antes identificada apenas com o horror das bombas atômicas. O Grande projeto, em articulação com as fontes alternativas, é a fusão nuclear, a construção e exploração energética de um pequeno sol.”


Este texto traz um tema dos temas que esta em pauta das discussões no mundo. Acontece essa semana em Copenhague, capital da Dinamarca, a 15ª Conferência das Nações Unidas sobre Mudanças Climáticas e a 5ª Reunião dos Signatários do Protocolo de Kyoto. Reuniram 192 países participam do encontro que durará 12 dias.O primeiro-ministro dinamarquês, Lars Lokke Rasmussen, em seu discurso afirmou que o aquecimento global é mais grave a cada dia e já afeta diversos países. Ele espera que os países participantes da reunião deixem de lado as divergências e transformem seus discursos em ações enérgicas, e chegar em um acordo efetivo, transitável e admissível a todas as partes.

O secretário executivo da Convenção-Quadro das Nações Unidas para Mudanças Climáticas, Yvo De Boer, pediu em seu discurso para que os países tornem reais os resultados já apreendidos em trabalhos anteriores.

segunda-feira, 7 de dezembro de 2009

"Petropotência"


Uma notícia vinculada hoje no jornal Washington Post afirma que o Brasil pode se tornar uma potência do petróleo até 2020. O autor, Juan Forero, fez uma visita às instalações da Petrobrás em Angra dos Reis e ficou impressionado com o que viu: cerca de 4mil funcionários, bilhões aplicados em custo de capital e plataformas gigantescas inconclusas. Isso tudo é reflexo de um investimento de 174 bilhões de dólares nos últimos 5 anos, o qual será responsável pelo país sair do patamar de importador para um dos maiores produtores na próxima década. A estimativa da Petrobrás é de que a produção irá dobrar nesse período, passando de 2 para 3,9 milhões de barris por dia. Além disso, as reservas que hoje são de aproximadamente 14,4 bilhões de barris chegariam a 30bi.

Logicamente, esse investimento todo sozinho não poderia ser responsável por tal salto. O Brasil foi beneficiado pelas recentes descobertas de petróleo em águas profundas, na camada do pré-sal. A descoberta, segundo José Sérgio Gabrielli, presidente da Petrobrás, fará com que o Brasil seja um grande produtor de petróleo. Porém, não será o suficiente para torná-lo um exportador. Isso porque o Brasil, oitava maior economia do mundo, utilizaria a maior parte da produção para consumo próprio. Apesar disso, poderia haver um maior desenvolvimento para a exportação de produtos derivados do petróleo, como gasolina e diesel.
Apesar das previsões otimistas, o repórter do Washington Post coloca algumas ressalvas. A principal delas é o fato do governo brasileiro possuir controle majoritário sobre o setor e colocar impecilhos para o investimento estrangeiro. A Petrobrás é dirigida basicamente por membros do governo e mais da metade de seus acionistas, com direito a voto, são brasileiros. Apesar de Gabrielli afirmar que empresas como a Exxon Mobil, a BG Group, a Royal Dutch Shell e a Spain's Repsol estarem investindo bilhões de dólares para desenvolver sua parte, representantes dessas empresas afirmam que a estatal está limitando o desenvolvimento.

Acredito que a discussão sobre os benefícios do pré-sal está além disso. O investimento estrangeiro é muito importante em qualquer setor. E possivelmente há um cuidado excessivo quanto à entrada dele nesse caso, por se tratar de um setor estratégico, já que o petróleo não é mais um produto tão abundante. Porém, o mais importante a se analisar é o como tornar essa vantagem que o país possui em retorno para ele. Não basta sermos o maior produtor do mundo se isso não gerar emprego internamente, se não desenvolver indústrias ligadas direta e indiretamente com o petróleo, se não utilizarmos o retorno do investimento em desenvolvimento para o Brasil. Prova disso é que entre os maiores exportadores do produto estão países como Nigéria, Cazaquistão e Qatar, locais onde não há nem de perto distribuição de renda, altos índices de empregabilidade ou mesmo desenvolvimento industrial.

sexta-feira, 4 de dezembro de 2009

Concentração de Mercado: Caso Pão de Açúcar - Casas Bahia





Nesta sexta feira (04/12/09) a CBD (Companhia Brasileira de Distribuição), controladora do grupo Pão de Açúcar, anunciaram uma associação juntamente as Casas Bahia. Mal ocorrido o pronunciamento e já se observava a alta das ações do Pão de Açúcar e da Globex (atual controladora da rede Ponto Frio, também pertencente ao grupo de Abilio Diniz.


