segunda-feira, 28 de dezembro de 2009

Entrevista clássica - Milton Friedman - 2/3

Segunda parte da entrevista com Milton Friedman.

quarta-feira, 23 de dezembro de 2009

Entrevista com Luiz Gonzaga Belluzzo - Crise Econômica


Recentemente, o senhor afirmou que o capitalismo passa por seu momento mais frágil desde o pós-guerra. A crise que se desenhou foi grave assim?

É grave e não podemos brincar com ela. A forma acelerada como o emprego encolheu no mundo e o volume ao mercado financeiro que vimos foi inédito no pós-guerra. O governo da Inglaterra anunciou que vai dar seguros para quem tem hipoteca imobiliária a fim de garantir que os donos das casas possam permanecer em seus imóveis. Então, com todos estes fatores no cenário, não há porque subestimar o tamanho da crise. Quem entende do assunto montou um pacote de intervenções sem paralelos. Os bancos comerciais com medo de emprestar as indústrias e, agora, o Federal Reserve (banco central dos Estados Unidos) avalia fazer empréstimo diretamente as empresas a fim de evitar um colapso da economia.
Portanto, não dá para ficar especulando sobre quando a crise vai passar. Pode até ser que passe rápido, mas somente se os governos nacionais agirem com vigor, intervindo na economia. Neste momento, os únicos agentes que podem intervir para evitar uma catástrofes são os governos.

Os instrumentos dos governos são suficiente para estancar a crise? Há disposição política de usá-los?

Sem a ajuda dos governos, acredito, que teremos uma catástrofe completa. Com intervenção, no entanto, será ruim, mas não catastrófico. Se você olhar o mercado americano, por exemplo, as famílias e os bancos estão reduzindo suas dividas. Não querem gastar mais. So pagar as dividas antigas. Se todos fazem isso ao mesmo tempo a economia vai para o buraco. É o chamado paradoxo da desalavancagem. Economia é uma coisa simples, as pessoas que complicam muito. O fato é que, se todos decidirem poupar ao mesmo tempo, a economia pára. Afinal, o gasto de um é a renda de outro. Se a empresa não gasta contratando, pagando salários. então os trabalhadores também não tem o que gastar.
Agora, se as ações dos governos centrais forem efetivas, no sentido de garantir o credito e investimentos público, então é possível o cenário se regenerar. Isto não ocorre de uma hora pra outra. Mas, aos poucos, se bancos e empresas perceberem que a há melhor perspectiva para investir e lucrar, então há uma retomada da confiança e a economia vai voltando aos trilhos. Mas, para isso acontecer, ainda há muito chão para percorrer. O presidente do banco Central (Henrique Meirelles) falou sobre isso recentemente. Ele disse que as pessoas , antes, estavam em pânico com a inflação e , agora estão em pânico com a crise. A saída é controlar o pânico, retomar a confiança.

No caso do Brasil, o governo deveria ser mais ousado?

Não há duvidas. O momento exige baixar os juros, diminuir impostos que incidam sobre a classe media, garantir o credito para as empresas e colocar dinheiro em setores como o mercado imobiliário e a industria automotiva. O setor imobiliário, por exemplo, viveu um crescimento muito rápido nos últimos anos, mas nada comparável a uma bolha. E, diferentemente dos Estados Unidos, quem compra casa no Brasil está na maioria das vezes, atras de seu primeiro imóvel.
Em econômica, sabemos que há dois setores que têm um comportamento preponderante no ciclo econômico: os automóveis e a construção civil. Para cada real que você gasta neste setores, movimenta outros 2,5 ou 3. Então, é hora de bancos com a Caixa Econômica Federal investirem mais credito imobiliário, liberar dinheiro para a classe media comprar, dar subsidio mesmo, flexibilizar regras. Depois que a crise passar, você avalia como vai recapitalizar a Caixa. Mas no momento é preciso agir.


Belluzzo diz que a crise financeira é grave, mas o Brasil pode atravessá-la sem grandes traumas e se o governo intervier com energia na economia. Belluzzo defende corte de impostos, baixa nos juros, garantias de crédito as empresas e mais recursos a disposição de setores estratégicos, como o mercado imobiliário e a industria automobilística.

Acredito (Gustavo) que estamos no caminho correto, o governo poderia ser mais rápido e deveríamos buscar uma desburocratização. Os cartórios, por exemplo, ajudam, mas, ao mesmo tempo são resquícios coloniais que poderiam ser melhorados. Muitos são praticamente inuteis e lentos. Há burocracia demasiada, as leis confusas e um governo sem rumo, é o que eu vejo. Ocorreu uma certa movimentação, mas, Brasília, pra mim, continuou a mesma fanfarra de sempre. Senadores e deputados trabalhando o mínimo necessário e sem reformas de grande porte. Podemos mudar e conseguir um crescimento industrial inteligente e estruturado. Mas, nossos políticos são preparados? Creio eu que na "Republica das Bananas" ficará tudo a mesma coisa.

segunda-feira, 21 de dezembro de 2009

Construção Civil


O mercado de construção civil na primeira metade de 2008 era um dos principais responsáveis pelo crescimento econômico brasileiro. Com a crise, o setor que estava fortemente valorizado perdeu muito espaço. A retração foi vista também em 2009 - dados do PIB trimestral divulgado este mês apresentam uma queda de 8,4% em relação ao mesmo período de 2008. Nos dois primeiros trimestres a retração foi de 9,6 e 9,3%.
Porém, esses dados negativos podem não refletir a realidade. Um primeiro ponto a se analisar é o fato de que, apesar da queda, houve uma melhora significativa entre o primeiro e o terceiro trimestre. Outro ponto é que a comparação é feita com o ano de 2008, em que o mercado imobiliário estava muito aquecido no país. Além do fato da economia como um todo estar em expansão.

Prova de que o setor está em recuperação e ainda possui um grande potencial a ser explorado é a disputa pela Cimpor, maior produtora de cimento de Portugal. Após anuncio da CSN (sexta feira), a Camargo Corrêa também mostrou interesse pela empresa. Porém, em moldes diferentes. Enquanto a primeira está interessada na aquisição total, a segunda quer um terço dela. Existem outras empresas que demonstraram interesse, como a maior produtora de cimento brasileiro - Votorantin, a suíça Holcim e a mexicana Cemex.

Outro indicador positivo que surgiu no mercado é o aumento nas contratações para o setor, sendo que já existe escassez de mão de obra especializada, como pedreiros e carpinteiros. O Sindicato da Indústria da Construção Civil já admite a contratação de trabalhadores não especializados, para ganhar experiência na prática.

Especialistas afirmam que existe uma excelente expectativa de crescimento do PIB da construção para 2010, cerca de 8,8% frente a 1% estimado para este ano. Isso porque, entre outros motivos, o programa do governo para construção de casas populares ainda não refletiu de forma concreta. Além disso, o Sindicato das Empresas de Compra, Venda, Locação e Administração de Imóveis afirmou que 27% das famílias paulistanas buscam um imóvel para compra atualmente.

sábado, 19 de dezembro de 2009

Comentários no blog - Informativo

Depois de algumas situações e alguns comentários impróprios e não condizentes com as discussões e reflexões feitas pelos nossos autores, pedimos que as pessoas se identifiquem, colocando o email e o nome para contato. Para assim, evitar comentários sem fundamentos ou de baixo nível.
O blog preserva pela democracia e as críticas são muito bem vindas sempre. Os comentários anônimos serão apagados e também os fora dos temas em discussão.
Gustavo Ferrara
Fundador do Blog

terça-feira, 15 de dezembro de 2009

Interior Paulista em expansão Industrial Gera Oportunidade para os Economistas


O interior do estado de São Paulo esta em franca expansão industrial. Por muito tempo a capital paulista foi considerada como o pólo da industria nacional, as oportunidades de empregos e crescimento pessoal atraíram muitos brasileiros para a metrópole paulistana. Até hoje este movimento acontece, os números mostram isso claramente, 14,6 milhões de brasileiro vieram para o sudeste, e a grande maioria se instalou na capital paulista, de acordo com as pesquisas do IBGE.

O mesmo IBGE mostra que a partir de 2006 o desenvolvimento econômico atraiu cada vez mais pessoas para região do interior paulista. O crescimento industrial atrai cada vez mais pessoas tornando uma boa opção `a capital, estas pessoas muitas vezes optam por uma melhor qualidade de vida no interior. Mas mesmo assim a região metropolitana paulista é responsável por 56,1% do PIB do Estado, seguido por Campinas 15,4%, São José dos Campos 5,2%, Sorocaba 4,7%, Santos 3,8%. Mas sozinho o interior paulista é responsável por 16% do PIB nacional. Ainda temos regiões que se destacam da agropecuária, agroindústria como o caso de Ribeirão Preto, São José do Rio Preto segundo dados SEADE. Responsável por 5% do PIB estadual.

