quarta-feira, 17 de março de 2010

O Futuro do Meio Ambiente


O Futuro do Meio Ambiente
Por Lester Brown

A questão não é lucrar menos, mas como construir uma economia em que o progresso econômico possa continuar. Se olharmos para o mundo gora, como fazemos ao editar o relatório "Estado do Mundo" – o que fazemos ‚ um check-up anual da Terra, o mesmo check-up que você faz quando vai ao médico. O que vemos nos 17 anos em que editamos o relatório ‚ que, a cada ano, a saúde do paciente deteriora.

Vemos os sinais da deterioração, florestas desaparecendo, a pesca está acabando, espécies desaparecendo, o nível do mar subindo, crescimento populacional contínuo, erosão do solo, a vegetação morrendo. E a lista continua. E sabemos que se essa tendência continuar, os sistemas de suporte econômico irão... Se a deterioração continuar, a economia também vai piorar. Hoje, estudamos sítios arqueológicos de antigas civilizações que seguiram uma rota econômica ambientalmente insustentável. No Oriente Médio, a antiga civilização da Mesopotâmia, a mais avançada ‚ - eles inventaram a escrita, tinham a linguagem escrita, deviam tratar aquilo como tratamos a Internet, as primeiras cidades bem projetadas - era uma civilização avançada, baseada na irrigação. Mas eles cometeram um erro no sistema de irrigação, eles não o projetaram para evitar a elevação dos lençóis freáticos. Isso resultou na inundação e no salgamento das terras, e o suprimento de alimentos começou a cair. Hoje, a região onde esta civilização prosperou é um deserto. Podemos pensar em outras civilizações: os maias, na América Central, onde agora fica a planície da Guatemala. Havia mais gente lá no ano 900 do que há atualmente. Uma civilização florescente que se acabou, aparentemente devido ao desflorestamento e erosão do solo. Há outros exemplos. A história ‚ é bem clara. Se começarmos a destruir os sistemas de suporte ambiental, quer sejam eles sistemas de irrigação, florestas ou solo, teremos problemas. Outro exemplo dramático‚ o norte da África. O norte da África já foi o celeiro de Roma.

Os romanos comiam o trigo produzido lá. Foi uma grande região fornecedora de alimentos. E devia ter um solo altamente fértil, considerando a tecnologia disponível na época. Hoje é um grande deserto. Não é mais um celeiro para o mundo. Esta é uma das responsabilidades do governo. Historicamente, quando a economia global era muito pequena, comparada com o tamanho da Terra, o crescimento era bom. Não havia problemas.

Mas quando chegamos perto dos limites, das florestas, da pesca, dos solos, recursos hídricos, então temos de replanejar o sistema. O governo deve desempenhar um papel importante. Nós achamos que o instrumento político mais importante que os governos têm para reestruturar na economia - por exemplo, para reduzir as emissões de carbono - é reestruturar o sistema tributário. Hoje, o governo tributa fortemente a renda. A renda das pessoas e das empresas. Mas não se deve taxar tudo indiscriminadamente. As pessoas devem trabalhar, elas devem economizar, as empresas devem ganhar dinheiro. O que não queremos são atividades ambientalmente destrutivas. Emissão de gás carbônico, que afeta o clima da Terra, o descarte de lixo tóxico, geração de lixo, destruição de florestas, destruição de espécies animais e vegetais, da diversidade biológica do planeta.

Precisamos reestruturar o sistema tributário. Vamos taxar atividades ambientalmente destrutivas, desencorajando-as,e encorajar atividades ambientalmente construtivas. Você esta certo; empresas individualmente, por si mesmas, não conseguem criar uma resposta eficaz. O governo tem de estar envolvido. Mas as empresas e os indivíduos, como eu e você, podem ajudar o governo a realizar essas mudanças. A questão não é‚ o quanto consumimos, mas como produzimos o que consumimos. Posso dar vários exemplos. Este é um exemplo de fora da comunidade ambiental.