Esta associação nos indaga duas questões de mesmo objetivo. Primeiramente me pergunto se com a CBD tendo também o controle da rede Casas Bahia terá o aval do CADE para tal aprovação de concentração de mercado? A meu ver, esta parceria, fusão, ou seja, lá como chamemos, poderia causar ao mercado de distribuição de produtos eletroeletrônicos uma concentração nociva a novos entrantes e até mesmo as empresas já estabelecidas. Não consigo pensar em nenhum bem social que isto possa gerar, pelo contrario, até mesmo as empresas produtoras de eletroeletrônicos poderiam ser prejudicadas no processo.


Por sua vez, ao consumidor, resta apenas aguardar. Apesar de esta junção unificar em uma única empresa o poder de distribuição de produtos eletro-eletrônicos por suas mais de 1800 lojas (depois de unificados) para as diversas classes sociais distintas - de A E - o que se pode esperar é um possível aumento de preços. Com a baixa concorrência, o grupo passará a ser um criador de preço, tendo uma posição mais confortável para expandir suas margens de lucratividade. Portanto, caberá ao consumidor impedir que isto ocorra.


Tarefa esta difícil, mais não impossível. Com a internet, há muito mais possibilidade dos consumidores compararem preços e qualidade dos produtos que desejem adquirir, principalmente neste setor de bens. Por serem produtos praticamente padronizados - que possuem suas especificações discriminadas - será possível comparar preços de um mesmo produto em diferentes lojas de modo mais rápido, diminuindo, então, a possibilidade de aumento de preços ocasionado pela concentração de mercado.

terça-feira, 1 de dezembro de 2009

Um Estudo sobre Celso Furtado


Vários definem Celso Furtado como sendo um teórico desenvolvimentista de herança Keynesiana. De fato, ele defendia a tese keynesiana de um estado intervencionista como sendo algo necessário e fundamental para que a economia supere o seu estado de subdesenvolvimento por meio da industrialização. Ou seja, ela ia contra a teoria ortodoxa liberal, de o Brasil ser um país agrário-exportador que vive uma fase, um estágio evolutivo, e que iria evoluir, conforme o país adotasse o modelo liberal de desenvolvimento – aquele adotado pelos países centrais –, gradativamente e assim, o país iria superar esse estágio e alcançar o seu estágio desenvolvido, eis a base do conceito de país em desenvolvimento.

Furtado ia totalmente contra esse conceito de etapas e país em desenvolvimento, a questão chave para ele estava na inserção atrasada que o Brasil e os países da America Latina tiveram na etapa evolutiva na qual se encontrava o capitalismo e logo, jamais poderiam alcançar os países centrais adotando o mesmo modelo deles. Era, portanto, estritamente necessária à presença do Estado como agente regulador e único capaz de direcionar o capital estrangeiro – necessário, pois o capital nacional era insuficiente e fraco, para financiar os investimentos em escala que eram necessários para que o país desse o chamado “salto”– rumo ao desenvolvimento industrial da economia nacional. Para ele o país não poderia ter sua dinâmica ditada por agentes externos.

Entre suas obras mais importantes citam-se a "Formação Econômica do Brasil" e "Desenvolvimento e Subdesenvolvimento". Na "Formação Econômica do Brasil" ele “dissecou” toda a evolução do crescimento da economia brasileira, sendo a sua mais renomada obra, é nela que ele, melhor do que qualquer outro estudioso – pode-se citar Caio Prado Jr. e Roberto Simonsen que na mesma época fizeram obras semelhantes à de Furtado – reúne toda a evolução da economia brasileira de forma histórica e coesa, aonde todas as etapas desde a era colonial até a industrialização por substituição de importações, são explicadas de forma que se pode visualizar toda a dinâmica desse processo pelo qual o país passou.

É nessa obra que ele faz sua mais importante contribuição para o entendimento da evolução econômica brasileira e de sua industrialização: a dinâmica do café. É pelo entendimento de como essa dinâmica do café que Furtado vai compreender como se deu o inicio do processo de evolução urbano-industrial nacional, desde a industria marginal que se formava para suprir as necessidades da industria cafeeira até o inicio de um processo de acumulação que se foi alcançado durante as varias crises de superprodução deste produto, chegando a um ponto em que essa acumulação tornou possível a industrial tomar posse da dinâmica econômica do país. Levando-se e conta claro, a participação ativa do Estado durante todo esse processo, como defensor da economia cafeeira até incentivador do desenvolvimento urbano-industrial.

