segunda-feira, 7 de dezembro de 2009

"Petropotência"


Uma notícia vinculada hoje no jornal Washington Post afirma que o Brasil pode se tornar uma potência do petróleo até 2020. O autor, Juan Forero, fez uma visita às instalações da Petrobrás em Angra dos Reis e ficou impressionado com o que viu: cerca de 4mil funcionários, bilhões aplicados em custo de capital e plataformas gigantescas inconclusas. Isso tudo é reflexo de um investimento de 174 bilhões de dólares nos últimos 5 anos, o qual será responsável pelo país sair do patamar de importador para um dos maiores produtores na próxima década. A estimativa da Petrobrás é de que a produção irá dobrar nesse período, passando de 2 para 3,9 milhões de barris por dia. Além disso, as reservas que hoje são de aproximadamente 14,4 bilhões de barris chegariam a 30bi.

Logicamente, esse investimento todo sozinho não poderia ser responsável por tal salto. O Brasil foi beneficiado pelas recentes descobertas de petróleo em águas profundas, na camada do pré-sal. A descoberta, segundo José Sérgio Gabrielli, presidente da Petrobrás, fará com que o Brasil seja um grande produtor de petróleo. Porém, não será o suficiente para torná-lo um exportador. Isso porque o Brasil, oitava maior economia do mundo, utilizaria a maior parte da produção para consumo próprio. Apesar disso, poderia haver um maior desenvolvimento para a exportação de produtos derivados do petróleo, como gasolina e diesel.
Apesar das previsões otimistas, o repórter do Washington Post coloca algumas ressalvas. A principal delas é o fato do governo brasileiro possuir controle majoritário sobre o setor e colocar impecilhos para o investimento estrangeiro. A Petrobrás é dirigida basicamente por membros do governo e mais da metade de seus acionistas, com direito a voto, são brasileiros. Apesar de Gabrielli afirmar que empresas como a Exxon Mobil, a BG Group, a Royal Dutch Shell e a Spain's Repsol estarem investindo bilhões de dólares para desenvolver sua parte, representantes dessas empresas afirmam que a estatal está limitando o desenvolvimento.

Acredito que a discussão sobre os benefícios do pré-sal está além disso. O investimento estrangeiro é muito importante em qualquer setor. E possivelmente há um cuidado excessivo quanto à entrada dele nesse caso, por se tratar de um setor estratégico, já que o petróleo não é mais um produto tão abundante. Porém, o mais importante a se analisar é o como tornar essa vantagem que o país possui em retorno para ele. Não basta sermos o maior produtor do mundo se isso não gerar emprego internamente, se não desenvolver indústrias ligadas direta e indiretamente com o petróleo, se não utilizarmos o retorno do investimento em desenvolvimento para o Brasil. Prova disso é que entre os maiores exportadores do produto estão países como Nigéria, Cazaquistão e Qatar, locais onde não há nem de perto distribuição de renda, altos índices de empregabilidade ou mesmo desenvolvimento industrial.

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