sexta-feira, 30 de outubro de 2009

Dia das Bruxas Antecipado no Mercado Financeiro


Com o dia das bruxas se aproximando o que vimos esta semana foi uma verdadeira traquinagem do mercado financeiro. Apesar do cenário internacional estar se apresentando de modo positivo, como no caso do Japão já anunciando o fim das medidas anti-crise, a França divulgando sua expectativa otimista perante sua economia neste terceiro trimestre, a bolsa brasileira não conseguiu manter-se estável durante esta semana.

Com altas de quase 6% e quedas de quase 5%, a Bovespa se mostrou ainda vítima dos especuladores. Estes pareciam não terem recebido seu "doce", pelo contrário, uma parte dele lhes foi tirada com a taxação do IOF - já explicado anteriormente em outros posts. O investidor expeculativo pareceu querer "pregar uma peça", então, no mercado financeiro, como aquela que as crianças fazem no dia das bruxas. E, parece ter dado certo até agora. A medida de taxação do governo pareceu não surtir efeito, mesmo apesar de todo um escândalo gerado sobre o assunto.
Se for feita uma análise mais detalhada, nem poderia. Colocando-se na balança a taxa que se está cobrando com os lucros tidos em renda fixa (titulos do próprio governo) teriamos uma taxa aproximada de ganho de 30% já somada este ano (selic + variação cambial). Ao ponto que se este mesmo capital estivesse atrelado a renda variável (bovespa + variação cambial) este valor ultrapassaria as taxas de 80%. Então, 2% faria alguma diferença para este investidor? Acredito que não.
Isto mostra que o país ainda é muito vulnerável. Qualquer tipo de notícia influência fortemente as bases do mercado e consequentemente da economia. Ainda que, como apresentei, alguns países tenham mostrado resultados positivos, várias empresas (principalmente norte-americanas) não se mostraram favoráveis a ter um bom fim de ano, como no caso da Alcatel-Lucent que acumula 12 prejuízos consecutivos. Mesmo assim, muitas ainda esperam que este fim de ano seja melhor favorável as vendas.
Outras datas comemorativas ainda estão por vir. Nos EUA, por exemplo, o Halloween, é a segunda maior data de consumo do país (perdendo apenas para o natal). Apesar de serem datas das quais o que realmente deveria importar é a história e tradição que com elas trazem, acabaram tratando-se de datas praticamente consumistas nas quais o habito do consumo se tornou tão intrínseco e necessário que passam a ser partes importantes do planejamento de venda das empresas.
Sendo assim, devemos nos utilizar deste ponto fraco dos consumidores para estimular o crescimento do capital produtivo. Fazendo isto, espera-se que sejam criadas "barreiras invisíveis" contra as bruxas do mercado financeiro, que tornam a economia vulnerável as ocilações internacionais. Uma tarefa ainda difícil de ser realizada já que comparado aos outros países do mundo, aqui, ainda, se encontra uma das maiores taxas de juros (hoje 8,75%aa) contra taxas quase zero de países como Japão.

segunda-feira, 26 de outubro de 2009

Concentração no Mercado de Cerveja


O mercado de cerveja mundial está cada vez mais concentrado. Existem poucas empresas que detêm grande parte da produção da bebida. Dentro desse cenário, o Brasil abriga uma das maiores cervejarias do planeta, a AmBev, que junto com a belga Interbrew formam a maior produtora de cerveja do mundo (InBev). Porém, esse posto só foi possível com a recente aquisição (por 52 bilhões de dólares) da americana Anheuser-Busch, produtora da Budweiser. Juntas, elas produzem 25% da cerveja que é consumida mundialmente.


O mercado brasileiro é um grande exemplo do oligopólio que ocorre nesse setor. Dados da Agência Estado, referentes a julho deste ano, mostram como está distribuído o mercado: as marcas de cerveja Ambev (Brahma, Skol e Antártica principalmente) são responsáveis por aproximadamente 69% das vendas no país. Seguidas de longe pela Schincariol (Nova Schin) com 12,5%, pela Petrópolis (Itaipava e Crystal) com 10% e pela Femsa (Kaiser, Sol e Bavária) com aproximadamente 7,5%. Com essa concentração, as empresas familiares ou de menor porte são naturalmente expulsas do mercado. Isso porque não conseguem produzir a custos tão baixos como o das grandes empresas, que realizam economia de escala (grandes produções para reduzir custos). Além disso, são deixados em segundo plano pelos produtores das matérias-prima necessárias, que preferem realizar suas vendas em maior escala para os líderes de mercado. Com isso, as micro empresas não consege competir em preços e são adquiridas pelas maiores ou até são obrigadas a abandonar o mercado.


No início do mês surgiu no mercado a informação de que a Femsa, empresa mexicana responsável pela distribuição dos produtos Coca-Cola, está interessada em vender a divisão de cervejas. Como mostrado no jornal Folha de São Paulo de sexta feira, dia 2 de outubro, a fusão tem valor estimado em 9 bilhões de dólares. O interesse surgiu porque a empresa quer dar prioridade a distribuição de refrigerantes, que é a divisão que mais cresce dentro dela (crescimento de 30,4% perante os 6,7% da cerveja no faturamento do segundo trimestre deste ano). As maiores interessadas na compra são a holandesa Heineken e a inglesa SABMiller, sendo que a última é vista pelos analistas com maior potencial de compra. Isso porque a Heineken ainda possui dívidas da recente aquisição da britânica Scottish & Newcastle.