Diante das diversas oportunidades que se abrem dia a dia no interior, uma que se destaca é a possibilidade dos Economistas buscarem espaço nas cidades do interior paulista. Através de uma iniciativa do CORECON – SP criou-se o FEIP – Forca Econômica do Interior Paulista. Que incentiva junto ao governo a contratação de economistas para as prefeituras. Em uma forma de ser um braço de apoio aos projetos dos prefeitos, independentemente do partido político, auxiliando na construção de políticas que visam o desenvolvimento da região. Nos dias de hoje essas regiões estão carentes de profissionais ligados a economia. O projeto visa difundir a importância e a vantagem da prefeitura possuir um economista registrado junto ao conselho de planejamento e crescimento das cidades. Antonio Luiz de Queiroz Silva, presidente do CORECON diz: “ O interior de São Paulo tem grande potencial. O objetivo do projeto é ajudar os prefeitos que, hoje, já fazem uma boa administração, a ter uma estrutura solida para crescer e se desenvolver. Isso requer planejamento estratégico, e disso, certamente os economistas entendem muito bem.”

O perfil analítico do economista o transforma dessa forma em um “pivô” no time da prefeitura, abrindo portas para um caminho de estratégias que proporcionem uma melhoria na gestão pública municipal. Com isso temos o potencial de crescimento municipal sustentado de maneira que o crescimento seja ordenado e sustentável. O economista pode se tornar um orientador da criação do crescimento municipal, facilitando e potencializando o desenvolvimento da região.

O economista passa a ter uma oportunidade no interior de São Paulo que ha alguns anos não teriam. O fluxo pode ocorrer da seguinte forma, atraindo primeiramente estudantes e profissionais da capital que abririam as portas e assim estimulariam o crescimento de novos cursos. Já observamos esse movimento diz o presidente do CORECON, cursos de economia, administração pública estão sendo abertos no interior paulista, como é o caso de Campinas, Bauru, Ribeirão Preto entre outras cidades.

O economista vinha em baixa com a instabilidade economia brasileira assolando quase que 30 anos. Com a queda muitas faculdades e bons cursos foram fechados devido a ausência de alunos e a baixa procura do mercado por profissionais dessa área. Muitas vezes foram substituídos por Administradores, Engenheiros, Contadores. O projeto do CORECON tem em vista uma valorização da profissão, mostrando que é essencial ter um economista para analisar economicamente e planejar a administração dos recursos públicos que cada região possui.

Devemos salientar que a análise e o planejamento são funções indispensáveis para um economista, e sem esquecer que é um pensador.

segunda-feira, 14 de dezembro de 2009

O Rico Futebol Brasileiro


No começo do mês, vimos à final do campeonato brasileiro com o Flamengo sagrando-se hexacampeão em um Maracanã lotado de torcedores em estado de êxtase. Agora, os clubes estão se preparando para os campeonatos estaduais que começam em meados de Janeiro. Ao torcedor cabe ir aos jogos e esperar que seu time vença.

Assistir aos jogos nos estádios está ficando cada vez mais oneroso para o torcedor apaixonado, que além de pagar caro pelo ingresso é obrigado, também, a agüentar uma estrutura precária durante os noventa minutos. Mas, algum fã do futebol já perguntou quanto é a arrecadação da bilheteria do seu time no campeonato?

Pois bem. No caso do Brasileirão 2009, quando falamos em bilheteria notamos que o futebol está cada vez mais rico. O Flamengo não se limitou a ser campeão nacional, obtendo também, o primeiro lugar no ranking de arrecadação do campeonato. O rubro-negro carioca teve uma média de R$ 766.054,68, com ingresso no valor médio de R$ 40,00 e público médio de 40.036 pagantes, o que não é surpresa, pois é o clube com maior torcida do Brasil.

Em seguida, aparecem três grandes clubes paulistas, que atualmente formaram uma parceria chamada de G4 (Corinthians, Palmeiras, São Paulo e Santos). O Corinthians está na segunda posição da lista, com R$ 658.376,21, e na sexta colocação na média de público.

Segundo o jornal Agora, o clube do Parque São Jorge cobra, em média, R$ 32,20 por entrada, sendo o mesmo preço estabelecido pelo Palmeiras, quarta colocação no ranking, com R$ 650.621,93, e na sétima na lista de média de público, registrando 18.425 pagantes. Já o São Paulo, obteve R$ 656.368,97, sendo o terceiro colocado, tanto na lista de arrecadação quanto de público.

Enquanto a média do preço do ingresso do Brasileirão foi de R$ 18,20, os grandes clubes estão cobrando valores elevados frente ao demais, correspondendo acima de 80% da média geral. Isto representa que a bilheteria voltou a ter importância para os grandes times do país.

Bom para as equipes que podem explorar e promover mais ações de marketing, como fortalecer o sócio-torcedor e ruim para o torcedor que terá que gastar mais para ver o seu clube jogar, gerando, possivelmente, uma segmentação de público. E aqueles que não puderem arcar com os elevados preços dos ingressos terão que achar alternativas para acompanhar os jogos, como por exemplo, assistir em casa ou nos bares, ao bom estilo inglês.

MÉDIA DE ARRECADAÇÃO*
Flamengo/RJ R$ 766.054,68
Corinthians/SP R$ 658.376,21
São Paulo/SP R$ 656.368,97
Palmeiras/SP R$ 650.621,93
Atlético/MG R$ 554.164,37
Cruzeiro/MG R$ 374.210,32
Grêmio/RS R$ 337.498,32
Atlético/PR R$ 324.872,89
Inter/RS R$ 308.453,47
Vitória/BA R$ 281.138,42
* por clube mandante
Fonte: CBF

MÉDIA DE PÚBLICO*
Flamengo/RJ 40.036
Atlético/MG 38.761
São Paulo/SP 26.305
Fluminense/RJ 22.042
Cruzeiro/MG 21.973
Corinthians/SP 20.213
Palmeiras/SP 18.425
Inter/RS 18.323
Sport/PE 17.896
Grêmio/RS 17.776
* por clube mandante
Fonte: CBF
*Texto postado por Caroline Monacci

quinta-feira, 10 de dezembro de 2009

5ª Conferência das Nações Unidas sobre Mudanças Climáticas


Antes de falar da conferência de Copenhague, gostaria de dividir com os demais leitores do blog! Este texto foi retirado da “Scientific American Brasil”.

Energia e Civilização” por Ulisses Capozzoli

“Até recentemente, talvez por tradição, boa parte dos economistas costumava lamentar o fato de o petróleo ser um recurso finito. A verdade, no entanto, é que se fosse infinito seria ainda pior. Desde meados do século 19, por arte, entre outros, de um físico-químico absolutamente genial, o sueco Svante Arrhenius, sabe-se que o dióxido de carbono é capaz de reter calor atmosférico e, em conseqüência disso, sua maior concentração produziria inevitavelmente elevação das temperaturas globais.

Da mesma forma que sobrevive na Inglaterra uma Sociedade da Terra Plana, gente que duvida da esfericidade do planeta, ha quem ainda pretenda interpretar o aquecimento indiscutível da Terra como fenômeno natural, com o argumento de que isso já ocorreu no passado.

Ocorreu, de fato, mas ao longo de um largo período de tempo e não da forma tão rápida e impactante como acontece agora, é isso que faz toda a diferença.

O efeito estufa, com impacto direto nas mudanças climáticas, caminha rapidamente para se tornar o maior desastre ambiental da história da civilização. Antes disso, cometemos tolices como a destruição do mar de Aral.

A justificativa, que acabou na morte desse mar, foi razoável a princípio: o desvio de dois rios que o alimentavam para aumentar a produção de algodão na ex-União Soviética. As conseqüências, no entanto, hoje custam caro em termos de saúde pública, devastação ambiental e uma diversidade de outros impactos sociais negativos.

No caso do petróleo, identificado como o recurso que sustentou a Segunda Revolução Industrial, com o motor a explosão (a primeira foi assegurada pelo carvão qua abasteceu a maquina a vapor), tanto sua finitude como inviabilidade ambiental sugerem que seu reinado sujo chegou ao fim.

Mas chegou ao fim antes que alternativas a altura estivessem disponíveis para assegurar qualidade de vida a que se habituou a maior parte da população. Ao menos no que ficou conhecido como Ocidente, eufemismo para se referir a Europa e Estados Unidos, deste lado do mundo que compartilhamos.

O que temos pela frente, neste momento, é literalmente uma corrida contra o tempo no esforço de minimizar a deterioração ambiental que ameaça com uma regressão na historia, algo que, antes disso, só se costumava atribuir a um conflito nuclear, ou ao impacto de um bólido celeste: um cometa ou asteróide.

Energia, neste momento, é a palavra que expressa preocupação em boa parte das línguas faladas na Terra. E energia alternativa é o sonho que, aos poucos e a custos, começa a se tornar realidade aqui e ali, refazendo as feições do planeta. Cidades reconstruídas, desperdícios reconsiderados, sistemas energeticamente eficientes e em harmonia com a natureza. Exploração quase reverenciada de fontes que vão das ondas do mar ao fluxo dos ventos, passando pela energia das mares e retorno a energia nuclear, antes identificada apenas com o horror das bombas atômicas. O Grande projeto, em articulação com as fontes alternativas, é a fusão nuclear, a construção e exploração energética de um pequeno sol.”


Este texto traz um tema dos temas que esta em pauta das discussões no mundo. Acontece essa semana em Copenhague, capital da Dinamarca, a 15ª Conferência das Nações Unidas sobre Mudanças Climáticas e a 5ª Reunião dos Signatários do Protocolo de Kyoto. Reuniram 192 países participam do encontro que durará 12 dias.O primeiro-ministro dinamarquês, Lars Lokke Rasmussen, em seu discurso afirmou que o aquecimento global é mais grave a cada dia e já afeta diversos países. Ele espera que os países participantes da reunião deixem de lado as divergências e transformem seus discursos em ações enérgicas, e chegar em um acordo efetivo, transitável e admissível a todas as partes.

