O Futuro do Meio Ambiente
Por Lester Brown
A questão não é lucrar menos, mas como construir uma economia em que o progresso econômico possa continuar. Se olharmos para o mundo gora, como fazemos ao editar o relatório "Estado do Mundo" – o que fazemos ‚ um check-up anual da Terra, o mesmo check-up que você faz quando vai ao médico. O que vemos nos 17 anos em que editamos o relatório ‚ que, a cada ano, a saúde do paciente deteriora.
Por Lester Brown
A questão não é lucrar menos, mas como construir uma economia em que o progresso econômico possa continuar. Se olharmos para o mundo gora, como fazemos ao editar o relatório "Estado do Mundo" – o que fazemos ‚ um check-up anual da Terra, o mesmo check-up que você faz quando vai ao médico. O que vemos nos 17 anos em que editamos o relatório ‚ que, a cada ano, a saúde do paciente deteriora.
Vemos os sinais da deterioração, florestas desaparecendo, a pesca está acabando, espécies desaparecendo, o nível do mar subindo, crescimento populacional contínuo, erosão do solo, a vegetação morrendo. E a lista continua. E sabemos que se essa tendência continuar, os sistemas de suporte econômico irão... Se a deterioração continuar, a economia também vai piorar. Hoje, estudamos sítios arqueológicos de antigas civilizações que seguiram uma rota econômica ambientalmente insustentável. No Oriente Médio, a antiga civilização da Mesopotâmia, a mais avançada ‚ - eles inventaram a escrita, tinham a linguagem escrita, deviam tratar aquilo como tratamos a Internet, as primeiras cidades bem projetadas - era uma civilização avançada, baseada na irrigação. Mas eles cometeram um erro no sistema de irrigação, eles não o projetaram para evitar a elevação dos lençóis freáticos. Isso resultou na inundação e no salgamento das terras, e o suprimento de alimentos começou a cair. Hoje, a região onde esta civilização prosperou é um deserto. Podemos pensar em outras civilizações: os maias, na América Central, onde agora fica a planície da Guatemala. Havia mais gente lá no ano 900 do que há atualmente. Uma civilização florescente que se acabou, aparentemente devido ao desflorestamento e erosão do solo. Há outros exemplos. A história ‚ é bem clara. Se começarmos a destruir os sistemas de suporte ambiental, quer sejam eles sistemas de irrigação, florestas ou solo, teremos problemas. Outro exemplo dramático‚ o norte da África. O norte da África já foi o celeiro de Roma.
Os romanos comiam o trigo produzido lá. Foi uma grande região fornecedora de alimentos. E devia ter um solo altamente fértil, considerando a tecnologia disponível na época. Hoje é um grande deserto. Não é mais um celeiro para o mundo. Esta é uma das responsabilidades do governo. Historicamente, quando a economia global era muito pequena, comparada com o tamanho da Terra, o crescimento era bom. Não havia problemas.
Mas quando chegamos perto dos limites, das florestas, da pesca, dos solos, recursos hídricos, então temos de replanejar o sistema. O governo deve desempenhar um papel importante. Nós achamos que o instrumento político mais importante que os governos têm para reestruturar na economia - por exemplo, para reduzir as emissões de carbono - é reestruturar o sistema tributário. Hoje, o governo tributa fortemente a renda. A renda das pessoas e das empresas. Mas não se deve taxar tudo indiscriminadamente. As pessoas devem trabalhar, elas devem economizar, as empresas devem ganhar dinheiro. O que não queremos são atividades ambientalmente destrutivas. Emissão de gás carbônico, que afeta o clima da Terra, o descarte de lixo tóxico, geração de lixo, destruição de florestas, destruição de espécies animais e vegetais, da diversidade biológica do planeta.
Precisamos reestruturar o sistema tributário. Vamos taxar atividades ambientalmente destrutivas, desencorajando-as,e encorajar atividades ambientalmente construtivas. Você esta certo; empresas individualmente, por si mesmas, não conseguem criar uma resposta eficaz. O governo tem de estar envolvido. Mas as empresas e os indivíduos, como eu e você, podem ajudar o governo a realizar essas mudanças. A questão não é‚ o quanto consumimos, mas como produzimos o que consumimos. Posso dar vários exemplos. Este é um exemplo de fora da comunidade ambiental.
Nos EUA, em Atlanta, Geórgia, há um grande fabricante de carpetes. Ele produz carpetes para uso comercial, não residencial, para escritórios e sedes de corporações. O dono dessa empresa de carpetes - que tem fábricas em 9 países e vende em mais de 100 passes‚ uma enorme empresa - ele começou a se preocupar com questões ambientais, e pensou: "O que posso fazer, na minha empresa, para mudar o sistema, para torna-la ambientalmente sustentável, para criar um sistema econômico que permita que o progresso econômico continue?" Ele disse: "não venderemos o carpete. Venderemos o serviço. Uma empresa nos contratar para acarpetar seus escritórios. Digamos, por 10 anos. Nós faremos a manutenção. Se o carpete se desgastar, nós o trocaremos. Mas o carpete deve voltar para a fábrica. Quer ele seja de nilon, poliester, ele ser decomposto, reprocessado, refeito, e voltar a forrar um outro chão". Essa mudança elimina a necessidade da matéria-prima, pois sempre se usa o carpete no sistema. E nada vai para o lixo, não há desperdício. Ele achou um modo de fechar o ciclo.
Assim, não é uma questão de usarmos o carpete, mas de como fabricamos o carpete que usamos. Podemos acarpetar casas por toda parte, não importa, com carpetes muito bons. Se o fizermos de um modo ambientalmente sustentável. E o que ele fez por essa economia – e seu objetivo ‚ não perder uma única molécula do carpete -‚ que ele fechou o ciclo. Fica tudo dentro do ciclo. Basicamente ‚ nisso que temos de pensar, em como fazer isso para a economia global. Como reestruturá -la para atender nossas necessidades, mas sem agirmos de maneira autodestrutiva no processo, como acontece atualmente. Continuaria sendo a produção, mas utilizando materiais reciclados, não matéria-prima virgem. Pode haver um uso maior da mão-de-obra, porque muitas indústrias voltadas para a reciclagem usam mais mão-de-obra e menos matéria-prima do que as que temos atualmente. Um dos motivos pelos quais o atual governo alemão estão reestruturando seu sistema tributário, reduzindo o imposto de renda e aumentando o imposto energético, para aumentar a eficácia energética da economia e para estimular a criação de fontes de energia alternativas como a energia eólica, que esta se tornando importante no norte da Alemanha.
A economia ambientalmente sustentável, que podemos ver, sabemos como ‚ podemos descrever com detalhes‚ voltada para maior uso de mão-de-obra. E também ‚ uma grande oportunidade de investimento.