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segunda-feira, 4 de julho de 2011

ECONOMIA INTERNACIONAL - Tragédia Grega: A Crise na Grécia




O futuro da Grécia está se desdobrando em Atenas e outras cidades gregas que resistem às exigências financeiras impostas pelo FMI, BC Europeu e UE.


Banqueiros exigem a privatização de bens públicos e redução dos gastos públicos. Esse dinheiro poupado servirá como um fluxo a mais nos caixas dos bancos. O medo da possibilidade de um calote assombra os países da zona do Euro e diversas instituições financeiras.


O plano de austeridade fiscal proposto, que pode garantir a solvência dos empréstimos gregos, com certeza terá um grande custo social, que não está sendo mensurado pelo BCE e bancos credores. Não são mensurados, pois, para eles, são variáveis indiferentes, que nem se levam em consideração.

Mais uma vez as pessoas são colocadas em segundo plano para garantir aos bancos a realização do lucro, o que pode acarretar em uma grande “tragédia grega” do ponto de vista social. Uma nova proposta deveria ser avaliada, algo que não comprometa o futuro da população grega e que ao mesmo tempo não faça parecer melhor à Grécia abrir mão da participação na União Européia e optar pelo calote. Um calote por parte do governo grego poderia tornar ainda mais difícil o auxilio de paises como Portugal, Irlanda e Espanha e arranharia a imagem da União Européia como algo vitalício.


É importante lembrar que grande parte dos empréstimos contraídos pelo Estado grego foi para que Atenas atende-se as regras sobre déficits da Europa e pudesse adentrar na União Européia. A meu ver um país que não tinha capacidade de fazer parte da UE foi aceito por falta de uma análise mais detalhada e pensamento a longo prazo. E no meio dessa crise a Croácia está para ser aprovada na União Européia, me pergunto será que é o momento certo para permitir a adesão de mais paises?

Se o calote se concretizar, ocorreriam conseqüências potencialmente catastróficas para credores, não apenas dos 240 bilhões de euros da dívida soberana grega, mas também para credores de centenas de bilhões de euros da dívida comercial grega e de outras dezenas de bilhões de euros de contratos de derivativos relacionados à dívida grega.

Um ponto também de grande importância é o fato de banqueiros terem capacitado a Grécia e outros países a tomarem emprestado além de seus meios em negócios perfeitamente legais, como sempre, os bancos, pensaram no lucro desenfreado e nunca nas possíveis conseqüências. Não pensam nas conseqüências, pois sabem que serão socorridos, como temos de exemplo a última crise de hipotécas subprime. Sabemos que os bancos geralmente não perdem as suas apostas em jogos de derivativos que tenham empreendido (mesmo quando especulam em cima de papéis podres), a Grécia será forçada ao máximo a seguir o plano de austeridade fiscal proposto. Os cidadãos gregos que se preparem.

Frederico Matias Bacic
POST escrito para o Blog Economidiando nosso parceiro: 04.07.2011



domingo, 4 de abril de 2010

It´s a Steal


Por Caroline Monacci,

Se no passado, Detroit, cidade onde nasceu à era do automóvel e a gravadora Motown, tinha casas valendo US$ 100 mil, agora vive uma lenda urbana imobiliária, conseqüência da crise que assolou milhares de americanos, levando-os a se retirarem de suas residências.

Atualmente, comprar um imóvel na cidade virou uma pechincha. A crise das hipotecas e o colapso das grandes montadoras, fez com que o preço dos imóveis caísse 80%, fazendo com que algumas casas possam ser adquiridas por US$ 1,00. Isso mesmo!!

Assim, uma em cada cinco moradias está vazia, levando quarteirões inteiros a serem demolidos para dar espaço a hortas comunitárias, com legumes, os quais são distribuídos gratuitamente para a população. Estas hortas são feitas por um grupo chamado Blight Buster (“Caçadores de Pragas”).

Outra alternativa encontrada pelos habitantes é tocar fogo nestas residências para que eles recebam as indenizações, que claro, valem mais que US$ 1,00. Esta parece ser a melhor solução para os cidadãos de Detroit, já que um terço da população local está desempregada e os bancos estão executando as dívidas das pessoas incapazes de pagá-las.