O secretário executivo da Convenção-Quadro das Nações Unidas para Mudanças Climáticas, Yvo De Boer, pediu em seu discurso para que os países tornem reais os resultados já apreendidos em trabalhos anteriores.

segunda-feira, 7 de dezembro de 2009

"Petropotência"


Uma notícia vinculada hoje no jornal Washington Post afirma que o Brasil pode se tornar uma potência do petróleo até 2020. O autor, Juan Forero, fez uma visita às instalações da Petrobrás em Angra dos Reis e ficou impressionado com o que viu: cerca de 4mil funcionários, bilhões aplicados em custo de capital e plataformas gigantescas inconclusas. Isso tudo é reflexo de um investimento de 174 bilhões de dólares nos últimos 5 anos, o qual será responsável pelo país sair do patamar de importador para um dos maiores produtores na próxima década. A estimativa da Petrobrás é de que a produção irá dobrar nesse período, passando de 2 para 3,9 milhões de barris por dia. Além disso, as reservas que hoje são de aproximadamente 14,4 bilhões de barris chegariam a 30bi.

Logicamente, esse investimento todo sozinho não poderia ser responsável por tal salto. O Brasil foi beneficiado pelas recentes descobertas de petróleo em águas profundas, na camada do pré-sal. A descoberta, segundo José Sérgio Gabrielli, presidente da Petrobrás, fará com que o Brasil seja um grande produtor de petróleo. Porém, não será o suficiente para torná-lo um exportador. Isso porque o Brasil, oitava maior economia do mundo, utilizaria a maior parte da produção para consumo próprio. Apesar disso, poderia haver um maior desenvolvimento para a exportação de produtos derivados do petróleo, como gasolina e diesel.
Apesar das previsões otimistas, o repórter do Washington Post coloca algumas ressalvas. A principal delas é o fato do governo brasileiro possuir controle majoritário sobre o setor e colocar impecilhos para o investimento estrangeiro. A Petrobrás é dirigida basicamente por membros do governo e mais da metade de seus acionistas, com direito a voto, são brasileiros. Apesar de Gabrielli afirmar que empresas como a Exxon Mobil, a BG Group, a Royal Dutch Shell e a Spain's Repsol estarem investindo bilhões de dólares para desenvolver sua parte, representantes dessas empresas afirmam que a estatal está limitando o desenvolvimento.

Acredito que a discussão sobre os benefícios do pré-sal está além disso. O investimento estrangeiro é muito importante em qualquer setor. E possivelmente há um cuidado excessivo quanto à entrada dele nesse caso, por se tratar de um setor estratégico, já que o petróleo não é mais um produto tão abundante. Porém, o mais importante a se analisar é o como tornar essa vantagem que o país possui em retorno para ele. Não basta sermos o maior produtor do mundo se isso não gerar emprego internamente, se não desenvolver indústrias ligadas direta e indiretamente com o petróleo, se não utilizarmos o retorno do investimento em desenvolvimento para o Brasil. Prova disso é que entre os maiores exportadores do produto estão países como Nigéria, Cazaquistão e Qatar, locais onde não há nem de perto distribuição de renda, altos índices de empregabilidade ou mesmo desenvolvimento industrial.

sexta-feira, 4 de dezembro de 2009

Concentração de Mercado: Caso Pão de Açúcar - Casas Bahia





Nesta sexta feira (04/12/09) a CBD (Companhia Brasileira de Distribuição), controladora do grupo Pão de Açúcar, anunciaram uma associação juntamente as Casas Bahia. Mal ocorrido o pronunciamento e já se observava a alta das ações do Pão de Açúcar e da Globex (atual controladora da rede Ponto Frio, também pertencente ao grupo de Abilio Diniz.


Esta associação nos indaga duas questões de mesmo objetivo. Primeiramente me pergunto se com a CBD tendo também o controle da rede Casas Bahia terá o aval do CADE para tal aprovação de concentração de mercado? A meu ver, esta parceria, fusão, ou seja, lá como chamemos, poderia causar ao mercado de distribuição de produtos eletroeletrônicos uma concentração nociva a novos entrantes e até mesmo as empresas já estabelecidas. Não consigo pensar em nenhum bem social que isto possa gerar, pelo contrario, até mesmo as empresas produtoras de eletroeletrônicos poderiam ser prejudicadas no processo.


Por sua vez, ao consumidor, resta apenas aguardar. Apesar de esta junção unificar em uma única empresa o poder de distribuição de produtos eletro-eletrônicos por suas mais de 1800 lojas (depois de unificados) para as diversas classes sociais distintas - de A E - o que se pode esperar é um possível aumento de preços. Com a baixa concorrência, o grupo passará a ser um criador de preço, tendo uma posição mais confortável para expandir suas margens de lucratividade. Portanto, caberá ao consumidor impedir que isto ocorra.


Tarefa esta difícil, mais não impossível. Com a internet, há muito mais possibilidade dos consumidores compararem preços e qualidade dos produtos que desejem adquirir, principalmente neste setor de bens. Por serem produtos praticamente padronizados - que possuem suas especificações discriminadas - será possível comparar preços de um mesmo produto em diferentes lojas de modo mais rápido, diminuindo, então, a possibilidade de aumento de preços ocasionado pela concentração de mercado.

terça-feira, 1 de dezembro de 2009

Um Estudo sobre Celso Furtado


Vários definem Celso Furtado como sendo um teórico desenvolvimentista de herança Keynesiana. De fato, ele defendia a tese keynesiana de um estado intervencionista como sendo algo necessário e fundamental para que a economia supere o seu estado de subdesenvolvimento por meio da industrialização. Ou seja, ela ia contra a teoria ortodoxa liberal, de o Brasil ser um país agrário-exportador que vive uma fase, um estágio evolutivo, e que iria evoluir, conforme o país adotasse o modelo liberal de desenvolvimento – aquele adotado pelos países centrais –, gradativamente e assim, o país iria superar esse estágio e alcançar o seu estágio desenvolvido, eis a base do conceito de país em desenvolvimento.

Furtado ia totalmente contra esse conceito de etapas e país em desenvolvimento, a questão chave para ele estava na inserção atrasada que o Brasil e os países da America Latina tiveram na etapa evolutiva na qual se encontrava o capitalismo e logo, jamais poderiam alcançar os países centrais adotando o mesmo modelo deles. Era, portanto, estritamente necessária à presença do Estado como agente regulador e único capaz de direcionar o capital estrangeiro – necessário, pois o capital nacional era insuficiente e fraco, para financiar os investimentos em escala que eram necessários para que o país desse o chamado “salto”– rumo ao desenvolvimento industrial da economia nacional. Para ele o país não poderia ter sua dinâmica ditada por agentes externos.

Entre suas obras mais importantes citam-se a "Formação Econômica do Brasil" e "Desenvolvimento e Subdesenvolvimento". Na "Formação Econômica do Brasil" ele “dissecou” toda a evolução do crescimento da economia brasileira, sendo a sua mais renomada obra, é nela que ele, melhor do que qualquer outro estudioso – pode-se citar Caio Prado Jr. e Roberto Simonsen que na mesma época fizeram obras semelhantes à de Furtado – reúne toda a evolução da economia brasileira de forma histórica e coesa, aonde todas as etapas desde a era colonial até a industrialização por substituição de importações, são explicadas de forma que se pode visualizar toda a dinâmica desse processo pelo qual o país passou.

É nessa obra que ele faz sua mais importante contribuição para o entendimento da evolução econômica brasileira e de sua industrialização: a dinâmica do café. É pelo entendimento de como essa dinâmica do café que Furtado vai compreender como se deu o inicio do processo de evolução urbano-industrial nacional, desde a industria marginal que se formava para suprir as necessidades da industria cafeeira até o inicio de um processo de acumulação que se foi alcançado durante as varias crises de superprodução deste produto, chegando a um ponto em que essa acumulação tornou possível a industrial tomar posse da dinâmica econômica do país. Levando-se e conta claro, a participação ativa do Estado durante todo esse processo, como defensor da economia cafeeira até incentivador do desenvolvimento urbano-industrial.

É pela abordagem dada ao processo evolutivo da economia brasileira em sua obra que se observa sua herança keynesiana e sua forma de análise teórica baseada no método histórico-indutivo, no qual por meio da análise histórica de uma nação se fazia as indagações e disso se tiravam às conclusões e tentava-se estabelecer uma estratégia de desenvolvimento que levasse a economia a superar o seu estado de subdesenvolvimento. Outro fator que se deve levar em conta é a influência que seu estudo teve.

A "Formação Economia do Brasil" era para ser um texto introdutório que iria ser apenas um esboço histórico do processo evolutivo brasileiro. Ele elaborou esse “esboço” em Cambridge, no auge do pensamento Keynesiano, e logicamente, teve grande influência de pensadores keynesianos. Citam-se entre ele Kaldor e seu modelo de desenvolvimento keynesiano que dava ênfase à distribuição de renda, tema esse amplamente abordado por Furtado ao estudar o desenvolvimento brasileiro já que em vários momentos ele aponta para as diferenças sócias no nordeste e nas diferenças entre cidade e campo.

