Para aqueles que se surpreenderam com a efetivação ao cargo de deputado federal, pelo Estado de São Paulo, de Francisco Everaldo Oliveira Silva em nosso processo democrático tão justo, igualitário, modelo de ordem e “progresso” as nações civilizadas... Os nossos “queridos” amigos do Norte não me parecem estar em melhor perspectiva dado que no dia 2 de novembro de 2010, os estadunidenses vão às urnas para elegerem senadores, deputados e governadores para 37 estados da “abençoada” República federativa. Tendo como pressuposto que estes caros tomaram para si a missão messiânica de levar a todos os continentes do Globo “o sonho americano”, que é definido por Immanuel Wallerstein como:
“O sonho americano é o sonho da possibilidade humana, em que todas as pessoas possam ser encorajadas a fazer o seu melhor, a alcançar o seu máximo e a ter a recompensa de uma vida confortável. É o sonho de que não haverá obstáculos artificiais no caminho dessa realização individual. É o sonho de que a soma dessas conquistas individuais é um grande bem estar social – uma sociedade de liberdade, igualdade e solidariedade. É o sonho de que somos um farol para o mundo que sofre por não concretizar este sonho.”
Cabe-nos então, averiguar como o “farol para o mundo” está realizando a disputa democrática para o cargo de governador. Pois bem, comecemos pelos candidatos a disputa pelo estado da Califórnia:
“Na Califórnia, o candidato democrata Jerry Brown disputa com a republicana, Meg Whitman. Bilionária, ela decolou nas pesquisas, prometendo cortar impostos dos mais ricos. Mas a campanha foi abalada com a denúncia de que ela contratou como babá uma imigrante ilegal. É o escândalo babágate.”
Em Nova Iorque:
“O candidato republicano Carl Paladino faz uma cruzada contra os homossexuais: "Não quero que as crianças pensem que ser gay é uma opção correta", ele disse. E criticou o adversário, o democrata Andrew Cuomo, por ele ter levado as filhas para assistir à parada gay de Nova York. ”
E assim sucessivamente diante dos 37 estados em processo... A questão curiosa que estes pequenos exemplos nos comprovam e nos levam a refletir é: até que ponto o processo democrático é realmente democrático? Ou... a disputa por um cargo a governador de um estado, a deputado federal deste e tantos outros em questão não servem apenas para atender interesses privados onde novamente o público fica relegado ao segundo plano?
Entre tantas pesquisas e campanhas o fato cada vez mais corriqueiro e permutado de normal é a institucionalização do mercado a nível público, ou em outros termos, a regularização do balcão de negócios travestido de Estado. O espantoso é que ainda tentem encontrar a linha “demarcatória” desses dois conceitos que na realidade não somente se confundem como sequer se dividem, ao contrário mesclam-se , fundem-se e apresentam-se como democráticos e produtos de uma sociedade democrática. Democracia esta que insistem em levar ao mundo mediante guerras, que é claro que é um instrumento muito democrático...
Diante dessas produções pitorescas que o universo político reflete torna-se cada vez mais evidente o universo que a sociedade produz e irradia como modelo real a ser seguido. E torna-se óbvio o porquê nós brasileiros somos os bons “imitadores” da arte de copiar o que de melhor é produzido no sistema-mundo para continuarmos avançando em meio a “(des) ordem e o progresso (?!)”. Assim, não poderíamos perder esse bonde! E estamos no caminho certo dado que a disputa presidencial não deixa sequer uma gafe neste conjunto de etiquetas onde o predomínio da agressividade e violência se faz regra! O que nenhuma analista atenta, no entanto, são para os indicadores da bolsa econômica que sobem e descem a cada declaração por parte dos petistas ou tucanos, a luz é tão clara que chega a cegar! Enquanto o transtorno confundido com disputa política manifesta a caricatura e pobreza de espírito do nosso sistema democrático, o mercado econômico sequer descansa e apenas espera o momento de poder “capitalizar” mais uma fatia dos recursos que ainda se perguntam onde é que fica o caminho para o público...
Retomando ainda Wallerstein: “Contudo, para compreendermos o mundo em que vivemos, temos que ir além dos sonhos, de modo a lançar um olhar atento à nossa história (...)”
A história que vivemos hoje é a história do mercado privado. A política que temos hoje é a política que tomou como exemplo a suposta nação mais rica do universo. Porém, mais rica para quem? O questionamento que nos resta é saber até quando o privado permitirá que o público exista... E se o faz qual é o lado que ocupamos? A privatização do Estado já é um fato consumado. E não está longe o tempo em que este fato será institucionalizado... É só prestar a atenção e ver ao invés de crer!
Referências Bibliográficas:
Wallerstein, I: O Declínio Do Poder Americano. Rio de Janeiro: Contraponto, 2004.
http://g1.globo.com/jornal-nacional/noticia/2010/10/campanha-para-governador-nos-eua-revela-candidatos-polemicos.html
“O sonho americano é o sonho da possibilidade humana, em que todas as pessoas possam ser encorajadas a fazer o seu melhor, a alcançar o seu máximo e a ter a recompensa de uma vida confortável. É o sonho de que não haverá obstáculos artificiais no caminho dessa realização individual. É o sonho de que a soma dessas conquistas individuais é um grande bem estar social – uma sociedade de liberdade, igualdade e solidariedade. É o sonho de que somos um farol para o mundo que sofre por não concretizar este sonho.”