Visto isto, as conseqüências da crise devem se alastrar por muito tempo entre os americanos, pelo menos para as pessoas de Detroit.

quarta-feira, 23 de dezembro de 2009

Entrevista com Luiz Gonzaga Belluzzo - Crise Econômica


Recentemente, o senhor afirmou que o capitalismo passa por seu momento mais frágil desde o pós-guerra. A crise que se desenhou foi grave assim?

É grave e não podemos brincar com ela. A forma acelerada como o emprego encolheu no mundo e o volume ao mercado financeiro que vimos foi inédito no pós-guerra. O governo da Inglaterra anunciou que vai dar seguros para quem tem hipoteca imobiliária a fim de garantir que os donos das casas possam permanecer em seus imóveis. Então, com todos estes fatores no cenário, não há porque subestimar o tamanho da crise. Quem entende do assunto montou um pacote de intervenções sem paralelos. Os bancos comerciais com medo de emprestar as indústrias e, agora, o Federal Reserve (banco central dos Estados Unidos) avalia fazer empréstimo diretamente as empresas a fim de evitar um colapso da economia.
Portanto, não dá para ficar especulando sobre quando a crise vai passar. Pode até ser que passe rápido, mas somente se os governos nacionais agirem com vigor, intervindo na economia. Neste momento, os únicos agentes que podem intervir para evitar uma catástrofes são os governos.

Os instrumentos dos governos são suficiente para estancar a crise? Há disposição política de usá-los?

Sem a ajuda dos governos, acredito, que teremos uma catástrofe completa. Com intervenção, no entanto, será ruim, mas não catastrófico. Se você olhar o mercado americano, por exemplo, as famílias e os bancos estão reduzindo suas dividas. Não querem gastar mais. So pagar as dividas antigas. Se todos fazem isso ao mesmo tempo a economia vai para o buraco. É o chamado paradoxo da desalavancagem. Economia é uma coisa simples, as pessoas que complicam muito. O fato é que, se todos decidirem poupar ao mesmo tempo, a economia pára. Afinal, o gasto de um é a renda de outro. Se a empresa não gasta contratando, pagando salários. então os trabalhadores também não tem o que gastar.
Agora, se as ações dos governos centrais forem efetivas, no sentido de garantir o credito e investimentos público, então é possível o cenário se regenerar. Isto não ocorre de uma hora pra outra. Mas, aos poucos, se bancos e empresas perceberem que a há melhor perspectiva para investir e lucrar, então há uma retomada da confiança e a economia vai voltando aos trilhos. Mas, para isso acontecer, ainda há muito chão para percorrer. O presidente do banco Central (Henrique Meirelles) falou sobre isso recentemente. Ele disse que as pessoas , antes, estavam em pânico com a inflação e , agora estão em pânico com a crise. A saída é controlar o pânico, retomar a confiança.

No caso do Brasil, o governo deveria ser mais ousado?

Não há duvidas. O momento exige baixar os juros, diminuir impostos que incidam sobre a classe media, garantir o credito para as empresas e colocar dinheiro em setores como o mercado imobiliário e a industria automotiva. O setor imobiliário, por exemplo, viveu um crescimento muito rápido nos últimos anos, mas nada comparável a uma bolha. E, diferentemente dos Estados Unidos, quem compra casa no Brasil está na maioria das vezes, atras de seu primeiro imóvel.
Em econômica, sabemos que há dois setores que têm um comportamento preponderante no ciclo econômico: os automóveis e a construção civil. Para cada real que você gasta neste setores, movimenta outros 2,5 ou 3. Então, é hora de bancos com a Caixa Econômica Federal investirem mais credito imobiliário, liberar dinheiro para a classe media comprar, dar subsidio mesmo, flexibilizar regras. Depois que a crise passar, você avalia como vai recapitalizar a Caixa. Mas no momento é preciso agir.


Belluzzo diz que a crise financeira é grave, mas o Brasil pode atravessá-la sem grandes traumas e se o governo intervier com energia na economia. Belluzzo defende corte de impostos, baixa nos juros, garantias de crédito as empresas e mais recursos a disposição de setores estratégicos, como o mercado imobiliário e a industria automobilística.