Se forem concretizadas as negociações, o mercado de cerveja se tornará mais concentrado ainda. A SABMiller, por exemplo, já é a segunda maior produtora mundial de cerveja e pode se tornar ainda maior com a compra da gigante mexicana. No Brasil, pode haver uma pequena mudança de cenário, já que a empresa que comprar a Femsa, pode utilizar a capacidade já instalada no país para aumentar a produção de suas principais cervejas. Assim, haveria uma tentativa de obter uma parcela maior do mercado, sendo possível até desbancar a Schincariol e a Petrópolis como segunda e terceira colocadas respectivamente. No mercado interno, a compra pela Heineken pode ser a que gere maior impacto, já que a empresa possui atualmente uma estratégia mais agressiva de entrada no Brasil (segundo maior consumidor em volume do mundo).

Pequenos atos - Grandes Homens - Juca Kfouri - 2/20

José Carlos Amaral Kfouri, o famoso Juca Kfouri, um dos mais importante jornalista esportico do Brasil. Juca cursou Ciências Sociais na Faculdade de Filosofia, Letras e Ciências Humanas da Universidade de São Paulo. Trabalhos na Editora Abril, chegou em 1974 a ser chefe de departamento. Em 1974, recebeu o convite para ser chefe de reportagem da revista Placar, saiu para trabalhar na extinta TV Tupi. Mas, logo menos a TV Tupi faliu e no dia seguinte, Jairo Regis convidou para ser editor de projetos especiais na Placar, novamente. Passado algum tempo mudou de cargo e chegou a ocupar o cargo de Diretor de redação da revista. Até o dia que saiu da editora, Juca iria apresentar denúncias contra Eduardo José Farah e Ricardo Teixeira,. Mas devido o poder político e de alguns negócios da Editora que precisava de apoio dos dirigentes, se viu em um ambiente desgastado, então deixou a diretoria da redação da revista e a editora.

Juca sempre seguiu seus princípios, um exemplo de homem público. Tomou sempre um posicionamento frente as situações de forma correta e seguindo uma posição sempre justa e correta, faltam homens como Juca kfouri no Brasil. Um homem que transparece as questões como ética, moral e respeito, a imagem de pessoa séria e justo, fez ele receber o apelido de “O paladino da moral”, mas ele não acredita nisso, diz ele que “Que paladino coisa nenhuma! São as pessoas que fazem isso. Você me vê defender posições, meus princípios.” Juca. Poucos homens transparecem tais princípios. Homens assim a tentação nem da as caras, ser firme e feroz como Juca, pode se ganhar muitos inimigos ocultos.

Devemos nos espelhar em homens como o jornalista que luta contra a ignorância, não se curva diante os poderosos, pois sabe que sua consciência não estará tranqüila se estiver fazendo algo de errado. Todos nós erramos, mas, poucos admitem o erro, Juca faz isso e não sofre, pois esta seguindo aquilo que acredita que está correto, poucos seguem estes princípios. Juca é um destes casos que enfrenta sem medo aqueles que ferem os códigos sociais e democráticos. Faz isso simplesmente porque acredita que é seu dever sua obrigação como homem público e jornalista. O Brasil precisa de homens assim na política, nos órgão do governo, e em diversos setores da economia brasileira. Faltam pessoas assim.

sexta-feira, 23 de outubro de 2009

Taxação do Capital Estrangeiro: Medida Certa de Argumentos Errados


Como divulgado pela mídia, nesta terça-feira (20/10) entrou em vigor a medida de taxação do capital estrangeiro nos investimentos de renda fixa e na bolsa de valores. Como outras medidas, esta, não deixou de ser alvo de críticas de especialistas sobre sua eficácia naquilo em que propunha - conter a variação do câmbio.

De acordo com o Ministro da Fazenda, Guido Mantega, o objetivo Imposto sobre Operações Financeiras (IOF) seria reduzir o fluxo de capital estrangeiro especulativo no país com a finalidade de regular as variações do câmbio - este já registra uma variação de valorização de 25% em relação ao dólar. Desta forma, o capital de curto prazo (caracterizado como sendo o especulativo) sofreria a taxação de forma mais punitiva que o de longo prazo, uma vez que, no longo prazo, esta alíquota seria diluída ao passar do tempo.

Porém, analistas de mercado advertem que o IOF não seria eficiente para segurar as oscilações cambiais (baixo valor de taxa) e ainda, caso se mostre eficaz, poderia fazer com que as empresas de capital aberto passassem a apresentar prejuízos devido à fuga de capitais do mercado nacional.

Por outro lado, o jornal britânico Financial Times publicou em sua edição desta quinta-feira que apóia a decisão do governo brasileiro. O jornal afirma que o país está sendo "sábio... antes que seja tarde demais". Fazendo uma análise, os editores da reportagem afirmam que "cada vez mais, o capital que entra no Brasil é por meio de carteiras de investimento em vez de investimento direto externo (IDE)".

Os dados apontam que em Agosto deste ano um valor inferior à metade do valor do ano anterior em capital estrangeiro foi de IDEs enquanto os fluxos de carteiras de investimento mais que duplicaram no mesmo período. Deste modo, como colocado pelo jornal britânico, a medida brasileira de taxação do capital estrangeiro deveria ser argumentada a favor do corte de fluxos especulativos, que significam uma menor propensão à formação de possíveis bolhas especulativas.