E pode se citar também Joan Robinson que teve grande influencia teórica sobre Furtado, seus conceitos eclético-keynesianos como descrevem alguns estudiosos foram utilizados por Furtado em suas análises, na qual ele rejeitava a teoria de valor-trabalho e os conceitos clássicos básicos. Porém ao mesmo tempo Furtado tentava se manter neutro entre as escolas ortodoxas (neoclássicas) e as heterodoxas (marxistas), pois sua inserção política no Brasil, de certa forma, exigia essa neutralidade, se quisesse que suas idéias desenvolvimentistas fossem aplicadas, ele não poderia ser visto como um comunista jamais, e a tese keynesiana caminha por essa escola em certos pontos.
* Texto escrito por Gabriel Eid

Calote em Dubai transforma os países emergentes em “porto seguro” diz Financial Times.


O jornal britânico “Financial Times” trás nesta terça-feira uma reportagem dizendo que agora os países emergentes são os “portos seguros” do mercado financeiro. Os investidores buscam os títulos de países como Brasil para conseguir manter suas reservas devido a crise gerada em Dubai. De uma hora para outra inverteu uma situação já a muito tempo vista, a famosa fuga de capitais para os países desenvolvidos, desta vez os investidores quebraram a antiga regra, motivados pela suspensão de pagamentos do Emirados Árabes. O artigo trás a observação de que: ”Os títulos de países emergentes, como China e Brasil, têm visto entradas de investimentos na medida em que são considerados pelos investidores como portos seguros dada a saúde de suas finanças públicas." Desta forma observa-se uma mudança global no dinâmica da economia.

Agora os países, antes voláteis a sucessivas crises econômicas, passaram a ser o ponto de estabilidade do jogo financeiro, este movimento muito pelo fato do baixo nível de endividamento e gerenciamento econômico prudente. Combateram a crise com muito mais eficiência que as nações ricas, também muitos deles já estão em crise a décadas, esta foi apenas mais uma marolinha pra quem esta se afogando faz tempo. Sem investimentos de longo prazo, sem endividamento público, sem um estado atuante e regulador, a República das Bananas, o Brasil, agora passa a ser ponto de estabilidade. O Mercado financeiro tem memória curta mesmo, e os investidores esqueceram que aqui falta infra-estrutura básica. É só voltar algumas semanas no tempo, e relembrar das 8 horas de escuridão que assolou o Brasil. O Brasil não investe mas tem entrada de altos volumes de capital. O endividamento público é de 45% do PIB, mas e a sociedade? Está falida a décadas, leis que não tem valor, o entra e sai dos capitais, as oportunidades de crescimento poderiam ser melhores aproveitadas, mas mesmo assim comemoramos a estabilidade. Aqui na verdade nada mudou, o que mudou foi lá nos países desenvolvidos, continuamos na mesma batida a quase 30 anos. Agora ser chamado de “porto seguro”, não concordo.
Na Minha opinião: eles destruirão seus portos e tocarão fogo no próprio estaleiro. Os países emergentes com seus velhos portos de lama, pau-a-pique e geradores a gasolina foram os únicos lugares que encontraram para aportar seus transatlânticos de capital. O Brasil pode vir a crescer com esse fato, mas sem uma política pública de incentivo a indústria nacional e um plano de industrialização decente, sempre ficará nesta mesma badalada esperando que o mercado externo olhe para o Brasil e venha correndo dizendo que é um porto seguro. Também sem leis, sem regras e sem comando digno, é mesmo a República das Bananas.

sexta-feira, 27 de novembro de 2009

Dubai, cidade sem limites! Será?

Dubai, uma cidade pertencente aos Emirados Árabes Unidos, com seus dois milhões de habitantes, arquitetura ousada de caráter futurístico, enormes arranha-céus, largas avenidas, local que até 2007 representava 6% de toda a receita dos emirados, a 44ª cidade melhor cidade financeira e 33ª mais rica do mundo (em termos de paridade de poder de compra), entra para a história mais uma vez. Porém, desta vez, os magnatas do petróleo não apresentaram mais uma obra inimaginável, parece que chegaram a seu limite. A palavra moratória apareceu eu seu vocabulário.

Apesar das grandezas - e quando se trata em investimentos de luxo, com certeza podemos falar em grandeza - a empresa estatal Dubai World, que atua no setor imobiliário, portuário e financeiro, decretou moratória de pelo menos seis meses de seus US$ 59 bilhões de passivos. Uma pergunta fica no ar, será que isto poderá causar um efeito dominó aos bancos, principalmente europeus?

Ao que tudo indica, não. Este parece ser um caso isolado e que apesar de estar vinculado a alguns bancos europeus, nada parece ser tão desesperador como a cifra apresentada. De fato, não é algo a se deixar passar, muito menos algo que passe despercebido pelo mundo, mais o fato é que se trata de um ocorrido que pelo que tudo indica está sendo planejado há algum tempo. Tanto que o anúncio desta renegociação de dívida deixou para ser anunciado no fechamento do mercado de ações regionais e antes do feriado de Eid-al-Ad (no qual serão retomadas as atividades normalmente somente dia 6 de dezembro). Além disso, outras instituições financeiras já se pronunciaram informando suas participações em ativos ligados a empresa em questão. Números estes que pelo apontado nada são de se alarmar ou gerar uma corrida desenfreada a liquidez.

Quanto ao efeito dominó que isto poderia causar, qualquer problema financeiro que envolva Abu Dhabi e o Catar devem ter sua devida atenção. Trata-se de regiões no qual os graus de alavancagem são extremamente elevados. Portanto, não falar em efeito de contágio ou apenas omitir tal fato pode ser negligência de seus autores no futuro.

Uma coisa disso tudo é certa. Seus vizinhos árabes (Emirados Árabes Unidos) não levam o nome Unidos em vão em sua discrição, haverá sim ajuda se precisarem e muito provavelmente isso tudo não passará de apenas um agito na poeira que logo irá baixar e as construções faraônicas voltarão a crescer.


Gostou? Que tal valorizar nosso trabalho?

segunda-feira, 23 de novembro de 2009

Ações: Mercado em Expansão


O investimento em ações tem se tornado uma opção cada vez mais rentável no Brasil. Os retornos obtidos superam na maior parte do tempo os de renda fixa. Aproximadamente 40 anos atrás, quando a Bovespa foi fundada, seu índice tinha base de 100 pontos, sendo que hoje ele está próximo dos 67mil. Apesar disso, o investidor comum ainda possui uma participação muito baixa nesse mercado, se comparado aos de países em que a prática é comum há mais tempo. Acredito que isso ocorre por dois motivos: o primeiro é o fato de muitas empresas não possuírem uma política transparente junto ao investidor, no sentido de apresentar regularmente os resultados obtidos, investimentos feitos, compromissos a serem cumpridos; o segundo é a falta de informação sobre o mercado, as formas de se investir, como agir perante as oscilações do mercado.
Atualmente a Bovespa toma algumas medidas para resolver os dois problemas citados acima. Foi criado o Nível 1 e 2 de governança, além do Novo Mercado. O que nada mais é do que a criação de níveis de governança coorporativa, ou seja, quando uma empresa optar por abrir capital em algum deles, estará sujeita a maiores cobranças e obrigações. O Novo Mercado, por exemplo, impõem aos participantes exposições claras e frequentes de seus balanços, além de aumentar a participação dos pequenos acionistas no papel da empresa, com a eliminação das ações preferenciais, entre outras regras encontradas no site da própria Bovespa (http://www.bovespa.com.br/). As grandes empresas que abriram capital recentemente estão aderindo à nova prática, já que ela permite que o pequeno investidor tenha maior confiança nela. Isso porque diminui consideravelmente as possibilidades de fraudes e consequentemente diminui a insegurança na compra do papel.

Porém, o maior obstáculo da Bovespa talvez seja a mudança de hábito do brasileiro quanto ao investimento. No país, não há um hábito das pessoas em poupar, já que existe grande número de impostos a ser pago, além de gastos básicos que muitas vezes não são oferecidos pelo governo, seja em saúde ou educação. O pouco que sobra é gasto em bens supérfluos, como celulares ou cosméticos (mercados em grande expansão). Poucas pessoas escolhem investir parte do salário, e se o fazem, preferem investimentos teoricamente mais seguros, como a poupança. Para mudar essa realidade, a Bovespa criou um programa de visita as escolas e empresas, para mostrar os benefícios do investimento em ações. Outra mudança importante, que só foi possível com o surgimento da internet, foi o Homebroker, que permite o investidor controlar seus investimentos dentro de sua própria casa ou trabalho. Apesar dos novos esforços, o Brasil está muito longe de países como os EUA, onde grande parte das pessoas investe seu dinheiro em renda variável, desde clubes de investimentos até fundos de diversos tipos.