Acredito (Gustavo) que estamos no caminho correto, o governo poderia ser mais rápido e deveríamos buscar uma desburocratização. Os cartórios, por exemplo, ajudam, mas, ao mesmo tempo são resquícios coloniais que poderiam ser melhorados. Muitos são praticamente inuteis e lentos. Há burocracia demasiada, as leis confusas e um governo sem rumo, é o que eu vejo. Ocorreu uma certa movimentação, mas, Brasília, pra mim, continuou a mesma fanfarra de sempre. Senadores e deputados trabalhando o mínimo necessário e sem reformas de grande porte. Podemos mudar e conseguir um crescimento industrial inteligente e estruturado. Mas, nossos políticos são preparados? Creio eu que na "Republica das Bananas" ficará tudo a mesma coisa.

sexta-feira, 27 de novembro de 2009

Dubai, cidade sem limites! Será?

Dubai, uma cidade pertencente aos Emirados Árabes Unidos, com seus dois milhões de habitantes, arquitetura ousada de caráter futurístico, enormes arranha-céus, largas avenidas, local que até 2007 representava 6% de toda a receita dos emirados, a 44ª cidade melhor cidade financeira e 33ª mais rica do mundo (em termos de paridade de poder de compra), entra para a história mais uma vez. Porém, desta vez, os magnatas do petróleo não apresentaram mais uma obra inimaginável, parece que chegaram a seu limite. A palavra moratória apareceu eu seu vocabulário.

Apesar das grandezas - e quando se trata em investimentos de luxo, com certeza podemos falar em grandeza - a empresa estatal Dubai World, que atua no setor imobiliário, portuário e financeiro, decretou moratória de pelo menos seis meses de seus US$ 59 bilhões de passivos. Uma pergunta fica no ar, será que isto poderá causar um efeito dominó aos bancos, principalmente europeus?

Ao que tudo indica, não. Este parece ser um caso isolado e que apesar de estar vinculado a alguns bancos europeus, nada parece ser tão desesperador como a cifra apresentada. De fato, não é algo a se deixar passar, muito menos algo que passe despercebido pelo mundo, mais o fato é que se trata de um ocorrido que pelo que tudo indica está sendo planejado há algum tempo. Tanto que o anúncio desta renegociação de dívida deixou para ser anunciado no fechamento do mercado de ações regionais e antes do feriado de Eid-al-Ad (no qual serão retomadas as atividades normalmente somente dia 6 de dezembro). Além disso, outras instituições financeiras já se pronunciaram informando suas participações em ativos ligados a empresa em questão. Números estes que pelo apontado nada são de se alarmar ou gerar uma corrida desenfreada a liquidez.

Quanto ao efeito dominó que isto poderia causar, qualquer problema financeiro que envolva Abu Dhabi e o Catar devem ter sua devida atenção. Trata-se de regiões no qual os graus de alavancagem são extremamente elevados. Portanto, não falar em efeito de contágio ou apenas omitir tal fato pode ser negligência de seus autores no futuro.

Uma coisa disso tudo é certa. Seus vizinhos árabes (Emirados Árabes Unidos) não levam o nome Unidos em vão em sua discrição, haverá sim ajuda se precisarem e muito provavelmente isso tudo não passará de apenas um agito na poeira que logo irá baixar e as construções faraônicas voltarão a crescer.


Gostou? Que tal valorizar nosso trabalho?

sexta-feira, 30 de outubro de 2009

Dia das Bruxas Antecipado no Mercado Financeiro


Com o dia das bruxas se aproximando o que vimos esta semana foi uma verdadeira traquinagem do mercado financeiro. Apesar do cenário internacional estar se apresentando de modo positivo, como no caso do Japão já anunciando o fim das medidas anti-crise, a França divulgando sua expectativa otimista perante sua economia neste terceiro trimestre, a bolsa brasileira não conseguiu manter-se estável durante esta semana.