É pela abordagem dada ao processo evolutivo da economia brasileira em sua obra que se observa sua herança keynesiana e sua forma de análise teórica baseada no método histórico-indutivo, no qual por meio da análise histórica de uma nação se fazia as indagações e disso se tiravam às conclusões e tentava-se estabelecer uma estratégia de desenvolvimento que levasse a economia a superar o seu estado de subdesenvolvimento. Outro fator que se deve levar em conta é a influência que seu estudo teve.

A "Formação Economia do Brasil" era para ser um texto introdutório que iria ser apenas um esboço histórico do processo evolutivo brasileiro. Ele elaborou esse “esboço” em Cambridge, no auge do pensamento Keynesiano, e logicamente, teve grande influência de pensadores keynesianos. Citam-se entre ele Kaldor e seu modelo de desenvolvimento keynesiano que dava ênfase à distribuição de renda, tema esse amplamente abordado por Furtado ao estudar o desenvolvimento brasileiro já que em vários momentos ele aponta para as diferenças sócias no nordeste e nas diferenças entre cidade e campo.

E pode se citar também Joan Robinson que teve grande influencia teórica sobre Furtado, seus conceitos eclético-keynesianos como descrevem alguns estudiosos foram utilizados por Furtado em suas análises, na qual ele rejeitava a teoria de valor-trabalho e os conceitos clássicos básicos. Porém ao mesmo tempo Furtado tentava se manter neutro entre as escolas ortodoxas (neoclássicas) e as heterodoxas (marxistas), pois sua inserção política no Brasil, de certa forma, exigia essa neutralidade, se quisesse que suas idéias desenvolvimentistas fossem aplicadas, ele não poderia ser visto como um comunista jamais, e a tese keynesiana caminha por essa escola em certos pontos.
* Texto escrito por Gabriel Eid

Calote em Dubai transforma os países emergentes em “porto seguro” diz Financial Times.


O jornal britânico “Financial Times” trás nesta terça-feira uma reportagem dizendo que agora os países emergentes são os “portos seguros” do mercado financeiro. Os investidores buscam os títulos de países como Brasil para conseguir manter suas reservas devido a crise gerada em Dubai. De uma hora para outra inverteu uma situação já a muito tempo vista, a famosa fuga de capitais para os países desenvolvidos, desta vez os investidores quebraram a antiga regra, motivados pela suspensão de pagamentos do Emirados Árabes. O artigo trás a observação de que: ”Os títulos de países emergentes, como China e Brasil, têm visto entradas de investimentos na medida em que são considerados pelos investidores como portos seguros dada a saúde de suas finanças públicas." Desta forma observa-se uma mudança global no dinâmica da economia.

Agora os países, antes voláteis a sucessivas crises econômicas, passaram a ser o ponto de estabilidade do jogo financeiro, este movimento muito pelo fato do baixo nível de endividamento e gerenciamento econômico prudente. Combateram a crise com muito mais eficiência que as nações ricas, também muitos deles já estão em crise a décadas, esta foi apenas mais uma marolinha pra quem esta se afogando faz tempo. Sem investimentos de longo prazo, sem endividamento público, sem um estado atuante e regulador, a República das Bananas, o Brasil, agora passa a ser ponto de estabilidade. O Mercado financeiro tem memória curta mesmo, e os investidores esqueceram que aqui falta infra-estrutura básica. É só voltar algumas semanas no tempo, e relembrar das 8 horas de escuridão que assolou o Brasil. O Brasil não investe mas tem entrada de altos volumes de capital. O endividamento público é de 45% do PIB, mas e a sociedade? Está falida a décadas, leis que não tem valor, o entra e sai dos capitais, as oportunidades de crescimento poderiam ser melhores aproveitadas, mas mesmo assim comemoramos a estabilidade. Aqui na verdade nada mudou, o que mudou foi lá nos países desenvolvidos, continuamos na mesma batida a quase 30 anos. Agora ser chamado de “porto seguro”, não concordo.
Na Minha opinião: eles destruirão seus portos e tocarão fogo no próprio estaleiro. Os países emergentes com seus velhos portos de lama, pau-a-pique e geradores a gasolina foram os únicos lugares que encontraram para aportar seus transatlânticos de capital. O Brasil pode vir a crescer com esse fato, mas sem uma política pública de incentivo a indústria nacional e um plano de industrialização decente, sempre ficará nesta mesma badalada esperando que o mercado externo olhe para o Brasil e venha correndo dizendo que é um porto seguro. Também sem leis, sem regras e sem comando digno, é mesmo a República das Bananas.