O mercado de cerveja mundial está cada vez mais concentrado. Existem poucas empresas que detêm grande parte da produção da bebida. Dentro desse cenário, o Brasil abriga uma das maiores cervejarias do planeta, a AmBev, que junto com a belga Interbrew formam a maior produtora de cerveja do mundo (InBev). Porém, esse posto só foi possível com a recente aquisição (por 52 bilhões de dólares) da americana Anheuser-Busch, produtora da Budweiser. Juntas, elas produzem 25% da cerveja que é consumida mundialmente.
O mercado brasileiro é um grande exemplo do oligopólio que ocorre nesse setor. Dados da Agência Estado, referentes a julho deste ano, mostram como está distribuído o mercado: as marcas de cerveja Ambev (Brahma, Skol e Antártica principalmente) são responsáveis por aproximadamente 69% das vendas no país. Seguidas de longe pela Schincariol (Nova Schin) com 12,5%, pela Petrópolis (Itaipava e Crystal) com 10% e pela Femsa (Kaiser, Sol e Bavária) com aproximadamente 7,5%. Com essa concentração, as empresas familiares ou de menor porte são naturalmente expulsas do mercado. Isso porque não conseguem produzir a custos tão baixos como o das grandes empresas, que realizam economia de escala (grandes produções para reduzir custos). Além disso, são deixados em segundo plano pelos produtores das matérias-prima necessárias, que preferem realizar suas vendas em maior escala para os líderes de mercado. Com isso, as micro empresas não consege competir em preços e são adquiridas pelas maiores ou até são obrigadas a abandonar o mercado.
No início do mês surgiu no mercado a informação de que a Femsa, empresa mexicana responsável pela distribuição dos produtos Coca-Cola, está interessada em vender a divisão de cervejas. Como mostrado no jornal Folha de São Paulo de sexta feira, dia 2 de outubro, a fusão tem valor estimado em 9 bilhões de dólares. O interesse surgiu porque a empresa quer dar prioridade a distribuição de refrigerantes, que é a divisão que mais cresce dentro dela (crescimento de 30,4% perante os 6,7% da cerveja no faturamento do segundo trimestre deste ano). As maiores interessadas na compra são a holandesa Heineken e a inglesa SABMiller, sendo que a última é vista pelos analistas com maior potencial de compra. Isso porque a Heineken ainda possui dívidas da recente aquisição da britânica Scottish & Newcastle.
Se forem concretizadas as negociações, o mercado de cerveja se tornará mais concentrado ainda. A SABMiller, por exemplo, já é a segunda maior produtora mundial de cerveja e pode se tornar ainda maior com a compra da gigante mexicana. No Brasil, pode haver uma pequena mudança de cenário, já que a empresa que comprar a Femsa, pode utilizar a capacidade já instalada no país para aumentar a produção de suas principais cervejas. Assim, haveria uma tentativa de obter uma parcela maior do mercado, sendo possível até desbancar a Schincariol e a Petrópolis como segunda e terceira colocadas respectivamente. No mercado interno, a compra pela Heineken pode ser a que gere maior impacto, já que a empresa possui atualmente uma estratégia mais agressiva de entrada no Brasil (segundo maior consumidor em volume do mundo).
Nenhum comentário:
Postar um comentário