Com altas de quase 6% e quedas de quase 5%, a Bovespa se mostrou ainda vítima dos especuladores. Estes pareciam não terem recebido seu "doce", pelo contrário, uma parte dele lhes foi tirada com a taxação do IOF - já explicado anteriormente em outros posts. O investidor expeculativo pareceu querer "pregar uma peça", então, no mercado financeiro, como aquela que as crianças fazem no dia das bruxas. E, parece ter dado certo até agora. A medida de taxação do governo pareceu não surtir efeito, mesmo apesar de todo um escândalo gerado sobre o assunto.
Se for feita uma análise mais detalhada, nem poderia. Colocando-se na balança a taxa que se está cobrando com os lucros tidos em renda fixa (titulos do próprio governo) teriamos uma taxa aproximada de ganho de 30% já somada este ano (selic + variação cambial). Ao ponto que se este mesmo capital estivesse atrelado a renda variável (bovespa + variação cambial) este valor ultrapassaria as taxas de 80%. Então, 2% faria alguma diferença para este investidor? Acredito que não.
Isto mostra que o país ainda é muito vulnerável. Qualquer tipo de notícia influência fortemente as bases do mercado e consequentemente da economia. Ainda que, como apresentei, alguns países tenham mostrado resultados positivos, várias empresas (principalmente norte-americanas) não se mostraram favoráveis a ter um bom fim de ano, como no caso da Alcatel-Lucent que acumula 12 prejuízos consecutivos. Mesmo assim, muitas ainda esperam que este fim de ano seja melhor favorável as vendas.
Outras datas comemorativas ainda estão por vir. Nos EUA, por exemplo, o Halloween, é a segunda maior data de consumo do país (perdendo apenas para o natal). Apesar de serem datas das quais o que realmente deveria importar é a história e tradição que com elas trazem, acabaram tratando-se de datas praticamente consumistas nas quais o habito do consumo se tornou tão intrínseco e necessário que passam a ser partes importantes do planejamento de venda das empresas.
Sendo assim, devemos nos utilizar deste ponto fraco dos consumidores para estimular o crescimento do capital produtivo. Fazendo isto, espera-se que sejam criadas "barreiras invisíveis" contra as bruxas do mercado financeiro, que tornam a economia vulnerável as ocilações internacionais. Uma tarefa ainda difícil de ser realizada já que comparado aos outros países do mundo, aqui, ainda, se encontra uma das maiores taxas de juros (hoje 8,75%aa) contra taxas quase zero de países como Japão.

segunda-feira, 14 de setembro de 2009

Fim da Crise?



Hoje é aniversário de 1 ano da quebra do banco Lehman Brothers, um dos maiores bancos da história dos Estados Unidos, nascido em 1850 a partir de uma modesta quitanda no estado do Alabama, e que se tornou especialista em intermediações financeiras. A quebra de um símbolo, que sobreviveu a crises históricas, como a Guerra Civil norte americana ou até mesmo a Crise de 29, foi um marco mundial, em que as instituições financeiras deixaram de negar a existência de uma severa crise internacional.

O aniversário deste grande evento nos remete a muitas perguntas: A crise acabou? As economias mundiais já mostram sinais concretos de retomada? O que será feito para não acontecer novamente? Hoje, o presidente dos EUA, Barack Obama, se pronunciou a respeito do assunto. Segundo ele, o país não permitirá que as irresponsabilidades cometidas pelas instituições financeiras sejam repetidas. Para isso, há um projeto no Congresso que aumenta a regulação sobre o Mercado Financeiro. Obama também defende que órgãos federais possam punir bancos que corram riscos demasiados. Além disso, será criada uma agência de proteção ao consumidor, que garanta informações precisas aos consumidores.

Dados importantes serão revelados esta semana, nos Estados Unidos, Europa e no Brasil, o que pode apontar a direção que o mundo está seguindo após o auge da crise. As vendas no varejo, por exemplo, podem ser um indicador de retomada da economia. Assim como a produção industrial, a utilização da capacidade instalada e os dados do setor imobiliário.

Grande parte dos analistas acredita que haverá uma melhora em todos os indicadores que serão apresentados. Porém, é importante fazer uma análise mais detalhada sobre esses dados. No Brasil, por exemplo, o aumento das vendas no varejo foram fortemente incentivadas pela redução do IPI (Imposto sobre produtos industrializados) para veículos automotivos, realizada pelo Governo Federal. Se os dados forem analisados excluindo este setor, possivelmente haverá uma redução significativa nos resultados.

sexta-feira, 5 de junho de 2009

"O pior já passou", mas crescimento só em 2010


Entrevista com o Economista e Professor João Manuel Cardoso de Mello, retirado da revista: "IBEF em Revista" (Informativo do instituto Brasileiro de Executivos de Finanças - Campinas - Edição n°106 - Maio/2009)