Possivelmente, com o sucesso do Novo Mercado e uma mudança gradual de pensamento, a Bovespa conseguirá se tornar mais forte e consistente. Porém, vale a pena lembrar o pequeno investidor que sempre há um risco nesse tipo de investimento. Para evitar muitos deles é necessário estudar sobre o assunto antes de investir ou, se não tiver tempo, realizá-lo através de alguém capacitado. Na última década surgiram muitas empresas especializadas em cursos de análise técnica e fundamentalista (técnicas mais utilizadas por analistas do ramo) ou até mesmo corretoras que disponibilizam informações sobre essas opções. A própria Bovespa ministra cursos do tipo, com o objetivo de trazer novos interessados para esse tipo de investimento ou mesmo tornar mais gabaritados os já existentes.

segunda-feira, 16 de novembro de 2009

Apagão - Problema Estrutural


Na última terça feira, 10 de novembro, ocorreu um dos maiores apagões da história do país. O Governo Federal afirmou hoje, que um curto circuito na Usina de Itaipu (que pode ter sido causado pelas fortes chuvas, raios e a mudanças climáticas) tenha gerado todo o problema. Fato é que 18 estados brasileiros ficaram sem energia, além de parte do Paraguai, o que acarretou em problemas como: dificuldade no abastecimento de água; falta de sinal de internet e celular; prejuízos no comércio devido a falta de máquinas de cartão de crédito ou até mesmo perda de produtos; queima de aparelhos eletrônicos, entre outros. Possivelmente o problema em Itaipu tenha sido algo isolado, como afirma o Governo, porém, não se pode negar que o Brasil possui completa falta de infra estrutura no que se diz respeito à geração e transmissão de energia elétrica.

Há décadas se discute o rumo que a geração de energia deve tomar, principalmente após o Apagão ocorrido no início do século. Esse, que teve natureza completamente distinta, já que foi gerado pelo baixo nível de água nos reservatórios das usinas hidrelétricas. O fato fez com que houvesse um racionamento no uso da eletricidade, até que os níveis voltassem ao normal. Os dois apagões mostram como o país é dependente da energia hidrelétrica. Teoricamente essa dependência não é ruim, já que o Brasil possui a maior quantidade de recursos hídricos do mundo. O problema está no fato de utilizarmos apenas 25% desse potencial. Por que não se investe mais nisso? Um dos grandes problemas enfrentados pelos projetos atuais, como o do Rio Madeira é a questão ambiental. A construção de usinas hidrelétricas acarreta em alagamentos de grandes áreas que servirão de reservatórios. Isso destrói a fauna e a flora dos locais, além de mudar o fluxo de rios. Para superar esse empecilho, deveria ser feita uma maior aproximação entre governo e ambientalistas, a fim de melhorar os projetos existentes, para que seja possível a construção de novas usinas, mesmo que possuam potencias menores do que os previstos.

Outras alternativas já foram discutidas no debate. O investimento em usinas termoelétricas, nucleares ou até mesmo em energia eólica pode ser uma alternativa para o país. Porém, todas essas esbarram em problemas. As usinas termoelétricas, por exemplo, apesar de possuírem um custo de construção mais baixo que os da hidrelétrica, trazem altos gastos de operação. Outro problema é que esse tipo de usina funciona a partir da queima de combustíveis, principalmente do gás natural. Além de emitir gases poluentes, atualmente há um problema na obtenção do gás. A Bolívia, que era nossa maior fornecedora, nacionalizou as empresas responsáveis por isso e tem restringido a exportação, além de ter aumentado o preço. A Petrobrás não consegue suprir sozinha a demanda, caso haja a ativação das usinas já existentes ou até mesmo a ampliação delas. Somado a isso, o custo para o consumidor desse tipo de energia é muito maior que o anterior.

A energia nuclear é a mais polêmica do debate, já que gera resíduos tóxicos provenientes do urânio (base do funcionamento). No Brasil existem 2 usinas, Angra I e II, além do projeto de construção de Angra III. Na Europa, esse tipo de energia é muito utilizado, devido inclusive à falta do potencial hidráulico, mas no país, Angra II por exemplo, não produz energia suficiente para abastecer nem a cidade do Rio de Janeiro. Existe um alto custo de implementação e geração de energia nuclear, isso encarece o preço passado ao consumidor também. Especialistas apontam o abandono dessa técnica, citando a Europa como exemplo, que só possui um reator em desenvolvimento. Outra alternativa é a energia eólica, que nada mais é que a geração de energia através do movimento de pás pelo vento. O Brasil produz esse material e o exporta inclusive, porém ele é feito para os padrões de ventos do hemisfério norte. Os problemas desse projeto é que ele tem baixa capacidade de geração e o material é de difícil transporte. Porém, já existem projetos mais modernos nesse sentido.

Concluindo, o Brasil precisa investir no aumento da capacidade de geração energética, já que hoje dependemos da quantidade de chuvas para o preenchimento dos reservatórios. Se obtivermos um crescimento econômico somado a falta de chuvas, com certeza haverão outros apagões. Porém, para que isso seja feito são necessários bons projetos, melhor política de relacionamento com ambientalistas e especialistas na área, para que não seja gasto dinheiro desnecessário, como ocorreu na construção de Angra II.

Para saber mais sobre o assunto, leia o artigo de Luiz Pinguelli, no Scielo:

segunda-feira, 9 de novembro de 2009

Recuperação Judicial


Em 2005 foi aprovada a nova Lei de Recuperação de Empresas (Lei n°11.101). Ela foi aprovada com o objetivo de regular os processos de recuperação e falência de pessoas físicas e jurídicas que exerçam atividade econômica regida pelas leis comerciais. A maior mudança em relação ao que havia antes é o fato de existir a possibilidade de uma empresa se recuperar em momentos de crise. Isso porque, quando um credor ativava a justiça para cobrar a dívida de uma empresa, se a mesma não realizasse o pagamento no prazo estipulado, ela entraria num processo de concordata preventiva. A nova lei permite que o devedor participe de um processo de recuperação extrajudicial antes de declarar sua falência, assim, pode renegociar os prazos e valores antes de ser acionado judicialmente. Após essa tentativa, se o problema não for resolvido, a empresa pode apresentar um plano de recuperação judicial (acompanhado pela justiça). Se aprovado pelo credor, as atividades econômicas podem ser mantidas, nas condições propostas. Assim, a falência só será decretada se alguma cláusula não for cumprida ou o próprio devedor achar necessário.

A primeira empresa conhecida que migrou da concordata para a nova lei foi a Eucatex, uma das maiores produtoras de resina, tintas, telhas de aço, chapas de madeira e, que é comandada pela família Maluf desde 1996. Sua concordata foi pedida em 2003 e incluía uma dívida de 485 milhões. Com a aprovação da Lei 11.101 houve a migração. O plano foi aprovado pelos credores em 2007 e hoje, 2 anos após o prazo ter sido estipulado e todos os pontos da recuperação serem cumpridos, a empresa saiu do processo de recuperação judicial. Durante esse período, grande parte da dívida foi paga e a empresa trabalha normalmente. Inclusive, proporcionou a ampliação de uma das principais fábricas, em Salto, este ano. A notícia gerou grande repercussão no mercado financeiro, sendo que as ações da empresa obtiveram valorização de aproximadamente 12%.

Outra grande empresa que passou pelo processo de RJ é a antiga Varig. Em 2005 ela entrou com o pedido, que foi aprovado pelos credores. Após 4 anos, obteve o mesmo benefício da Eucatex. O que ajudou nesse processo foi uma ação da empresa contra a União referente a um ressarcimento que deveria ocorrer devido a um prejuízo gerado pelo congelamento de tarifas entre os anos 80 e 90. Calcula-se entre 3 e 5 bilhões de reais o montante a receber, sendo que a dívida em 2005 era de cerca de 7 bilhões. Além disso, a mudança do controle da Varig, atual Flex, e o bom comportamento junto aos efeitos visíveis da crise financeira que prejudicou muitas empresas no ano passado, foram determinantes para o fim do processo de RJ.

Os benefícios da nova lei são muitos. Mas o principal talvez seja o fato de as empresas manterem suas atividades. Isso possibilita a manutenção do emprego de milhares de pessoas no país. Além disso, no caso de falência de uma empresa do porte da Eucatex ou da Varig pode levar a um impacto em todo o setor. Uma concentração de mercado poderia ser formada, o que geraria aumento de preços. Além disso, existem outras empresas que prestam serviços para elas, que sofreriam grande impacto também. A chance de tornar a empresa saudável economicamente pode, portanto, evitar crises maiores.

sábado, 7 de novembro de 2009

Etanol, o combustível do futuro! Talvez não.


Parece que o Brasil está, mais uma vez, desistindo de seus programas de energia renovável. Em tentativa anterior, com a baixa dos preços do petróleo, o programa idealizado com a nomenclatura de Proálcool foi deixado de lado na década de 80. Apesar de ter existido uma nova propulsão nos últimos anos, a retomada da utilização do álcool hidratado como combustível alternativo a gasolina (fóssil e derivado do petróleo) parece estar sendo deixada mais uma vez de lado direcionando todos os esforços para o pré-sal.

O Brasil se tornou pioneiro na utilização de combustíveis alternativos e em grande escala do mundo. Atualmente a maior parte da frota oferecida de automóveis, por exemplo, são da categoria FLEX (bi-combustíveis), deixando a critério de seus usuários a escolha na hora do abastecimento. Ainda assim, o que se observa nas revendas de combustível é um usuário dividido na escolha. Muitos ainda não deixaram de abastecer seus automóveis com gasolina, o que gera a grande dúvida: será que este realmente seria um substituto perfeito da gasolina?