Analisando com mais cuidado a medida, vemos que o investidor realmente "prejudicado" é o de investimento especulativo (curto prazo). A taxação não atinge aquele que deseje fazer um investimento direto no país. Além disso, não pode ser tratada como uma taxa "injusta" ou "desleal", como ocorreu no caso da Malásia, pois de modo claro, trata-se de uma taxação no momento em que o capital entra no país e não em sua saída.

Um reflexo da medida pode ser observado ainda esta semana com a queda bruta da Bovespa em mais de 2% após alguns dias de altas seguidas, juntamente com uma leve alta do dólar. Porém, seqüencialmente, a bolsa voltou a subir e se estabilizar, assim como o dólar.

Deste modo, vemos que a medida de taxação em 2% do capital rentista fixo e em carteiras de investimento aparece de modo inteligente, porém com justificativas erradas. Certamente, a vulnerabilidade de países emergentes, como o Brasil, é muito maior e mais propícia a bolhas especulativas. Nesse sentido, medidas sutis de caráter regulatório do capital estrangeiro devem ou podem ser realizadas visando evitar problemas especulativos. Acreditar que com isso se conseguirá realizar um controle cambial seria falho. A algum tempo, o país vem se mostrando concreto suficiente para despertar interesses internacionais de investimento, e este processo que tem proporcionado o fortalecimento do real perante ao dólar.

O que resta ao país agora, como colocado pelo Financial Times, é aprender a "viver com um real mais forte" e que tal medida "não altera este fato mais ajuda a mantê-lo sob controle".

quinta-feira, 22 de outubro de 2009

Pequenos Atos - Grandes Homens - William Bonner - 1/20



Willian Bonner desde 1999 anos a frente ao Jornal Nacional, como Editor Chefe. Traz todos os dias as notícias que são destaque no Brasil e no Mundo. Um homem digno do cargo de editor chefe. Após sua entrevista com Marília Gabriela fica mais fácil tornar-se um admirador de um homem sensato, digno e fiel aos seus pensamentos sociais e políticos. O trabalho é diário e incessante frente ao jornal de maior repercussão do país. Bonner lançou este ano o seu livro, “Jornal Nacional – Modo de Fazer”, que retrata o dia a dia das edições, detalhando os critérios e como funciona o trabalho incessante dos jornalistas e da equipe por trás das câmeras.

“ O livro mostra como o Jornal Nacional é feito no dia-a-dia, suas edições típicas e as atípicas, os critérios que usamos e como funciona. Para quem é estudante de jornalismo é muito interessante, e para quem é leigo tem um certo didatismo que poderá ser útil” explica Bonner.

Mas, o ato que devemos lembrar deste jornalista, que entra na nossa casa de segunda a sábado, é algo que destaca o exemplo de lealdade e nobreza. Algo que vemos pouco num país tão maltratado pelos seus políticos e capitalistas poderosos, que pensam somente em roubar e ganhar cada vez mais. Willian Bonner doou todos os direitos autorais para a Universidade de São Paulo, a famosa USP. Bonner que se formou em Jornalismo no início da década de 80. Fez este ato, pois sabe da importância que a faculdade e seus mestres tiveram na sua construção como profissional. Bonner não pagou para fazer USP, mas se sentia em dívida com a faculdade que o projetou como jornalista.

Espero que muitos comecem a pensar parecido, e façam o mesmo. Fomentar e ajudar o crescimento do país pode ser feito com pequenos atos. Ajudando a sociedade a caminhar para tempos mais dignos e mais iguais. Bonner fez um ato de pura nobreza. Alguns podem dizer que foi apenas marketing pessoal, ou coisa parecida, pode ser, mas converse ou escute 10 minutos de uma entrevista deste ícone da televisão nacional, que notamos que há essência e a veracidade nas suas palavras, enobrecendo ainda mais este cidadão, que devemos levar como exemplo assim como muitos outros, que no caso do Brasil estão em extinção.

Esta é uma serie de 20 reportagens que selecionaremos grandes homens da nossa sociedade atual e seus atos que mudaram ou introduziram temas e discussões.

segunda-feira, 19 de outubro de 2009

Taxação do Capital Estrangeiro


Um assunto discutido por todos os economistas nos últimos anos é o grande volume de capital estrangeiro que entra no Brasil desde a abertura comercial do início da década de 90. Sabemos que grande parte desse investimento entra no país atraído pelos altos juros que exercemos. Isso faz com que o interesse produtivo seja cada vez menor e a especulação se torne cada vez mais atrativa. Dados apresentados pelo jornal folha de São Paulo, em reportagem do dia 17/10, mostram que o montante de capital estrangeiro atraído pela especulação soma pouco mais de meio bilhão de reais entre março e agosto deste ano.


O ministro da Fazenda, Guido Mantega, anunciou hoje uma medida que tem por objetivo diminuir o atrativo desse tipo de capital. O Governo fará a taxação de qualquer operação de crédito, seguro, câmbio ou até mesmo em títulos de valores mobiliários no momento de sua entrada em 2%, através do Imposto sobre Movimentações Financeiras (IOF). Não haverá cobrança do imposto na saída e não ocorrerá o mesmo caso a entrada de capital seja para investimento produtivo. A medida provisória entrará em vigor amanhã, com o registro no Diário Oficial da União.