Com uma visão critica e profunda da cena econômica atual, o economista e professor João Manuel Cardoso de Mello, fundador da Facamp, Faculdades de Campinas, em entrevista ao Ibef Em Revista, avalia que, embora o alto numero de demissões tenha produzido muitos estragos aqui e no resto do planeta, a julgar pelos números do mercado, “o pior já passou” e a economia brasileira deve manter uma tendência ascendente, embora afirme que o PIB nacional em 2009 deve ser negativo em 1,5%. “o que não é tão ruim, se comparado com as taxas de outros países”, avalia o economista. Na entrevista, João Manuel também comenta sobre o novo desenho político-econômico escrito pela China, que emerge como a grande novidade no mapa das relações globais. “A China esta fazendo um fundo para o leste da Ásia e caminha para uma união de pagamentos, que vai atingir toda aquela região, com Japão e Índia”. Ele comenta ainda que o dólar como a moeda de reserva internacional esta ameaçado.

Entrevista:

Ibef Em Revista – A tendência de alta Bolsa sinaliza que o pior da crise já passou?

João Manuel Cardoso de Mello – A bolsa na verdade espelha uma expectativa das pessoas. Estamos vendo que o governo brasileiro tornou varias medidas corretas, algumas com atrasos, mas tudo bem, porque outros países também demoraram nisso. O BNDS teve o seu orçamento dobrado, o que impediu que algumas empresas tivessem dificuldades muito grandes. A diminuição do IPI para os carros e em seguida também para a linha branca e para materiais de construção foram corretas. O governo também impediu a quebra de bancos pequenos. Corretamente, porque só gente maluca deixa banco quebrar. A taxa de juros tem baixado, embora ainda esteja alta. Já passamos o pior daquela contratação de credito. Continuo achando que vamos ter este ano uma taxa de PIB negativa em 1,5%, mas não tem importância. Seguramos a possibilidade de uma recessão grande, mais do que isso, a perspectiva é que a economia, vá devagar, mas crescendo e para o ano que vem ocorra a retomada de crescimento. A posição relativa do Brasil é muito boa.

Ibef Em Revista – Como o Sr. Vê o movimento das economias da China e dos Estados Unidos?

João Manuel – Uma noticia muito boa para nos (brasileiros) é uma proeza da China, que tomou medidas enérgicas de gastos, em transportes e na área de saúde, como previdência social, que eles não tinham. Fizeram um programa muito bem feito e rápido e estão crescendo, isso ajuda a demanda por nossas commodities. O problema dos americanos ainda é muito grave. Estão fazendo um programa gigantesco de recuperação. O problema é que olhando em médio prazo, os Estados Unidos não terão um crescimento baseado na expansão do consumo, porque as famílias americanas estão altamente endividadas. Eles têm problemas gravíssimos de perda de competitividade em vários setores da economia. O presidente Barack Obama esta fazendo um programa de reestruturação de toda economia americana. Não é fácil entender por onde é que a coisa vai sair. Eles enfrentam ainda a concorrência chinesa, que tem a formula trabalho barata por tecnologia de ponta. O dólar como moeda de reserva internacional esta ameaçado. A China esta fazendo um fundo para o leste de Ásia e caminha para uma união de pagamentos que atingirá toda aquela região, com Japão e Índia. Veja que o comércio do Japão com a China já é maior do que o comercio do Japão com Estados Unidos. Os europeus estão em uma posição cautelosa do ponto de vista de políticas mais agressivas, porque temem a desvalorização do euro. Nos próximos anos essa coisas vão se alterar, não se sabe ainda muito bem em qual direção, mas vão mudar.

Ibef – Voltando ao Brasil, temos o risco de um rebote da crise?

João Manoel – Não acredito nisso. Essa reentrada de capital estrangeiro na Bolsa é um sintoma inicial de que o pior já passou. As pessoas começam olhar onde vão colocar o seu dinheiro. Aqui ficou um lugar razoável para as pessoas botaram dinheiro.

Ibef – O que o Sr. Diria para o empresário?