Cabe-nos então, averiguar como o “farol para o mundo” está realizando a disputa democrática para o cargo de governador. Pois bem, comecemos pelos candidatos a disputa pelo estado da Califórnia:
“Na Califórnia, o candidato democrata Jerry Brown disputa com a republicana, Meg Whitman. Bilionária, ela decolou nas pesquisas, prometendo cortar impostos dos mais ricos. Mas a campanha foi abalada com a denúncia de que ela contratou como babá uma imigrante ilegal. É o escândalo babágate.”
Em Nova Iorque:
“O candidato republicano Carl Paladino faz uma cruzada contra os homossexuais: "Não quero que as crianças pensem que ser gay é uma opção correta", ele disse. E criticou o adversário, o democrata Andrew Cuomo, por ele ter levado as filhas para assistir à parada gay de Nova York. ”
E assim sucessivamente diante dos 37 estados em processo... A questão curiosa que estes pequenos exemplos nos comprovam e nos levam a refletir é: até que ponto o processo democrático é realmente democrático? Ou... a disputa por um cargo a governador de um estado, a deputado federal deste e tantos outros em questão não servem apenas para atender interesses privados onde novamente o público fica relegado ao segundo plano?
Entre tantas pesquisas e campanhas o fato cada vez mais corriqueiro e permutado de normal é a institucionalização do mercado a nível público, ou em outros termos, a regularização do balcão de negócios travestido de Estado. O espantoso é que ainda tentem encontrar a linha “demarcatória” desses dois conceitos que na realidade não somente se confundem como sequer se dividem, ao contrário mesclam-se , fundem-se e apresentam-se como democráticos e produtos de uma sociedade democrática. Democracia esta que insistem em levar ao mundo mediante guerras, que é claro que é um instrumento muito democrático...
Diante dessas produções pitorescas que o universo político reflete torna-se cada vez mais evidente o universo que a sociedade produz e irradia como modelo real a ser seguido. E torna-se óbvio o porquê nós brasileiros somos os bons “imitadores” da arte de copiar o que de melhor é produzido no sistema-mundo para continuarmos avançando em meio a “(des) ordem e o progresso (?!)”. Assim, não poderíamos perder esse bonde! E estamos no caminho certo dado que a disputa presidencial não deixa sequer uma gafe neste conjunto de etiquetas onde o predomínio da agressividade e violência se faz regra! O que nenhuma analista atenta, no entanto, são para os indicadores da bolsa econômica que sobem e descem a cada declaração por parte dos petistas ou tucanos, a luz é tão clara que chega a cegar! Enquanto o transtorno confundido com disputa política manifesta a caricatura e pobreza de espírito do nosso sistema democrático, o mercado econômico sequer descansa e apenas espera o momento de poder “capitalizar” mais uma fatia dos recursos que ainda se perguntam onde é que fica o caminho para o público...
Retomando ainda Wallerstein: “Contudo, para compreendermos o mundo em que vivemos, temos que ir além dos sonhos, de modo a lançar um olhar atento à nossa história (...)”
A história que vivemos hoje é a história do mercado privado. A política que temos hoje é a política que tomou como exemplo a suposta nação mais rica do universo. Porém, mais rica para quem? O questionamento que nos resta é saber até quando o privado permitirá que o público exista... E se o faz qual é o lado que ocupamos? A privatização do Estado já é um fato consumado. E não está longe o tempo em que este fato será institucionalizado... É só prestar a atenção e ver ao invés de crer!
Referências Bibliográficas:
Wallerstein, I: O Declínio Do Poder Americano. Rio de Janeiro: Contraponto, 2004.
http://g1.globo.com/jornal-nacional/noticia/2010/10/campanha-para-governador-nos-eua-revela-candidatos-polemicos.html
Gostou? Que tal valorizar nosso trabalho?
Devo admitir que não acompanho assiduamente as campanhas políticas. Acredito que esse meu desinteresse tenha sua base na forma como são conduzidas essas campanhas. Elas mais parecem uma forma de entretenimento a uma exposição de ideais e planejamentos. Com isso é que deveriamos estar realmente preocupados, afinal, estamos elegendo alguém que irá nos representar publicamente para alcançarmos o bem estar da maioria da nação. Ainda assim, para o segundo turno, resolvi parar para entender melhor as políticas que ambos os candidatos a presidência estão apresentando. Obviamente, sem nenhuma surpresa, nada esclarecedora. Pelo contrário, a campanha de ambos mais parecia um duelo no qual até mesmo o órgão máximo parecia um árbitro ditando as regras. Enfim, onde quero chegar é que de fato, o voto de hoje realmente não condiz com sua ideologia. A democracia atualmente é apenas um véu que esconde os interesses individuais e privados de cada um. Independentemente de serem um esquerdista radical ou um direitista conservador, todos, e aqui firmo novamente, TODOS buscam interesses privados. Não irei aqui citar acontecimentos ou fatos que comprovem isto. Não preciso! - Afinal, todos que assistiram o horário eleitoral nos últimos dias já sabem do que estou falando – E não adianta se defenderem dizendo que não sabia, ou que não estavam envolvidos porque seria hipocrisia da parte de ambos os lados, e que de fato existe. Mais voltando à questão, os interesses privados, sim, prevalecem e continuarão a prevalecer. Isso está intrínseco ao capitalismo, que, felizmente ou não, é o sistema em que vivemos e que provavelmente continuaremos a viver por um longo período. A questão agora não seria até quando o privado permitirá que o público exista, mais sim como domar estes interesses privados para que não deixemos que os interesses coletivos, sociais, públicos, democráticos, sejam suprimidos.
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