Mantega afirmou que o objetivo da medida é evitar o excesso de liquidez e especulações exageradas. Além disso, existe também a intenção de frear a valorização do Real perante o Dólar, que foi acentuada com a entrada de cerca de 20 bolhões de reais na bolsa de valores desde o início do ano. Apesar das intenções, dificilmente haverá sucesso a médio/longo prazo. Isso porque, não é apenas a simples entrada de capital especulativo que está gerando essa valorização. E sim, o cenário macroeconômico mundial, como afirma o economista-chefe do WestLB, Roberto Padovani: "Os fundamentos econômicos sugerem apreciação do real, com as commodities subindo e o dólar globalmente se enfraquecendo". O economista faz a crítica por já estar provado que, historicamente, medidas administrativas não influenciam o câmbio. Isso ocorre apenas no curto prazo, pelo fato dos investidores estarem inseguros sobre o rumo que as regras de investimento no país tomarão.


Concordo com Roberto e vou um pouco mais longe. Se as políticas cambiais, fiscais e monetárias adotadas pelo país nos últimos anos não sofrerem mudanças, a tendência é de que o capital especulativo continue entrando livremente. Há anos o Brasil se preocupa apenas com pagamentos de juros da dívida e com a manutenção das metas de inflação estabelecidas. Para isso, mantém a taxa básica de juros alta, procura sempre gerar superávit, além de manter o câmbio flutuante. O investimento só se tornará produtivo se incentivos forem dados aos investidores, como já comentado em textos anteriores. Primeiramente, os juros devem ser mais baixos, para não serem tão atrativos a especulação. Além disso, o investimento do governo em setores de base e estratégicos da economia deve ser realizados, para dar confiança ao empresário e suporte para potenciais investidores, mesmo nacionais. Uma economia mais consistente seria competitiva no mercado externo, o que proporcionaria o aumento das exportações. Nesse cenário, o câmbio se desvalorizaria naturalmente.

sexta-feira, 16 de outubro de 2009

Economia ou Meio Ambiente? Qual caminho devemos seguir?



Um tema que tem repercutido constantemente é o meio ambiente. Obviamente a discussão sobre o tema deve existir. O modo como o capitalismo se desenvolveu e ainda se desenvolve, desperta o lado egoísta dos agentes econômicos: o de sempre buscar mais. Isso torna o modelo de consumo vigente destrutivo e desenfreado. Desde os primeiros pensadores econômicos – ortodoxos – existe a idéia de que sempre se é preferível obter uma cesta com a maior quantidade de bens de consumo (princípio da não saciedade).

Tomemos como exemplo deste consumo desenfreado um gigante acordado nesses últimos anos: a China. No último dia 13, Marcílio Souza nos trouxa dados assustadores sobre o mercado automobilístico chinês. Pasmem, a venda de carros para passeio - e aqui reafirmo a palavra passeio! - cresceu cerca de 83% no mês de setembro deste ano se comparado ao mesmo mês do ano anterior, que significa um aumento por volta de 1 milhão de automóveis em circulação (quase 3/4 da totalidade da população de Estônia, com 1.3 milhões de habitantes*. Isto é o exemplo de sustentabilidade que devemos seguir? Sem dúvidas, a resposta é não.


Porém, uma grande questão se coloca: como limitar a destruição dos recursos naturais sem interferir no crescimento das economias? Em resposta a isto podemos encaixar o estudo e análise sobre governança econômica, ganhador do prêmio Nobel de Economia - por Elinor Ostrom e Oliver Williamson. Este mostrou que decisões tomadas pelos indivíduos, em paralelo aos grandes acordos internacionais, já são de grande ajuda para evitar os problemas aparentes de hoje, como o aquecimento global. Como a própria ganhadora do prêmio defende, "os usuários do recurso (naturais) freqüentemente desenvolvem mecanismos sofisticados para tomadas de decisões e cumprimento das regras para lidar com conflitos de interesse" quando colocadas imposições aos mesmos.


Por este motivo, ações não somente globais devem ser geradas. Uma necessidade maior (em todos os países do mundo) de ações regulatórias deve ser levada em consideração. Como colocado pelo Nobel, o consciente coletivo somente será alcançado após a conscientização individual. Partir de um pensamento egoísta de que "não posso mudar o mundo sozinho" está somente retardando um processo que será necessário de modo brusco no futuro, caso nada seja feito deste já. Um bom começo é repensar o que consumimos individualmente, como colocado por Gustavo Ferrara em seu texto
Consumo sustentável.


Acredito que não devemos parar a evolução do ser humano. Seria um equívoco, afinal somos o topo da cadeia evolutiva, porém devemos pensar em como evoluir de modo a não destruir tudo e todos a nossa volta. A evolução deve ser parte do processo de vida dos homens, ainda assim, deve ser feito de modo menos agressivo a todos, não somente a natureza que sofre e vemos seus reflexo dos mais diversos modos (principalmente por mudanças climáticas), como também o próprio homem sente esses resultados (por meio de problemas de saúde, por exemplo).


Em suma, o tema meio ambiente x desenvolvimento econômico sempre deve estar em pauta. Claramente não quero me posicionar como ambientalista a fim de promover o radicalismo de deixarmos de lado nossos interesses para salvar o planeta. Seria uma hipocrisia de minha parte se estivesse aqui fazendo isto, como acredito que muitos grupos radicais o fazem. Vivo e sou fruto de uma economia capitalista, porém acredito que com a ajuda de todos, o coletivo pode ser melhorado. Não precisamos parar a evolução para salvar o meio ambiente, precisamos sim é encontrar outras maneiras de continuar nosso processo sem nos autodestruirmos. Para isso, contamos com a maior capacidade do ser humano: o raciocínio. Este, se utilizado de forma sábia e concisa, pode acarretar em resultados bem sucedidos para todos, como defende a ganhadora do Nobel citado acima.