João Manuel – Para o empresário diria que dentro do possível da sua empresa, não desapareça do mercado, não corte radicalmente em propaganda e marketing, não interrompa seus projetos de investimento e não demita gente importante para sua empresa. Quando a economia retomar você terá uma posição vantajosa em relação ao que fez tudo isso. O consumidor, que ainda esta cauteloso, a medida que o medo de perder o emprego desapareça, vai voltar à normalidade


TEXTO: retirado IBEF/maio 2009

quarta-feira, 27 de maio de 2009

China, EUA, a crise e o resto do mundo


China se industrializou através de altos fluxos de IDEs (Investimentos Diretos Externos) e altíssimos gastos do governo. Beneficiada por um câmbio altamente desvalorizado com relação ao dólar e a praticamente inexistência de leis sobre as propriedades intelectuais e patentes. A transmissão da tecnologia é obrigatória entre as empresas transnacionais e as empresas chinesas. A industria chinesa acresce a números grandiosos, a grande população gera mão de obra barata e mercado consumidor para as empresas que lá se instalam. A exportação fica facilitada devido o fato do câmbio. Os produtos chineses invadem o mundo. A exportação destrói as empresas concorrentes em outros locais, devido o preço baixo. O principal mercado comprador são os EUA. Temos com isso ao olharmos para a industria americana vemos uma forte mudança estrutural. A industria pesada ainda existe, mas hoje em patamares menores. E temos que estas empresas migram principalmente para a China.

Os Estado Unidos é o principal mercado comprador, apoiado em uma política de créditos ao consumo focado no endividamento familiar. Com isso temos um fluxo de dólar EUA à China, e um fluxo de mercadoria China à EUA. Os dólares, por sua vez, serão reinvestidos no mercado financeiro americano, ex: títulos da dívida, ações, fundos entre outras diversas possibilidades. A China cresce a sua produção com o aumento do seu parque industrial. As mercadorias são vendidas e temos um fluxo forte de dólar que faz crescer ainda mais as empresas chinesas. E observamos um endividamento da família americana. A China crescendo trás com ela os paises asiáticos, já que compram produtos secundários, produtos intermediários para composição do produto final, na sua maioria produtos eletrônicos. Aos paises periféricos agro-exportador, como o Brasil, o crescimento da China gera o crescimento das exportações matéria prima, onde o nível de industrialização dos produtos exportados é praticamente inexistente. Há uma tendência a redução do comércio entre os paises Asiático com a China, devido a grande internalização por parte da China, das empresas que vendem produtos secundários. Então o crescimento será menor. Somando a esse fato temos a redução do credito às famílias americanas que já estão altamente endividadas. Temos com isso uma redução do fluxo de mercadoria. Desta forma a redução dos chineses e o do fluxo de dólar. Afetando do crescimento mundial.

A crise atual se dá, devido o “lixo tóxico” do mercado financeiro americano. Que tem como inicio o alto consumo da sociedade americana. As ações referentes aos pacotes de cartão de créditos e hipotecas que perderam o seu valor, já que os consumidores não têm como sanar suas dívidas. Então essas ações que circulavam no mercado financeiro, em enorme quantidade, cerca de 63 trilhões de dólares, devido sua volatilidade, se ve neste período uma intensa desvalorização. Então as seguradoras do mercado financeiro, que asseguram o valor da ação para seus compradores, se vêem endividadas e sem condições de sanar as dividas, já que terão que pagar o valor da ação. Assim como aqueles que emitiram os títulos, já que temos uma queda no mercado imobiliário e as famílias americanas entregam as casas, já que não tem como pagar a hipotecas.

Então observamos o crédito sumir do mercado e a falta de dinheiro no mercado financeiro gera a famosa fuga de capitais para bens mais líquido, ainda intensificado para cobrir os enormes rombos das empresas em seus balanços. A crise passa a ser mundial devido a globalização e a intensa relação comercial EUA – CHINA – Resto do MUNDO. Os mercados financeiros de economias como o Brasil observa o alto fluxo de capital que vai volta para o centro devido às perdas gigantescas.

Hoje as medidas americanas mostram o poder do Estado americano e indo contra os princípios impostos por eles mesmos ao resto do mundo. Medidas liberais que mostram que o Estado pequeno sendo apenas regulador não é realidade. O mercado precisa de um “player”, um apoio constante e só encontra no Estado esse resguardo. A medida mais forte de estatização vista no mundo foi simplesmente o do país mais “liberal” do mundo. Acredito que chegou um excelente momento para repensarmos as formas que tomou a nossa sociedade capitalista. O capitalismo sempre terá seus períodos de crescimento e de recessão, já dizia Keynes. E o Estado deve entrar como atuante nos períodos onde o capitalista perde fôlego, ou seja, nos períodos recessivos.
Autores utilizados:
Keynes, Belluzo e Fiori