Recentemente, parei para discutir sobre formas alternativas de energia e foi então que me deparei com um problema antes não me atentado. O crescimento das frotas no mundo. Imaginemos por exemplo a China e seus milhares de carros que entram em circulação anualmente. Serão que teríamos plantações de cana de açúcar, beterraba, milho, suficientes para suprir a demanda destes usuários sedentos para utilizarem seus veículos movidos a etanol?

Claro, seria um equívoco incorrer no mesmo erro que Malthos e acreditar que a população de automóveis cresce em progressão geométrica enquanto a produção agrícola em progressão aritmética. Mais ainda assim, este não me parece uma forma alternativa em longo prazo, mais sim, um complemento a formas alternativas.

No Brasil, outros programas como o biodiesel foram criados. Ainda que, como o ex-presidente Fernando Henrique discursou na "Conferência de São Paulo", "o biodiesel hoje é alguma coisa arqueológica”. Devemos sim retomar este programa, assim como realizar outros. Talvez o enforque não deva ser dado no fim das cadeias, como tradicionalmente, o Brasil, insiste em fazer com vários outros setores, mais sim no inicio.

Por que não investir em projetos que foquem, por exemplo, na construção de motores alternativos ao de combustão. Ainda que pareça uma idéia maluca, seria interessante termos um novo projeto dominante neste setor. Ou ainda, se este for um investimento custoso, por que não vamos atrás da utilização de gastos energéticos dispendiosos. Já pensaram, por exemplo, em estrada ecologicamente correta?

http://www.yankodesign.com/2009/11/04/welcome-blocks-of-power/

Este é apenas um projeto que me mostraram na internet. Assim, como este existem alguns outros que buscam alternativas energéticas no mundo.

Enfim, resumindo o que tento dizer é não podemos ter plena confiança em que o etanol irá resolver os problemas substituindo os combustíveis fósseis do mundo. Além disso, este poderá ser o caminho errado a se seguir. Talvez, com foco em outras tecnologias possamos melhorar os problemas globais. Porém, este pode ser em curto prazo um grande trunfo da humanidade em seu esforço tanto para a natureza como para as economias. Não podemos deixar de lado este programa, ou o do biodiesel, ou qualquer outro que venha a aparecer em decorrência às descobertas do pré-sal. A idéia de novas fontes energéticas devem sempre ser considerada, e aproveitando a pré disposição natural da qual o Brasil, um país em proporções continentais, possui, devemos explorar ao máximo sua utilização de forma racional e inteligente.


Gostou? Que tal valorizar nosso trabalho?

terça-feira, 3 de novembro de 2009

Segurança Pública


Resultado de uma pesquisa divulgada recentemente pelo Programa das Nações Unidas para o Desenvolvimento no Brasil (Pnud), aponta a violência como o segundo maior problema do país, atrás apenas da educação. Os fatos ocorridos no último mês na cidade do Rio de Janeiro ilustram a situação caótica pela qual o país passa. A guerra entre líderes do tráfico e a intervenção forçada da polícia nos morros, já deixou cerca de 40 mortos em poucos dias e mostrou o poder do crime organizado no local. Atualmente, o mercado de drogas brasileiro movimenta uma quantia incalculável de dinheiro, suficiente para financiar a compra pesada de armamentos e a manutenção dessa organização.

O cenário apresentado nos remete a perguntas relevantes como: os gastos públicos realizados atualmente são suficientes para a melhora desta situação? O quão eficaz são as políticas públicas realizadas em segurança? Que pontos poderiam ser melhorados para que houvesse uma mudança significativa?

Dados do Anuário do Fórum Brasileiro de Segurança Pública mostram que os governos federais e estaduais aumentaram em 13,35% os gastos com segurança em 2008, com relação ao ano anterior. Isso representa uma quantia de 39,52 bilhões de reais. Porém, no mesmo relatório é possível observar que muitos estados obtiveram uma redução em seus gastos com segurança, não tiveram seus índices de criminalidade afetados, como o Distrito Federal ou Piauí. Ou até mesmo o contrário, estados com maior quantia de dinheiro público investido obtiveram aumento nos crimes. A conclusão que pode ser tirada desses dados é que existe o dinheiro bem e o mal aplicado. O Brasil deveria focar uma parcela maior desse dinheiro em inteligência, informação e treinamento. Só assim seria possível aumentar índices, como o de apenas 10% dos crimes investigados no Brasil serem resolvidos.
A falta desse "bom gasto" é evidenciado pelas proporções que a iniciativa privada tem ganhado nesse assunto. Os gastos nacionais com informação e inteligência obtiveram um crescimento de 64,06%, porém, se for analisado apenas o investimento público, houve uma redução de 30,4%. É visível a inversão de papéis que tem ocorrido entre setor público e privado nesse ponto, já que existem cada vez mais firmas de segurança privada, que oferecem serviços de escolta, guardas noturnos, materiais de segurança. Porém, não é apenas isso que deve ser melhorado, e sim, todo o sistema prisional, as leis vigentes sobre crimes em geral e punições adequadas. É preciso realizar um debate para se chegar a melhor forma de mudar essas questões.

O sistema penitenciário brasileiro, por exemplo, gasta em torno de 1,5 mil reais por preso mensalmente. Sendo que nas chamadas prisões de segurança máxima, os números chegam a 4,5 mil. Para piorar, qualquer tipo de criminoso é tratado como igual, obrigando pequenos infratores a conviver com pessoas ligadas ao crime organizado. Talvez fosse necessária a discussão da viabilidade (aumento) de penas alternativas, como trabalhos voluntários para casos menos graves ou até mesmo penas capitais para casos extremos. Além disso, deve ser explicitada a gravidade dos atos. Será que um usuário de drogas, por exemplo, deve ser tratado como um traficante? Mas para resolver definitivamente os altos índices de criminalidade do país, os gastos não devem ser focado em armamento para a polícia ou até mesmo em treinamento, e sim, em políticas públicas que melhorem a educação da população, que dêem oportunidades de trabalho, que tirem as crianças das ruas.

sexta-feira, 30 de outubro de 2009

Dia das Bruxas Antecipado no Mercado Financeiro


Com o dia das bruxas se aproximando o que vimos esta semana foi uma verdadeira traquinagem do mercado financeiro. Apesar do cenário internacional estar se apresentando de modo positivo, como no caso do Japão já anunciando o fim das medidas anti-crise, a França divulgando sua expectativa otimista perante sua economia neste terceiro trimestre, a bolsa brasileira não conseguiu manter-se estável durante esta semana.

Com altas de quase 6% e quedas de quase 5%, a Bovespa se mostrou ainda vítima dos especuladores. Estes pareciam não terem recebido seu "doce", pelo contrário, uma parte dele lhes foi tirada com a taxação do IOF - já explicado anteriormente em outros posts. O investidor expeculativo pareceu querer "pregar uma peça", então, no mercado financeiro, como aquela que as crianças fazem no dia das bruxas. E, parece ter dado certo até agora. A medida de taxação do governo pareceu não surtir efeito, mesmo apesar de todo um escândalo gerado sobre o assunto.
Se for feita uma análise mais detalhada, nem poderia. Colocando-se na balança a taxa que se está cobrando com os lucros tidos em renda fixa (titulos do próprio governo) teriamos uma taxa aproximada de ganho de 30% já somada este ano (selic + variação cambial). Ao ponto que se este mesmo capital estivesse atrelado a renda variável (bovespa + variação cambial) este valor ultrapassaria as taxas de 80%. Então, 2% faria alguma diferença para este investidor? Acredito que não.
Isto mostra que o país ainda é muito vulnerável. Qualquer tipo de notícia influência fortemente as bases do mercado e consequentemente da economia. Ainda que, como apresentei, alguns países tenham mostrado resultados positivos, várias empresas (principalmente norte-americanas) não se mostraram favoráveis a ter um bom fim de ano, como no caso da Alcatel-Lucent que acumula 12 prejuízos consecutivos. Mesmo assim, muitas ainda esperam que este fim de ano seja melhor favorável as vendas.
Outras datas comemorativas ainda estão por vir. Nos EUA, por exemplo, o Halloween, é a segunda maior data de consumo do país (perdendo apenas para o natal). Apesar de serem datas das quais o que realmente deveria importar é a história e tradição que com elas trazem, acabaram tratando-se de datas praticamente consumistas nas quais o habito do consumo se tornou tão intrínseco e necessário que passam a ser partes importantes do planejamento de venda das empresas.
Sendo assim, devemos nos utilizar deste ponto fraco dos consumidores para estimular o crescimento do capital produtivo. Fazendo isto, espera-se que sejam criadas "barreiras invisíveis" contra as bruxas do mercado financeiro, que tornam a economia vulnerável as ocilações internacionais. Uma tarefa ainda difícil de ser realizada já que comparado aos outros países do mundo, aqui, ainda, se encontra uma das maiores taxas de juros (hoje 8,75%aa) contra taxas quase zero de países como Japão.

segunda-feira, 26 de outubro de 2009

Concentração no Mercado de Cerveja


O mercado de cerveja mundial está cada vez mais concentrado. Existem poucas empresas que detêm grande parte da produção da bebida. Dentro desse cenário, o Brasil abriga uma das maiores cervejarias do planeta, a AmBev, que junto com a belga Interbrew formam a maior produtora de cerveja do mundo (InBev). Porém, esse posto só foi possível com a recente aquisição (por 52 bilhões de dólares) da americana Anheuser-Busch, produtora da Budweiser. Juntas, elas produzem 25% da cerveja que é consumida mundialmente.