*dados do censo de 2000.

quinta-feira, 15 de outubro de 2009

Crônica de Arnaldo Jabor: Educação no Brasil



Esta crônica de Arnaldo Jabor sobre educação no Brasil. Hoje como homenagem ao dia dos Mestres e Professores, uma pequena pausa para nós refletirmos sobre educacao e politica.

Um grande abraço a todos os nossos queridos Mestres e Professores, que nos indicaram os caminhos do conhecimento. Parabéns a todos!



Gostou? Que tal valorizar nosso trabalho?

segunda-feira, 12 de outubro de 2009

Trem-Bala (TAV): Que a primeira impressão não seja a que fica!!


Já se passaram alguns anos desde o início da discussão sobre o trem que ligaria Campinas, São Paulo e Rio de Janeiro. O projeto atual diz que o TAV (trem de alta velocidade) sairia de Campinas, mais especificamente do novo terminal multimodal, inaugurado pelo prefeito Hélio de Oliveira Santos ano passado. A partir daí, passaria por aeroportos de grande porte como Viracopos (Campinas), Guarulhos(SP) e Tom Jobim(RJ), além do Campo de Marte, em São Paulo. O trajeto poderia incluir cidades do interior, como Jundiaí, São José dos Campos e Volta Redonda. A viagem completa duraria cerca de 1h e 25 minutos e custaria de 150 a 250 reais. A idéia é de que o trem fique pronto para a Copa de 2014, que será realizada no Brasil.


Porém, faltam menos de 5 anos para a realização do evento e pouco foi decidido sobre o rumo do projeto. O governo afirma que ainda este ano será lançado o edital, com detalhes do projeto, como o estudo sobre a viabilidade. Assim, no começo de 2010 será feita a licitação, para a escolha da empresa que fará a obra. De qualquer forma, as empresas que já demonstraram interesse em realizá-la, afirmam que seria necessário 5 anos para a entrega completa do TAV. O Ministro dos transportes, Alfredo Nascimento, admitiu mês passado, que possivelmente não será possível a entrega completa até a Copa. Porém, pelo menos o trajeto Campinas - São Paulo estaria pronto e, possivelmente, parte do Rio de Janeiro.


Outra questão a ser abordada é quanto ao financiamento disponível para a empresa que ganhar a licitação. Inicialmente o BNDES seria responsável por isso, porém, hoje (dia 12 de outubro), foi publicada uma matéria no jornal Folha de S.Paulo sobre um possível financiamento por parte do Governo Federal. Isso ocorreria porque o Acordo de Basiléia II, assinado em 2004 com o objetivo de regular as instituições bancárias afim de evitar crises, impede que os bancos financiem a maior parte de um projeto, seja ele público ou não. Pelo fato do BNDES ser tratado como qualquer outro banco neste documento, não seria possível o financiamento de cerca de 20 bilhões de reais estimados no projeto.


O andamento do projeto do trem-bala expõem os problemas que o Brasil enfrentará durante o período de 2009 à 2016, no qual muitos investimentos em infra-estrutura irão ocorrer para a Copa de 2014 e a Olimpíada de 2016. A falta de organização, de planejamento é um grave problema, que pode atrasar muitas obras. Além disso, parte desses projetos pode esbarrar no excesso de burocracia existente no país. Por último, a questão do financiamento pode gerar muita discussão, já que não é necessário o uso exclusivo de dinheiro público para os financiamentos. É perfeitamente possível a criação de parcerias público-privadas, ou até mesmo a ampliação da função do BNDES nesse período.

sexta-feira, 9 de outubro de 2009

Belluzzo - da entrevista para TV CUT - Brasil



Belluzo fala para TV CUT - Brasil - O economista Luiz Gonzaga Belluzo fala sobre desafios e potenciais do Brasil para alcançar taxas de crescimento econômico.

quarta-feira, 7 de outubro de 2009

Consumo sustentável

Hoje a palavra que está na moda é sustentabilidade. O conceito é aplicado em diversos segmentos e muitas vezes não tem exatamente o mesmo significado. Hoje vamos conversar sobre: Consumo sustentável. Esse termo passou a ser desenvolvido a partir da divulgação da Agenda 21, que foi o documento produzido pela Conferencia das Nações Unidas sobre o Meio Ambiente e Desenvolvimento, no Rio de Janeiro em 1992. O foco desta Agenda 21, era mostrar quais são as principais ações que os governos poderiam tomar para assim aliar o crescimento do país levando em consideração o equilíbrio do meio ambiente. Os principais temas relatados são os seguintes: mudanças de padrões de consumo, manejo ambiental dos resíduos sólidos e saneamento e abordam ainda o fortalecimento do papel do comércio e da indústria.