Nos EUA, em Atlanta, Geórgia, há um grande fabricante de carpetes. Ele produz carpetes para uso comercial, não residencial, para escritórios e sedes de corporações. O dono dessa empresa de carpetes - que tem fábricas em 9 países e vende em mais de 100 passes‚ uma enorme empresa - ele começou a se preocupar com questões ambientais, e pensou: "O que posso fazer, na minha empresa, para mudar o sistema, para torna-la ambientalmente sustentável, para criar um sistema econômico que permita que o progresso econômico continue?" Ele disse: "não venderemos o carpete. Venderemos o serviço. Uma empresa nos contratar para acarpetar seus escritórios. Digamos, por 10 anos. Nós faremos a manutenção. Se o carpete se desgastar, nós o trocaremos. Mas o carpete deve voltar para a fábrica. Quer ele seja de nilon, poliester, ele ser decomposto, reprocessado, refeito, e voltar a forrar um outro chão". Essa mudança elimina a necessidade da matéria-prima, pois sempre se usa o carpete no sistema. E nada vai para o lixo, não há desperdício. Ele achou um modo de fechar o ciclo.
Assim, não é uma questão de usarmos o carpete, mas de como fabricamos o carpete que usamos. Podemos acarpetar casas por toda parte, não importa, com carpetes muito bons. Se o fizermos de um modo ambientalmente sustentável. E o que ele fez por essa economia – e seu objetivo ‚ não perder uma única molécula do carpete -‚ que ele fechou o ciclo. Fica tudo dentro do ciclo. Basicamente ‚ nisso que temos de pensar, em como fazer isso para a economia global. Como reestruturá -la para atender nossas necessidades, mas sem agirmos de maneira autodestrutiva no processo, como acontece atualmente. Continuaria sendo a produção, mas utilizando materiais reciclados, não matéria-prima virgem. Pode haver um uso maior da mão-de-obra, porque muitas indústrias voltadas para a reciclagem usam mais mão-de-obra e menos matéria-prima do que as que temos atualmente. Um dos motivos pelos quais o atual governo alemão estão reestruturando seu sistema tributário, reduzindo o imposto de renda e aumentando o imposto energético, para aumentar a eficácia energética da economia e para estimular a criação de fontes de energia alternativas como a energia eólica, que esta se tornando importante no norte da Alemanha.

A economia ambientalmente sustentável, que podemos ver, sabemos como ‚ podemos descrever com detalhes‚ voltada para maior uso de mão-de-obra. E também ‚ uma grande oportunidade de investimento.

sexta-feira, 5 de março de 2010

O Lobby contra os motores Flex pode manchar imagem da Toyota


O motor Flex surgiu como um grande aliado do meio ambiente e ainda uma saída mais viável que algumas opções como o motor elétrico, e os defensores dessa linha flex torcem para que seja disseminado no mundo inteiro. Mas a notícia que a Toyota promove boicote aos veículos flex nos Estados Unidos foi um espanto por parte dos defensores do motor.

A Toyota com essa atitude mostrou ser antagônica nas suas escolhas acredita Alfrred Szwarc, Consultor de ETU (Emissões e Tecnologia da Única, entidade que representa as usinas de álcool. Uma vez que no Brasil o carro Corolla (Sedã médio) FLEX é líder de venda. Atingindo 54,6 mil unidades vendidas. Mas, esta atitude mostra também que a Toyota está trabalhando por setores. Mas notamos que há uma relutância da Toyota em trabalhar com os motores Flex. A resposta para essa atitude é que ela vêem apostando nos motores híbridos, entretanto o etanol é compatível a essa tecnologia que eles apostam.

Nos Estados Unidos o carro flex é conhecido como E85, devido a mistura de etanol e gasolina que são respectivamente 85% e 15%, sendo necessária essa mistura devido o inverno. O carro Flex ainda não atingiu 8 milhões de unidades vendidas. Grande reclamação é a falta de postos que possuam a mistura.

O lobby contra os motores flex é um grande obstáculo para o Brasil vir a exportar etanol, mas não é intransponível, pensa Szware. Ressalta ainda que o próprio governo americano estabelecesse uma meta interessante que é: até 2012, 50% dos carros vendidos terão que ser flex, e até 2018 atingir 80%.

A queda da venda de etanol para os EUA vem caindo, devido o investimento local em etanol a base de milho. Os investimentos são altos e com isso a uma melhora na capacidade de produção de etanol dos EUA. Isso gera um aumento da produtividade dos americanos.

A Toyota, através do seu porta-voz afirma que a montadora nunca se opôs ao carro flex no Brasil. Mas ela acredita que “ter o carro certo, com a tecnologia certa para cada país”. Sempre observando os custos benefícios e a viabilidade do projeto.

O grande problema agora não é dizer que aposta em carros híbridos ou que cada país ela atua diferente. Com o mundo globalizado e a informação cada vez mais curta e veloz, com certeza manchou a imagem da Toyota em muitos lugares. Ainda mais em um momento que todos estão falando em meio ambiente, proteção do planeta, sustentabilidade econômica, diminuição da emissão de gás carbônico, ir contra algumas soluções pode transmitir uma imagem errada e ainda gerar oportunidades de retaliações via propaganda dos concorrentes. A Toyota abriu a guarda e pode sofrer um ataque, se bem trabalhado pelos concorrentes, pode sair bem mais indigesto do que imaginava.