O mercado brasileiro é um grande exemplo do oligopólio que ocorre nesse setor. Dados da Agência Estado, referentes a julho deste ano, mostram como está distribuído o mercado: as marcas de cerveja Ambev (Brahma, Skol e Antártica principalmente) são responsáveis por aproximadamente 69% das vendas no país. Seguidas de longe pela Schincariol (Nova Schin) com 12,5%, pela Petrópolis (Itaipava e Crystal) com 10% e pela Femsa (Kaiser, Sol e Bavária) com aproximadamente 7,5%. Com essa concentração, as empresas familiares ou de menor porte são naturalmente expulsas do mercado. Isso porque não conseguem produzir a custos tão baixos como o das grandes empresas, que realizam economia de escala (grandes produções para reduzir custos). Além disso, são deixados em segundo plano pelos produtores das matérias-prima necessárias, que preferem realizar suas vendas em maior escala para os líderes de mercado. Com isso, as micro empresas não consege competir em preços e são adquiridas pelas maiores ou até são obrigadas a abandonar o mercado.


No início do mês surgiu no mercado a informação de que a Femsa, empresa mexicana responsável pela distribuição dos produtos Coca-Cola, está interessada em vender a divisão de cervejas. Como mostrado no jornal Folha de São Paulo de sexta feira, dia 2 de outubro, a fusão tem valor estimado em 9 bilhões de dólares. O interesse surgiu porque a empresa quer dar prioridade a distribuição de refrigerantes, que é a divisão que mais cresce dentro dela (crescimento de 30,4% perante os 6,7% da cerveja no faturamento do segundo trimestre deste ano). As maiores interessadas na compra são a holandesa Heineken e a inglesa SABMiller, sendo que a última é vista pelos analistas com maior potencial de compra. Isso porque a Heineken ainda possui dívidas da recente aquisição da britânica Scottish & Newcastle.


Se forem concretizadas as negociações, o mercado de cerveja se tornará mais concentrado ainda. A SABMiller, por exemplo, já é a segunda maior produtora mundial de cerveja e pode se tornar ainda maior com a compra da gigante mexicana. No Brasil, pode haver uma pequena mudança de cenário, já que a empresa que comprar a Femsa, pode utilizar a capacidade já instalada no país para aumentar a produção de suas principais cervejas. Assim, haveria uma tentativa de obter uma parcela maior do mercado, sendo possível até desbancar a Schincariol e a Petrópolis como segunda e terceira colocadas respectivamente. No mercado interno, a compra pela Heineken pode ser a que gere maior impacto, já que a empresa possui atualmente uma estratégia mais agressiva de entrada no Brasil (segundo maior consumidor em volume do mundo).

Pequenos atos - Grandes Homens - Juca Kfouri - 2/20

José Carlos Amaral Kfouri, o famoso Juca Kfouri, um dos mais importante jornalista esportico do Brasil. Juca cursou Ciências Sociais na Faculdade de Filosofia, Letras e Ciências Humanas da Universidade de São Paulo. Trabalhos na Editora Abril, chegou em 1974 a ser chefe de departamento. Em 1974, recebeu o convite para ser chefe de reportagem da revista Placar, saiu para trabalhar na extinta TV Tupi. Mas, logo menos a TV Tupi faliu e no dia seguinte, Jairo Regis convidou para ser editor de projetos especiais na Placar, novamente. Passado algum tempo mudou de cargo e chegou a ocupar o cargo de Diretor de redação da revista. Até o dia que saiu da editora, Juca iria apresentar denúncias contra Eduardo José Farah e Ricardo Teixeira,. Mas devido o poder político e de alguns negócios da Editora que precisava de apoio dos dirigentes, se viu em um ambiente desgastado, então deixou a diretoria da redação da revista e a editora.

Juca sempre seguiu seus princípios, um exemplo de homem público. Tomou sempre um posicionamento frente as situações de forma correta e seguindo uma posição sempre justa e correta, faltam homens como Juca kfouri no Brasil. Um homem que transparece as questões como ética, moral e respeito, a imagem de pessoa séria e justo, fez ele receber o apelido de “O paladino da moral”, mas ele não acredita nisso, diz ele que “Que paladino coisa nenhuma! São as pessoas que fazem isso. Você me vê defender posições, meus princípios.” Juca. Poucos homens transparecem tais princípios. Homens assim a tentação nem da as caras, ser firme e feroz como Juca, pode se ganhar muitos inimigos ocultos.

Devemos nos espelhar em homens como o jornalista que luta contra a ignorância, não se curva diante os poderosos, pois sabe que sua consciência não estará tranqüila se estiver fazendo algo de errado. Todos nós erramos, mas, poucos admitem o erro, Juca faz isso e não sofre, pois esta seguindo aquilo que acredita que está correto, poucos seguem estes princípios. Juca é um destes casos que enfrenta sem medo aqueles que ferem os códigos sociais e democráticos. Faz isso simplesmente porque acredita que é seu dever sua obrigação como homem público e jornalista. O Brasil precisa de homens assim na política, nos órgão do governo, e em diversos setores da economia brasileira. Faltam pessoas assim.

sexta-feira, 23 de outubro de 2009

Taxação do Capital Estrangeiro: Medida Certa de Argumentos Errados


Como divulgado pela mídia, nesta terça-feira (20/10) entrou em vigor a medida de taxação do capital estrangeiro nos investimentos de renda fixa e na bolsa de valores. Como outras medidas, esta, não deixou de ser alvo de críticas de especialistas sobre sua eficácia naquilo em que propunha - conter a variação do câmbio.

De acordo com o Ministro da Fazenda, Guido Mantega, o objetivo Imposto sobre Operações Financeiras (IOF) seria reduzir o fluxo de capital estrangeiro especulativo no país com a finalidade de regular as variações do câmbio - este já registra uma variação de valorização de 25% em relação ao dólar. Desta forma, o capital de curto prazo (caracterizado como sendo o especulativo) sofreria a taxação de forma mais punitiva que o de longo prazo, uma vez que, no longo prazo, esta alíquota seria diluída ao passar do tempo.

Porém, analistas de mercado advertem que o IOF não seria eficiente para segurar as oscilações cambiais (baixo valor de taxa) e ainda, caso se mostre eficaz, poderia fazer com que as empresas de capital aberto passassem a apresentar prejuízos devido à fuga de capitais do mercado nacional.

Por outro lado, o jornal britânico Financial Times publicou em sua edição desta quinta-feira que apóia a decisão do governo brasileiro. O jornal afirma que o país está sendo "sábio... antes que seja tarde demais". Fazendo uma análise, os editores da reportagem afirmam que "cada vez mais, o capital que entra no Brasil é por meio de carteiras de investimento em vez de investimento direto externo (IDE)".

Os dados apontam que em Agosto deste ano um valor inferior à metade do valor do ano anterior em capital estrangeiro foi de IDEs enquanto os fluxos de carteiras de investimento mais que duplicaram no mesmo período. Deste modo, como colocado pelo jornal britânico, a medida brasileira de taxação do capital estrangeiro deveria ser argumentada a favor do corte de fluxos especulativos, que significam uma menor propensão à formação de possíveis bolhas especulativas.

Analisando com mais cuidado a medida, vemos que o investidor realmente "prejudicado" é o de investimento especulativo (curto prazo). A taxação não atinge aquele que deseje fazer um investimento direto no país. Além disso, não pode ser tratada como uma taxa "injusta" ou "desleal", como ocorreu no caso da Malásia, pois de modo claro, trata-se de uma taxação no momento em que o capital entra no país e não em sua saída.

Um reflexo da medida pode ser observado ainda esta semana com a queda bruta da Bovespa em mais de 2% após alguns dias de altas seguidas, juntamente com uma leve alta do dólar. Porém, seqüencialmente, a bolsa voltou a subir e se estabilizar, assim como o dólar.

Deste modo, vemos que a medida de taxação em 2% do capital rentista fixo e em carteiras de investimento aparece de modo inteligente, porém com justificativas erradas. Certamente, a vulnerabilidade de países emergentes, como o Brasil, é muito maior e mais propícia a bolhas especulativas. Nesse sentido, medidas sutis de caráter regulatório do capital estrangeiro devem ou podem ser realizadas visando evitar problemas especulativos. Acreditar que com isso se conseguirá realizar um controle cambial seria falho. A algum tempo, o país vem se mostrando concreto suficiente para despertar interesses internacionais de investimento, e este processo que tem proporcionado o fortalecimento do real perante ao dólar.