O foco principal e o grande desafio é repensar o uso do lixo, reciclando boa parte, adotar um novo estilo de vida com padrões de consumo diferentes, sendo isso uma tarefa de toda a sociedade. Então o consumo sustentável é você consumir produtos que formam um ciclo sustentável, sendo esse ciclo com começo, meio e fim, ou seja que volte a estaca zero ou ainda melhor que beneficie o meio ambiente. Sendo que temos que lembrar que deve analisar a sustentabilidade nos seguintes pontos: Político, Social, Ecológico e sem esquecer do econômico. Muito se diz, se aperfeiçoa e é adotado, mas muita coisa que foi criada, sem incentivos fiscais e políticos não andam para frente simplesmente porque não trará um retorno para o investidor. Pensando assim o investidor só ira desprender recursos se houver um aumento de procura e o mercado se mostrar apto a tal investimento.

Vamos pensar agora no que nós consumidores podemos ajudar: Pare para pensar em ações a favor do meio ambiente? Mude seus hábitos e maneiras de consumir torne-se preocupado, pergunte-se se isso vai trazer beneficio a sociedade? Utilize a água e a luz de maneira consciente? Você se preocupa com o destino do lixo, na reciclagem o tempo inteiro? Ao comprar compra consciente? Você adquire realmente o que precisa, ou é facilmente influenciável por publicidades, atos compulsivos? Ao preparar a comida, sempre tem sobra que vai para geladeira? E se sobra o que faz? Você tem consciência, ou já parou para pensar que se não fizer isso, os recursos naturais estão sendo consumido ferozmente e o Planeta já mostrou respostas a esse consumo desenfreado. Já parou para pensar que a vida esta comprometida e gerações futuras não terão os recurso que tivemos? E ainda pensando agora no seu bolso já percebeu que esse consumismo bestializado tem forte impacto sobre seu bolso?

Se você acha complicado e nem quer tentar, que o problema não é seu, é melhor então se informar e pelo menos tomar um lado, posicionar frente a esse novo desafio dos seres humanos, tornar o que criou mais domesticado, pois o capitalismo como hoje esta desenfreado só esta nos extinguindo. Olhe para a história como é o caso das Ilhas de Páscoa, que foram extintos pelos seus próprios atos. Se você reclama tanto da piora da vida, dos absurdos que temos hoje, que era diferente a anos atrás, pense em uma coisa antes de reclamar pergunte-se: “O que estou fazendo para melhorar?”. Se não sabe ou não faz nada é melhor então se informar. E o pior de tudo que o ser humano é o único animal desse planeta que se autodestrói, e muitos estão sentados na frente de um computador, deixando de viver comendo rosquinhas e tomando seu cafezinho, esquecendo que a vida é única e que pode realmente ajudar com pequenos atos e transformar o planeta habitável novamente.



Gostou? Que tal valorizar nosso trabalho?

terça-feira, 6 de outubro de 2009

O Grande deus brasileiro do Olímpio, esbraveja e arremessa seus trovões.

Carlos Arthur Nuzman, o grande Deus do Olímpio, considerado por muitos o grande articulador do Pan-Americano e agora dos Jogos Olímpicos 2016, ocupa hoje um cargo vitalício, onde manda e desmanda. E ainda se da o direito de fazer ironia e atacar quem é contrário aos Jogos Olímpicos no Rio de Janeiro. Ao ser indagado como evitariam os mesmos erros do Pan-Americano, que teve um salto de um gasto de 400 milhões iniciais para a bagatela de 5 bilhões, o Deus todo poderoso fugiu da explicação e então usou a artimanha de um bom político, atacou, esbravejou e grossamente sem responder nada terminou a conversa. E dizendo que o Pan foi transparente absoluto?? Meu Deus, transparente igual as águas da lagoa Rodrigo de Freitas.

"Se alguém no Brasil não está satisfeito com isso, ficou triste ou torceu contra, vai ter de chorar por sete anos como testemunha do maior sucesso da vida pública esportiva do País. Vai ter de se amargurar pela eternidade" lançou seus trovoes. E ainda completou "O Pan foi feito numa transparência absoluta", comentou.

O Presidente Nuzman esqueceu que existem pessoas serias e lutando para termos dignidade na política brasileira. O Sr. Todo Poderoso esqueceu do que o relatório do Tribunal de Contas da União (TCU) sobre os Jogos continentais mostra claramente que houve um gasto absurdo e com indícios claríssimos de super faturamento. Para sair mais uma vez da linha de frente Nuzman se esconde atrás de Deuses maiores dizendo: "O presidente do Comitê Olímpico Internacional (COI), Jacques Roger, a comissão de avaliação da entidade e os eleitores votaram por escrito que o Pan foi a razão maior, junto com os três níveis de governo, da vitória olímpica. Àqueles que não gostaram, um abraço”. Grande resposta para um homem serio e digno. Aonde vamos parar?

Nuzman Retornou da Dinamarca para participar do 8º Congresso Olímpico, e será discutidos entre tantas coisas a entrada de mais dois esportes o rúgbi e do golfe como modalidades olímpicas nos Jogos de 2016. Mas calma gente temos que nos alegrar com a proposta que o dirigente vai fazer! Ele com medo de perder seu cargo vitalício vai então mudar as regras, já que a entidade só permite que Nuzman trabalhe somente até os 70 anos, ele quer então mudar, passando para 80 anos a idade máxima. Impressionante como o homem tem medo de perder o poder. O melhor que os absurdos não param por ai!!! Tóquio avaliada como a possível melhor sede, com o melhor projeto, a melhor avaliação técnica reclamou e se posicionou contraria a vitoria do Brasil. Então os Deus Brasileiros do COI protestaram contra o Governador de Tóquio.

