Hoje o Ibovespa subiu para um dos maiores patamares do ano, chegando aos 61316 pontos . Dois fatores contribuiram consideravelmente para isso: O petróleo e os metais voltaram a ser comprados internacionalmente, sofrendo inclusive um aumento repentino de preços, o que valorizou as ações da Petrobrás e da Vale, base do índice de ações brasileiro; E fusões internacionais animaram investidores, como a compra da Affiliated Computer Services pela Xerox e no setor farmacêutico, a compra de um braço da Solvay pela Abbott.
Se as ações acumulam na Bovespa uma alta de 61% no ano, porque o setor produtivo não acompanha esse otimismo? Primeiramente, a oscilação do papel das empresas nada mais é do que uma expectativa do investidor. A economia mundial tem dado sinais de recuperação, o que anima os investidores a realizar esse tipo de investimento, já que os juros estão baixos, e ele procura outras formas de valorizar seu capital. Somado a isso, o Brasil tem sido constantemente elogiado no mercado internacional, inclusive recebendo grau de investimento, como visto no último texto publicado aqui pelo Michel Racy. Portanto, não necessariamente a economia real está melhorando no mesmo ritimo que a alta das ações.
Esse cenário de alta expressiva em um curto período, pode portanto, se tornar nada mais que uma bolha especulativa. Ou seja, os papéis se valorizam consideravelmente, porém os setores não confirmam essa espectativa, e os preços podem ser reajustados, o que geraria uma queda das ações no futuro. O que pode ser feito para mudar essa visão pessimista? Nada mais do que mudar o foco dado para o capital dentro do país (seja internacional ou até mesmo de investidores internos privados): investimento produtivo. Há anos o Brasil possui baixas taxas de cresimento do PIB e altas significativas no mercado acionário, isso porque a abertura comercial na decada de 90, somados aos juros altos que o país oferece desde então, torna nosso mercado muito atrativo para o investimento especulativo.
Apesar de tudo, é plenamente possível alterar esse cenário. O mundo todo reduziu suas taxas de juros consideravelmente, e o Brasil, apesar de ainda possuir uma das mais altas, está em patamares bem abaixo dos últimos anos. Esse fato, somado ao potencial de recuperação econômica deixado pela crise (que supostamente está chegando ao fim), poderia gerar investimento produtivo no país, se houvessem incentivos governamentais para isso. O Estado poderia ser o responsável pela infra estrutura do país, indústrias de base, o que traria grandes benefícios de longo prazo, atraindo ainda mais capital privado, que tem um grande potencial de desenvolvimento em diversos setores estratégicos. Com o surgimento de novas empresas no mercado, ou as que estão aqui recebessem mais investimentos, consequentemente haveria uma maior geração de emprego, maior consumo interno.. chegando no resultado óbvio, um maior aumento do PIB.