O que resta ao país agora, como colocado pelo Financial Times, é aprender a "viver com um real mais forte" e que tal medida "não altera este fato mais ajuda a mantê-lo sob controle".

quinta-feira, 22 de outubro de 2009

Pequenos Atos - Grandes Homens - William Bonner - 1/20



Willian Bonner desde 1999 anos a frente ao Jornal Nacional, como Editor Chefe. Traz todos os dias as notícias que são destaque no Brasil e no Mundo. Um homem digno do cargo de editor chefe. Após sua entrevista com Marília Gabriela fica mais fácil tornar-se um admirador de um homem sensato, digno e fiel aos seus pensamentos sociais e políticos. O trabalho é diário e incessante frente ao jornal de maior repercussão do país. Bonner lançou este ano o seu livro, “Jornal Nacional – Modo de Fazer”, que retrata o dia a dia das edições, detalhando os critérios e como funciona o trabalho incessante dos jornalistas e da equipe por trás das câmeras.

“ O livro mostra como o Jornal Nacional é feito no dia-a-dia, suas edições típicas e as atípicas, os critérios que usamos e como funciona. Para quem é estudante de jornalismo é muito interessante, e para quem é leigo tem um certo didatismo que poderá ser útil” explica Bonner.

Mas, o ato que devemos lembrar deste jornalista, que entra na nossa casa de segunda a sábado, é algo que destaca o exemplo de lealdade e nobreza. Algo que vemos pouco num país tão maltratado pelos seus políticos e capitalistas poderosos, que pensam somente em roubar e ganhar cada vez mais. Willian Bonner doou todos os direitos autorais para a Universidade de São Paulo, a famosa USP. Bonner que se formou em Jornalismo no início da década de 80. Fez este ato, pois sabe da importância que a faculdade e seus mestres tiveram na sua construção como profissional. Bonner não pagou para fazer USP, mas se sentia em dívida com a faculdade que o projetou como jornalista.

Espero que muitos comecem a pensar parecido, e façam o mesmo. Fomentar e ajudar o crescimento do país pode ser feito com pequenos atos. Ajudando a sociedade a caminhar para tempos mais dignos e mais iguais. Bonner fez um ato de pura nobreza. Alguns podem dizer que foi apenas marketing pessoal, ou coisa parecida, pode ser, mas converse ou escute 10 minutos de uma entrevista deste ícone da televisão nacional, que notamos que há essência e a veracidade nas suas palavras, enobrecendo ainda mais este cidadão, que devemos levar como exemplo assim como muitos outros, que no caso do Brasil estão em extinção.

Esta é uma serie de 20 reportagens que selecionaremos grandes homens da nossa sociedade atual e seus atos que mudaram ou introduziram temas e discussões.

segunda-feira, 19 de outubro de 2009

Taxação do Capital Estrangeiro


Um assunto discutido por todos os economistas nos últimos anos é o grande volume de capital estrangeiro que entra no Brasil desde a abertura comercial do início da década de 90. Sabemos que grande parte desse investimento entra no país atraído pelos altos juros que exercemos. Isso faz com que o interesse produtivo seja cada vez menor e a especulação se torne cada vez mais atrativa. Dados apresentados pelo jornal folha de São Paulo, em reportagem do dia 17/10, mostram que o montante de capital estrangeiro atraído pela especulação soma pouco mais de meio bilhão de reais entre março e agosto deste ano.


O ministro da Fazenda, Guido Mantega, anunciou hoje uma medida que tem por objetivo diminuir o atrativo desse tipo de capital. O Governo fará a taxação de qualquer operação de crédito, seguro, câmbio ou até mesmo em títulos de valores mobiliários no momento de sua entrada em 2%, através do Imposto sobre Movimentações Financeiras (IOF). Não haverá cobrança do imposto na saída e não ocorrerá o mesmo caso a entrada de capital seja para investimento produtivo. A medida provisória entrará em vigor amanhã, com o registro no Diário Oficial da União.


Mantega afirmou que o objetivo da medida é evitar o excesso de liquidez e especulações exageradas. Além disso, existe também a intenção de frear a valorização do Real perante o Dólar, que foi acentuada com a entrada de cerca de 20 bolhões de reais na bolsa de valores desde o início do ano. Apesar das intenções, dificilmente haverá sucesso a médio/longo prazo. Isso porque, não é apenas a simples entrada de capital especulativo que está gerando essa valorização. E sim, o cenário macroeconômico mundial, como afirma o economista-chefe do WestLB, Roberto Padovani: "Os fundamentos econômicos sugerem apreciação do real, com as commodities subindo e o dólar globalmente se enfraquecendo". O economista faz a crítica por já estar provado que, historicamente, medidas administrativas não influenciam o câmbio. Isso ocorre apenas no curto prazo, pelo fato dos investidores estarem inseguros sobre o rumo que as regras de investimento no país tomarão.


Concordo com Roberto e vou um pouco mais longe. Se as políticas cambiais, fiscais e monetárias adotadas pelo país nos últimos anos não sofrerem mudanças, a tendência é de que o capital especulativo continue entrando livremente. Há anos o Brasil se preocupa apenas com pagamentos de juros da dívida e com a manutenção das metas de inflação estabelecidas. Para isso, mantém a taxa básica de juros alta, procura sempre gerar superávit, além de manter o câmbio flutuante. O investimento só se tornará produtivo se incentivos forem dados aos investidores, como já comentado em textos anteriores. Primeiramente, os juros devem ser mais baixos, para não serem tão atrativos a especulação. Além disso, o investimento do governo em setores de base e estratégicos da economia deve ser realizados, para dar confiança ao empresário e suporte para potenciais investidores, mesmo nacionais. Uma economia mais consistente seria competitiva no mercado externo, o que proporcionaria o aumento das exportações. Nesse cenário, o câmbio se desvalorizaria naturalmente.

sexta-feira, 16 de outubro de 2009

Economia ou Meio Ambiente? Qual caminho devemos seguir?



Um tema que tem repercutido constantemente é o meio ambiente. Obviamente a discussão sobre o tema deve existir. O modo como o capitalismo se desenvolveu e ainda se desenvolve, desperta o lado egoísta dos agentes econômicos: o de sempre buscar mais. Isso torna o modelo de consumo vigente destrutivo e desenfreado. Desde os primeiros pensadores econômicos – ortodoxos – existe a idéia de que sempre se é preferível obter uma cesta com a maior quantidade de bens de consumo (princípio da não saciedade).

Tomemos como exemplo deste consumo desenfreado um gigante acordado nesses últimos anos: a China. No último dia 13, Marcílio Souza nos trouxa dados assustadores sobre o mercado automobilístico chinês. Pasmem, a venda de carros para passeio - e aqui reafirmo a palavra passeio! - cresceu cerca de 83% no mês de setembro deste ano se comparado ao mesmo mês do ano anterior, que significa um aumento por volta de 1 milhão de automóveis em circulação (quase 3/4 da totalidade da população de Estônia, com 1.3 milhões de habitantes*. Isto é o exemplo de sustentabilidade que devemos seguir? Sem dúvidas, a resposta é não.


Porém, uma grande questão se coloca: como limitar a destruição dos recursos naturais sem interferir no crescimento das economias? Em resposta a isto podemos encaixar o estudo e análise sobre governança econômica, ganhador do prêmio Nobel de Economia - por Elinor Ostrom e Oliver Williamson. Este mostrou que decisões tomadas pelos indivíduos, em paralelo aos grandes acordos internacionais, já são de grande ajuda para evitar os problemas aparentes de hoje, como o aquecimento global. Como a própria ganhadora do prêmio defende, "os usuários do recurso (naturais) freqüentemente desenvolvem mecanismos sofisticados para tomadas de decisões e cumprimento das regras para lidar com conflitos de interesse" quando colocadas imposições aos mesmos.


Por este motivo, ações não somente globais devem ser geradas. Uma necessidade maior (em todos os países do mundo) de ações regulatórias deve ser levada em consideração. Como colocado pelo Nobel, o consciente coletivo somente será alcançado após a conscientização individual. Partir de um pensamento egoísta de que "não posso mudar o mundo sozinho" está somente retardando um processo que será necessário de modo brusco no futuro, caso nada seja feito deste já. Um bom começo é repensar o que consumimos individualmente, como colocado por Gustavo Ferrara em seu texto
Consumo sustentável.


Acredito que não devemos parar a evolução do ser humano. Seria um equívoco, afinal somos o topo da cadeia evolutiva, porém devemos pensar em como evoluir de modo a não destruir tudo e todos a nossa volta. A evolução deve ser parte do processo de vida dos homens, ainda assim, deve ser feito de modo menos agressivo a todos, não somente a natureza que sofre e vemos seus reflexo dos mais diversos modos (principalmente por mudanças climáticas), como também o próprio homem sente esses resultados (por meio de problemas de saúde, por exemplo).


Em suma, o tema meio ambiente x desenvolvimento econômico sempre deve estar em pauta. Claramente não quero me posicionar como ambientalista a fim de promover o radicalismo de deixarmos de lado nossos interesses para salvar o planeta. Seria uma hipocrisia de minha parte se estivesse aqui fazendo isto, como acredito que muitos grupos radicais o fazem. Vivo e sou fruto de uma economia capitalista, porém acredito que com a ajuda de todos, o coletivo pode ser melhorado. Não precisamos parar a evolução para salvar o meio ambiente, precisamos sim é encontrar outras maneiras de continuar nosso processo sem nos autodestruirmos. Para isso, contamos com a maior capacidade do ser humano: o raciocínio. Este, se utilizado de forma sábia e concisa, pode acarretar em resultados bem sucedidos para todos, como defende a ganhadora do Nobel citado acima.



*dados do censo de 2000.