O que devemos fazer? Bom temos grandes jornalistas, administradores, empresários, lideres locais que sabem que seriedade, ética não é um adjetivo que podemos usar para Nuzman e seus amigos, devemos nos posicionar e não tolerar políticos e senhores de engenho que mandam e desmandam no Brasil se beneficiando de cargos vitalícios e dinheiro público, meus amigos leitores, é o nosso dinheiro que esta indo nesses Jogos Olímpicos, você acha que deve ficar quieto torcendo em casa pro Brasil ganhar 2 ou 3 medalhas de ouro.

segunda-feira, 5 de outubro de 2009

Olimpíada 2016


Sexta-feira passada o Brasil foi escolhido como sede dos jogos olímpicos de 2016!! Com isso, o país será responsável por dois grandes eventos esportivos nos próximos 7 anos: além da própria olimpíada, a copa do mundo de 2014. Houve muita comemoração desde que as escolhas foram confirmadas e, agora, só nos resta torcer para tudo dar certo. Investimentos bilionários serão feitos em todo país durante esse período (estimam-se gastos de 30 a 40 bi de reais), principalmente no Rio de Janeiro, que receberá quase toda a estrutura para 2016.

Em um primeiro momento, parecem absurdos os gastos que serão realizados com esses eventos. Porém, como o próprio presidente Lula se pronunciou esta semana, tais gastos devem ser encarados como um investimento no país, que trará retorno durante e após esse período. Diversos países apresentaram melhoras significativas em seu PIB no ano de realização do evento e afirmam possuir retornos em várias áreas após os jogos. A Copa do Mundo de 2002, por exemplo, trouxe um acréscimo estimado de 0,6% ao PIB japonês e de 3% ao sul coreano. Um relatório elaborado pela PricewaterhouseCoopers mostra os retornos estimados em termos de geração de emprego, turismo, legado sócio-cultural para Londres, que sedia a olimpíada de 2012 (http://bit.ly/18kj79).

O Brasil pode ser muito beneficiado com a vinda dos eventos, já que existe uma necessidade (exigência) de melhoria na infraestutura do país. Aeroportos, portos, estradas, metrôs, hotéis, restaurantes devem receber grande parte dos investimentos, para melhor atender a vinda dos turistas para o país. O turismo, inclusive, deve sofrer altas significativas desde já, com as escolhas das sedes. Além disso, deve haver investimento em hospitais, serviços em geral, na segurança, tudo para que o país não seja visto com maus olhos no exterior. Além do desenvolvimento nessas áreas, diversas indústrias devem ter seu potencial produtivo aumentado: a indústria de materiais esportivos, por exemplo, deve aquecer suas vendas consideravelmente; as indústrias produtoras de insumos em geral vão ser base de todas essas reformas; a construção civil vai ser extremamente explorada. Tudo isso gera um aumento considerável nos níveis de emprego, além de um grande retorno tributário para o governo.

Mas não são só benefícios econômicos. Eventos esportivos desse porte deixam um legado esportivo, social, cultural muito grande. Os centros esportivos ou estádios construídos serão utilizados para desenvolver os atletas brasileiros e para sediar eventos internacionais em diversas modalidades. O governo deve, a partir deste ano, aprovar leis de desenvolvimento esportivo como a criação de treinos após o horário de aula nas escolas; a aprovação de maiores verbas para categorias amadoras e profissionais; o desenvolvimento de esportes não difundidos no país. Diversos locais construídos para esses eventos podem ser usados como pontos turísticos após os jogos, como feito na China, com o centro aquático, que ainda gera considerável receita com as visitas.

Porém, para que tudo isso dê certo, é necessário que haja fiscalização, planejamento (imediato) e uma boa administração após os jogos. O histórico de corrupção presente no Brasil não pode ser um empecilho para esse desenvolvimento. Além disso, parcerias privadas devem ser incentivadas, para que não haja um gasto além do necessário de dinheiro público. A visibilidade dos eventos pode facilitar muito a procura por parceiros, inclusive de patrocínio para os atletas brasileiros. Mas também pode se tornar inimiga deles, caso não haja um desenvolvimento planejado por parte do governo, como ocorreu no último Pan Americano, realizado no Rio.

US$ 25 milhões de papéis da dívida brasileira estarão a venda dia 7 de outubro 2009.


A divida brasileira impulsiona o Brasil, o Tesouro Nacional divulgou que venderá mais de US$ 25 milhões de papéis da divida externa brasileira, os chamados Global Bonds, estes papéis terão vencimento em 2041. Mas serão vendidos no mercado asiático. Já no dia 30 de o Brasil arrecadou a balela de US$ 1,25 bilhão, junto aos mercados americano e europeu, e ainda sendo a segunda maior taxa de juros da história.

Nos três mercados os números são impressionante, o número chega a ser assustador US$ 1,275 bilhão. Os bancos responsáveis pela emissão foram Barclays e HSBC, agora olha as taxas que absurdas, o preço equivalente a 97,498% do seu valor de face, e a taxa de retorno anual será de 5,8%.

No próximo dia 07 de Outubro de 2009 o Brasil irá arrecadar para sua “reserva internacional” mais estes milhões. Os cupons serão pagos nos dias 07 de janeiro e 07 de julho de cada ano e o vencimento será em 2041.

Qual será o rumo desse pensamento de curto prazo? A divida brasileira interna esta tomando proporções impagáveis, e o pessoal continua vendendo. Impressionante como podemos criar um projeto nacional se cada vez mais pensamos nos problemas a curto prazo? O Brasil sempre precisou de ajuda internacional pra crescer, mas isso foi uma decisão dos homens do poder brasileiro, podemos escolher o nosso caminho, temos opções, mas os nossos governantes e capitalista sempre optaram pelo mais fácil.

Então vamos lá: VENDE-SE BRASIL, Compre nossa divida que pagamos vocês até 2041! E pagamos muito bem! Afinal temos o petróleo do pré sal!!!

quinta-feira, 1 de outubro de 2009

O Céu é o limite



A quantos mil pontos, você leitor, imagina que nossa bolsa de valores, que um dia, ano de 2002, possuía índices na casa dos 8mil pontos e hoje, está em patamares de 60mil pontos, imagina que estará nossa Bovespa nos próximos 5 ou 6 anos? Imagine-se ainda, em um cenário otimista. Índices de 100mil, talvez 150mil pontos parecem razoáveis. Não é o que aponta o economista Ricardo Amorim, presidente da Ricam Consultoria que espera que em 2015 esse índice atinja o patamar de 200 a 250mil pontos. "Estamos vivendo um ciclo muito parecido com o que foi o de 2002 a 2008, que fez a bolsa saltar de 8 mil para 73 mil pontos graças ao 'boom' de commodities", diz Amorin.

O que impulsionou o Brasil neste período foi claramente a valorização das commodities que com preços elevados e com o aparecimento do mercado consumidor chinês a partir do ano de 2001 proporcionou ao país um grande volume de exportações. Esse saldo comercial positivo permitiu que o câmbio se valorizasse e assim o combate a inflação se tornasse mais fácil, permitindo então, como conseqüência, uma queda das taxas de juros.

Ainda que este ciclo tenha sido quebrado com a crise financeira global dos últimos anos, como já apresentado no dia 22 de Setembro no artigo de título "P
ra Frente Brasil! Brasil!", o país se mostrou forte o suficiente sendo um dos primeiros a receber notas de graduação em investimento. Além disso, saindo da recessão técnica, países emergentes voltaram com força total, enquanto para os países desenvolvidos espera-se que haja apenas uma recuperação "medíocre", nas palavras de Amorin.

Esse otimismo se destaca principalmente pelo padrão de consumo que podemos observar neste novo ciclo de crescimento (de hoje até 2015). Anteriormente, países emergentes eram vistos somente como produtor, o que os deixava extremamente vulneráveis as economias desenvolvidas. Hoje, o que se observa é que além de grandes produtores, os emergentes, também estão se tornando grandes consumidores - destaque especial a China e Índia. Deste modo, o consumo deixa de ser de alta renda para o consumo de massas.

No Brasil, o que se pode observar não é diferente de outros países emergentes. Os fortes superávits comerciais devem ser intensificados com a baixa dos juros que por conseqüência gera maior expansão do crédito e assim novos investimentos. "Há uma grande probabilidade de vermos a bolsa caminhar para 200 mil a 250 mil pontos em cinco anos", diz ainda o presidente da Ricam.

Ainda assim, o economista faz uma ressalva dizendo que pode haver realização de lucro no curto prazo, podendo trazer a Bovespa a quedas de 20% nos próximos 3 meses. Ou seja, "No curto prazo, a bolsa brasileira tende a acompanhar o mercado lá fora e isso vale mais para o lado negativo".

Pensando em que realmente exista essa valorização para mais de 200mil pontos da Bovespa, deve se atentar para alguns cuidados que o Estado deve ter ao permitir que o capital internacional entre no país. Como colocado por Fábio Biral em "
Disparidade Econômica" dia 28 de Setembro, deve se ter o cuidado de direcionar este capital financeiro para as empresas produtivas a fim de se evitar possíveis bolhas especulativas que possam levar a economia para uma recessão. Historicamente, na década de 90, o Brasil se tornou um mercado favorável para o capital rentista. Tendo isto então em vista, deve se estudar e planejar possíveis formas de não permitir que este tipo de capital volte a dominar a estrutura de financiamento do país e para que haja investimentos em setores produtivos de modo a transformar a estrutura exportadora de commodities em uma economia que exporte maior valor agregado, sem depender então de apenas uma pauta de exportação e das influências internacionais (como atualmente com o aumento dos preços das commodities).

Podemos ver como possível a expectativa de Ricardo Amorin quanto ao Ibove próximo dos 200 a 250mil pontos. Observando-se e comparando os índices da S&P 500 com o Ibovespa, temos que enquanto o índice da bolsa norte-americana teve um desempenho negativo de 28,58% desde 2000, o brasileiro, no caminho oposto, apresentou uma melhora de 244,43%. Deste modo, "Olhando para o longo prazo, a bolsa ainda está barata." Ainda assim, essas expectativas poderão deixar de serem expectativas e se tornarão realidade apenas com um planejamento e atuação em sentido de direcionamento do capital.
Como já observado na última crise, a idéia de laissez-faire possivelmente não conseguirá se estruturar de modo a fazer o país prosperar tão eficientemente como se projeta para os próximos 5 a 6 anos. A idéia de trazer o índice Bovespa para patamares tão elevados pode fazer com que o país caia na armadilha que originou a crise dos últimos anos, colocando a economia nacional em uma profunda queda e assim repetindo-se o erro do passado, deixando-se dominar pelo capital rentista especulativo.